terça-feira, 26 de janeiro de 2016

1ª Parte do Grande Expediente 29/10/2015 Discurso 91ª Sessão

1ª Parte do Grande Expediente
29/10/2015

Discurso
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91ª Sessão

Senhor Presidente, Professor Rogério Rocal, senhores vereadores, senhoras e senhores, eu gostaria de iniciar minha fala fazendo uma saudação ao Dia do Cerimonialista. Temos aqui na Casa, especialmente, um grupo do Cerimonial que nos atende com muita presteza, com muita competência, com muito carinho. Homenageando esse grupo aqui da Casa, homenageio a todos que trabalham nessa atividade.
Mostrando esse lado bom da coisa, da atividade que hoje homenageamos, por outro lado, temos que falar de uma coisa muito desagradável, que é sobre uma reportagem que vimos no jornal O Dia online, intitulada “Aluno é filmado quebrando escola; postura de educadores é criticada”. Veja o senhor, Presidente, educador como eu, o que a reportagem fala:
“Vídeo foi visto mais de sete milhões de vezes na web em 24 horas, e divide opiniões.
O vídeo de um aluno quebrando uma sala em uma escola foi visto mais de sete milhões de vezes nas redes sociais nas últimas 24 horas. A polêmica não ocorre apenas pela reação desenfreada da criança, mas também pela atitude dos educadores de filmar o menino que aparenta ter apenas oito anos. Nas imagens, o garoto joga objetos e lança livros nos professores. A gravação, não se sabe se intencionalmente ou não, foi parar na web e provocou comoção nacional. Uma das vozes dos profissionais da instituição de ensino grita ao fundo: “Quero saber com a assistência social, com a polícia, com os bombeiros: o que a gente faz com uma criança dessa”. Uma outra profissional tenta se aproximar, segurando o braço do menino, que continua jogando objetos. Ela, então, fala em direção a ele: “Não mete a mão em mim, tô te avisando!”
Nas últimas imagens do vídeo, uma profissional — que deu ordem aos colegas para deixar o menino continuar com a brincadeira — alerta que vai acionar as forças de Segurança Pública. Diz ela: ‘Deixa, deixa! Chama os bombeiros! Chama a polícia!’, ela ordena.”
(INTERROMPENDO A LEITURA)
Por favor, o vídeo, para ilustrar! Vejam o absurdo!
(EXIBIÇÃO DE VÍDEO)
O SR. PROF. CÉLIO LUPPARELLI — Pois bem, Senhor Presidente: qual teria sido a intenção de um corpo de uma escola filmar isso e colocar na web? Esse fato merece uma análise séria e profunda, pois apresenta graves problemas.
Primeiro: como esse vídeo foi montado e colocado na web? Como o Ministério Público vai atuar nesse caso, já que tem como atribuição proteger os vulneráveis?
Segundo: A reação dos educadores, sugerindo chamar a polícia, ou recorrer aos bombeiros, significa que desprezam, ou não acreditam na família, no Conselho Tutelar, ou na sua própria atribuição. É um exemplo deplorável de despreparo para lidar com conflitos nas escolas.
Tenho 44 anos de experiência como professor regente de turma, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, além de mais de 20 anos em direção de escola municipal, e não posso admitir essa situação como normal.
Terceiro: as crianças e os adolescentes são vítimas da desintegração da família, da falta de apoio do Estado e da sociedade, que se omitem em relação às políticas públicas para garantir os direitos dessas pessoas.
A grande imprensa não tem colaborado para provocar os governantes, no sentido de que os mesmos cumpram seu papel constitucional de proteger as crianças.
A internet tem servido, lamentavelmente, para fomentar procedimentos negativos nas crianças e nos adolescentes.
As igrejas, salvo raras exceções, têm poucos atrativos para estimular as crianças e os adolescentes a trilharem o caminho do bem, para que exercitem a fraternidade e tenham bons valores éticos e morais.
Essa criança de apenas oito anos de idade se mostrou revoltada. Ninguém quer dedicar um tempo sequer para responder à pergunta que cabe: por que essa revolta? É mais fácil chamar a polícia e o bombeiro? Foi mais fácil estimular o menino a continuar com sua fúria, ou a aumentá-la, que procurar alternativas inibidoras de cunho pedagógico?
Deixo, mais uma vez, aqui, o meu alerta: temos que tratar das nossas crianças e dos nossos adolescentes, para reduzir as tensões e criarmos uma geração produtiva e respeitosa. Para tanto, as ações pontuais, descoordenadas e com pessoal despreparado não resolverão o problema.
Há necessidade de que seja criado o Ministério da Criança e do Adolescente; que sejam criadas 27 secretarias estaduais e secretarias municipais pelo Brasil afora, para que as políticas voltadas para as crianças e para os adolescentes sejam suprapartidárias, técnicas, eficientes e eficazes.
Um dia, isso acontecerá. Por enquanto, vamos continuar vendo crianças abandonadas, ainda que dentro da família; vamos continuar tendo crianças abandonadas, ainda que dentro da escola, como acabamos de ver; e vamos ter crianças abandonadas, ainda que dentro da igreja. E mais: veremos as crianças e os adolescentes nas ruas e outras cooptadas pelo tráfico. Irresponsabilidade nossa!
Muito obrigado, Senhor Presidente!
O SR. PRESIDENTE (PROFESSOR ROGÉRIO ROCAL) — A Presidência, antes de passar a palavra para o próximo orador, parabeniza o Cerimonial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo excelente trabalho prestado a esta Casa. Parabéns!
O SR. PROF. CÉLIO LUPPARELLI — E eu queria dizer que abri minha fala prestando essa homenagem mais do que justa. Muito obrigado a vocês!