terça-feira, 5 de janeiro de 2016

1ª Parte do Grande Expediente 30/04/2015 Discurso 28ª Sessão

1ª Parte do Grande Expediente
30/04/2015

Discurso

28ª Sessão

     


Senhor Presidente, Senhores Vereadores, Senhoras e Senhores, vou tratar de um tema que é mais um dos problemas da cidade do Rio de Janeiro, um problema seriíssimo. A gente que anda nas ruas tem recebido muitas reclamações, especialmente dos motoristas de automóveis. E recebi uma carta que eu gostaria de ler para depois tecer meus comentários, se bem que ela fala por si mesma.
A pessoa que mandou a carta diz assim:
“Multas e reboques indiscriminados infernizam a vida dos motoristas da cidade do Rio de Janeiro. É verdade que alguns motoristas não se comportam adequadamente, e abusam estacionando veículos em lugares proibidos, em pontos que dificultam ou impedem o deslocamento e a passagem das pessoas nas calçadas, de forma especial os cadeirantes, os idosos, carros de bebê e geram com isso desordem urbana. Também é verdade que alguns indisciplinados motoristas abusam da dose na velocidade com que conduzem seus automóveis, pondo em risco a própria vida e a vida dos outros. Em certos casos, avançam semáforos, invadem acostamentos e calçadas e atropelam e matam pessoas, transformando os carros emarmas contra a sociedade.
Não há, pois, uma cultura do bem ao volante para esses que usam carros, ônibus e caminhões sem o devido preparo e o respeito aos limites impostos pelo bom senso e pela legislação. Para nosso alento, esse contingente de irresponsáveis não é a maioria; constitui uma parcela minoritária que, entretanto, causa danos de grande repercussão e suas formas de agir devem ser contidas severamente. Para isso, as sanções são válidas.”
E continua. E é aí que nossa atenção se torna mais importante:
“O que se tem constatado é que, em vias estritamente residenciais e com baixo movimento de carros, não se pode estacionar em lugar algum, já que, mesmo onde não há indicação de proibição, as operações de reboques de carros e de multas aplicadas surgem de repente e, com a mesma pressa que aparecem, capturam veículos ou colam no vidro do carro um papel indicativo de multa e desaparecem. Tal atitude se assemelha a uma ação de delinquente que, com medo da autoridade policial e do flagrante, furta e corre para não ser pilhado”.
E por que ele diz isso nesse trecho? Por que ele diz assim, contrariamente ao que foi dito acima:
“Esse quadro” – quer dizer, o quadro dos maus motoristas – “não deve servir de justificativa para uma forma abusiva com que o poder público vem utilizando-se de reboques de carros e de multas aplicadas de forma selvagem, como vem ocorrendo. A voracidade das empresas que, por concessão, praticam é mais agressiva do que a própria agressividade dos maus motoristas.”
E continua:
“Os motoristas, na cidade do Rio de Janeiro, comportados ou não, andam apreensivos e inseguros com as práticas indiscriminadas e, por vezes, irracionais, dos reboques e das multas. As ‘caças’ aos carros estacionados não têm hora nem dia. Até pela madrugada, os temidos e odiosos reboques andam a espreita, como vampiros à busca da próxima vítima, pelas ruas escuras. Perambulam à espera de um carro parado para que possam saciar sua sede.”
E que sede é essa?
“A apreender e levar um carro para os pátios das empresas, onde a saga do motorista vai começar assim que ele tomar ciência da fúnebre notícia de que seu carro está em um depósito”.
E continua:
“As empresas de reboques não param aos sábados, domingos ou feriados. Nós, os proprietários de carro e motoristas nos sentimos como ´marginais´, imaginando que seremos os próximos a serem punidos, mesmo que não saibamos a razão, porque não há definição lógica de onde se pode parar com nosso veículo. Parece de propósito, pois a desinformação facilita e justifica a operação absurda e cruel. Essas práticas deveriam ser exceções, mas são regras; primeiro, pune, depois orienta.”
(INTERROMPENDO A LEITURA)
E continua o eleitor e escritor:
(LENDO)
“Há rumores de que existem interesses escusos de políticos e empresários donos de empresas de reboque. Corre à boca pequena que há voracidade na arrecadação de valores para fazer caixa. Tudo isso são rumores, mas onde há fumaça há fogo, diz o ditado popular.
