1ª Parte do Grande Expediente
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24/03/2015
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14ª Sessão
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Senhor Presidente,
caros vereadores, senhoras e senhores, nesses últimos dias, temos nos deparado com
alguns debates em relação à indicação legislativa que produzimos, referente à
criação da Secretaria da Criança e do Adolescente. E esse debate ganhou os
jornais e as emissoras de rádio. Por essa razão, resolvi usar da palavra para
tecer algumas considerações.
Por que defendo a criação da Secretaria da Criança
e do Adolescente pela Prefeitura do Rio de Janeiro?
Com a experiência adquirida nos 44 anos em que fui
professor regente de turma e, tendo, durante 28 anos do total acima citado,
dirigido escola pública municipal, pude observar de perto a evolução da
sociedade nesses últimos anos e tive contato com grande parte dos problemas que
afetam as crianças e os adolescentes, tais como maus tratos, pedofilia,
discriminação, abuso sexual, prostituição infantil, violência doméstica,
tratamento desumano, crianças desaparecidas, crueldade física e psicológica,
exploração de mão de obra infantil, “bullying”, para elencar alguns.
Quando cheguei a esta Casa de Leis, em 2 de
fevereiro deste ano, esperava estar na Comissão de Educação e Cultura, por
coerência e pela minha história de vida profissional. Mas, pelas mãos de Deus,
fui levado à Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente. Passei, a
partir daí, a ver os problemas de nossos menores com maior cuidado. Aprofundei-me
nos estudos e me convenci de que há muito que se fazer pelos menores com
medidas simples e sinérgicas.
Chegamos à conclusão, eu e minha equipe de
trabalho, que o Poder Público tem ações diversas que procuram atender ao que
determinam a Constituição Brasileira e os tratados e convenções
internacionais sobre a criança e o adolescente. Porém, essas ações se perdem
porque não há uma convergência nessas políticas públicas. Muito se faz, mas de
forma descoordenada e sem eficácia. Há que se ter um órgão a nível municipal
para tratar desse tema, que é prioridade nº 1. Em pesquisas, nos deparamos com
cidades e países que desenvolvem esse tema com a atenção merecida, tanto que,
neles, há Secretaria própria para cuidar da infância. Com base nesses estudos,
e por acreditar que esse é o caminho, propusemos, através do Ofício
no 126/2015, de 13 de março de 2015, ao Excelentíssimo Senhor Prefeito
Eduardo Paes, a criação da Secretaria para Assuntos Concernentes à Infância e
Adolescência, para centralizar nosso olhar sobre esse tema, a fim de evitar o
aumento preocupante no número de casos de menores infratores, as ocorrências de
casos de subnutrição, a evasão escolar, o abuso e a exploração sexual
infanto-juvenil, e os aliciamentos de todos os tipos.
Não apresentamos projeto de lei porque haveria
vício de iniciativa, já que essa é uma atribuição do Poder Executivo. Essa
Secretaria ficaria, portanto, responsável por coordenar e raciocinar, junto com
as demais pastas, as políticas voltadas para a infância e a adolescência, nas
diversas áreas: saúde, educação, esporte, lazer, proteção social, cultura, além
de fiscalizar e sugerir possíveis alterações ou aprimoramentos. Ela deve ser
dirigida por elemento técnico e composta por grupo multifuncional. Em nossa
proposta, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o
Fundo Municipal para os Direitos da Criança e do Adolescente, além dos
conselhos tutelares, poderiam ser vinculados à nova pasta, ganhando mais força
e maior destaque.
Para reforçar nosso pleito, foi publicada no Diário
Oficial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de março de 2015, nossa
Indicação Legislativa no 4.822, com o mesmo objetivo, qual seja, o da
criação da Secretaria Específica dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Argumentando, lembramos que a criação dessa pasta
não significará a perda de recursos públicos, porque é do saber de todos que
aplicar dinheiro na formação integral das crianças, antes de ser gasto, é
investimento. É tão justo quanto, de forma inteligente, termos as Secretarias
do Idoso, dos Portadores de Deficiência e de Proteção aos Animais. As nossas
crianças precisam de que o Prefeito da Cidade se sensibilize com uma causa das
mais nobres como esta, e marque sua passagem pelo comando da Cidade como sendo
o criador de um dos maiores feitos desta Cidade Maravilhosa. Ele estará
plantando o futuro de nossa cidade e será um paradigma para que outros
prefeitos, governadores e até o governo federal sigam seu exemplo.
Ontem, dia 23 de março, no programa do Haroldo de
Andrade, foi feita uma pesquisa para se verificar se os ouvintes do programa,
de grande audiência na rádio Tupi, eram favoráveis à criação de uma Secretaria
da Criança. O resultado deu favorável à criação da Secretaria, com 88% dos
votos.
Não se trata, pois, de mais uma Secretaria, de mais
um “cabide de emprego”, de mais desperdício do dinheiro público, mas, sim, de
inovação, de se plantar para colher uma nova geração feita de cidadãos
integrados à sociedade e mais conscientes, de se procurar uma saída para as
injustiças cometidas contra as crianças e os adolescentes pela família, pela
sociedade e pelo Estado. É tempo de se recuperar o que já perdemos.