Não se pode negar que o inferno está no Rio de Janeiro para os motoristas. O desespero é total. A desinformação é plena. Não há estacionamentos suficientes, pois, em muitos bairros e no Centro da Cidade, esses espaços públicos foram reduzidos ao mínimo ou desapareceram. Com isso, surgiram os estacionamentos particulares, mas eles são muito caros e insuficientes.
Uma outra questão relevante é o prejuízo que os comerciantes estão sofrendo por conta da carência de estacionamento e da desenfreada aplicação de multas e reboques. Muitas lojas comerciais não suportam e estão fechando as portas, gerando desemprego e transtornos.
Essa questão tem que ser repensada pelos administradores públicos que comandam o setor de trânsito e dessas operações punitivas no Rio de Janeiro.”
Senhor Presidente, diante dessa carta, eu fui ter um encontro com o Secretário de Ordem Pública, Leandro Matieli Gonçalves, e com o Inspetor-Geral da Guarda Municipal, Rodrigo Fernandes Queiroz, que me receberam maravilhosamente ontem. Deram explicações muito boas. Eu saí até convencido, e com a certeza, de que eles fazem um bom trabalho, não há dúvida nenhuma. Mas eu questionei esse problema que me chegou ao conhecimento de uma suposta quadrilha, uma fraude nessas operações. Ele me asseverou que não. Eu saí mais ou menos tranquilo e pronto para falar com aqueles que me procuram, que me encontram pelas ruas e que nós precisávamos de mais detalhes para prosseguir. Mas ontem, dia 29 de abril de 2015, o jornal O Dia publica – eu não ia fazer esse pronunciamento depois das explicações dessas duas autoridades, mas hoje recebi o jornal O Dia de ontem: “Reboquistas são presos por cobrarem dinheiro para liberar motos apreendidas. Dupla cobrava R$ 600,00 para devolver motocicleta ao proprietário apreendida em ação da PM sem dar entrada no depósito”. Exatamente o que me chegou ao conhecimento e que procurei saber. E realmente achei que é do desconhecimento das autoridades citadas por mim. Continua: “Policiais da 36ª DP, Santa Cruz, prenderam em flagrante, nesta terça-feira” – portanto, anteontem – “os operadores de reboque” – e cita os nomes – “A dupla era responsável pelo reboque de motocicletas apreendidas durante operação da Polícia Militar em Santa Cruz, na Zona Oeste”. E o texto vai por aí afora, está aqui para mostrar aos senhores. É texto do jornal O Dia de ontem. E eu recebi horas depois de ter me encontrado com o Secretário. Recebi também, em relação a esse comentário que rodou na internet, que li na íntegra para os senhores, o comentário de alguém que comenta assim: “Perfeita abordagem. Eu mesma já fui vítima da situação. Ao ir ao médico na Barra da Tijuca, local sem áreas específicas para estacionamento, parei meu carro na larga calçada do prédio onde o médico tem seu consultório, de tal forma a não obstruir a passagem de pedestres. Após uma hora, ao retornar, fui notificada pelo porteiro de que meu carro havia sido rebocado. Para onde? O que fazer? Uma situação horrorosa. Parei uns 10 minutos para organizar a mente. Meu carro e o de muitas outras pessoas foram rebocados para uma área do Recreio dos Bandeirantes. Nível de informação: zero. Depois de duas horas, com atendentes lacônicas, recebi uma papelada para ler e pagar as taxas ali explicitadas. Só consegui retirar meu veículo no dia seguinte. Um filme de terror” - diz a internauta.
Então, senhores, apesar de ficar muito grato com as explicações das autoridades, as quais respeito, e que admirei muito ontem – conheci as duas ontem, repetindo, o Senhor Leandro Matieli, muito cortês, muito competente, pelo que me mostrou; também o Senhor Rodrigo Fernandes Queiroz – eu quero dizer aos senhores que é preciso uma atenção maior para essa questão, porque, realmente, onde há fumaça há fogo. O que está acontecendo, principalmente com relação a reboques, nas áreas em que não há necessidade, porque são áreas residenciais? É fato também que as autoridades dizem que são moradores vizinhos que denunciam, mas ainda assim tem que ter um pouquinho de cuidado porque não é fácil para o morador, para o motorista. Não é fácil transitar e parar nesta Cidade do Rio de Janeiro.

Muito obrigado, Senhor Presidente.