1ª Parte do Grande Expediente
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29/10/2015
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Discurso
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91ª Sessão
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Senhor Presidente, Professor Rogério Rocal, senhores vereadores,
senhoras e senhores, eu gostaria de iniciar minha fala fazendo uma saudação ao
Dia do Cerimonialista. Temos aqui na Casa, especialmente, um grupo do
Cerimonial que nos atende com muita presteza, com muita competência, com muito
carinho. Homenageando esse grupo aqui da Casa, homenageio a todos que trabalham
nessa atividade.
Mostrando esse lado bom da coisa, da
atividade que hoje homenageamos, por outro lado, temos que falar de uma coisa
muito desagradável, que é sobre uma reportagem que vimos no jornal O Dia
online, intitulada “Aluno é filmado quebrando escola; postura de educadores é
criticada”. Veja o senhor, Presidente, educador como eu, o que a reportagem
fala:
“Vídeo foi visto mais de sete milhões
de vezes na web em 24 horas, e divide opiniões.
O vídeo de um aluno quebrando uma sala
em uma escola foi visto mais de sete milhões de vezes nas redes sociais nas
últimas 24 horas. A polêmica não ocorre apenas pela reação desenfreada da
criança, mas também pela atitude dos educadores de filmar o menino que aparenta
ter apenas oito anos. Nas imagens, o garoto joga objetos e lança livros nos
professores. A gravação, não se sabe se intencionalmente ou não, foi parar na
web e provocou comoção nacional. Uma das vozes dos profissionais da instituição
de ensino grita ao fundo: “Quero saber com a assistência social, com a polícia,
com os bombeiros: o que a gente faz com uma criança dessa”. Uma outra
profissional tenta se aproximar, segurando o braço do menino, que continua
jogando objetos. Ela, então, fala em direção a ele: “Não mete a mão em mim, tô
te avisando!”
Nas últimas imagens do vídeo, uma
profissional — que deu ordem aos colegas para deixar o menino continuar com a
brincadeira — alerta que vai acionar as forças de Segurança Pública. Diz ela:
‘Deixa, deixa! Chama os bombeiros! Chama a polícia!’, ela ordena.”
(INTERROMPENDO A LEITURA)
Por favor, o vídeo, para ilustrar!
Vejam o absurdo!
(EXIBIÇÃO DE VÍDEO)
O SR. PROF. CÉLIO LUPPARELLI — Pois
bem, Senhor Presidente: qual teria sido a intenção de um corpo de uma escola
filmar isso e colocar na web? Esse fato merece uma análise séria e profunda,
pois apresenta graves problemas.
Primeiro: como esse vídeo foi montado e
colocado na web? Como o Ministério Público vai atuar nesse caso, já que tem
como atribuição proteger os vulneráveis?
Segundo: A reação dos educadores,
sugerindo chamar a polícia, ou recorrer aos bombeiros, significa que desprezam,
ou não acreditam na família, no Conselho Tutelar, ou na sua própria atribuição.
É um exemplo deplorável de despreparo para lidar com conflitos nas escolas.
Tenho 44 anos de experiência como
professor regente de turma, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, além de
mais de 20 anos em direção de escola municipal, e não posso admitir essa
situação como normal.
Terceiro: as crianças e os adolescentes
são vítimas da desintegração da família, da falta de apoio do Estado e da
sociedade, que se omitem em relação às políticas públicas para garantir os
direitos dessas pessoas.
A grande imprensa não tem colaborado
para provocar os governantes, no sentido de que os mesmos cumpram seu papel
constitucional de proteger as crianças.
A internet tem servido,
lamentavelmente, para fomentar procedimentos negativos nas crianças e nos
adolescentes.
As igrejas, salvo raras exceções, têm
poucos atrativos para estimular as crianças e os adolescentes a trilharem o
caminho do bem, para que exercitem a fraternidade e tenham bons valores éticos
e morais.
Essa criança de apenas oito anos de
idade se mostrou revoltada. Ninguém quer dedicar um tempo sequer para responder
à pergunta que cabe: por que essa revolta? É mais fácil chamar a polícia e o
bombeiro? Foi mais fácil estimular o menino a continuar com sua fúria, ou a
aumentá-la, que procurar alternativas inibidoras de cunho pedagógico?
Deixo, mais uma vez, aqui, o meu
alerta: temos que tratar das nossas crianças e dos nossos adolescentes, para
reduzir as tensões e criarmos uma geração produtiva e respeitosa. Para tanto,
as ações pontuais, descoordenadas e com pessoal despreparado não resolverão o
problema.
Há necessidade de que seja criado o
Ministério da Criança e do Adolescente; que sejam criadas 27 secretarias
estaduais e secretarias municipais pelo Brasil afora, para que as políticas
voltadas para as crianças e para os adolescentes sejam suprapartidárias,
técnicas, eficientes e eficazes.
Um dia, isso acontecerá. Por enquanto,
vamos continuar vendo crianças abandonadas, ainda que dentro da família; vamos
continuar tendo crianças abandonadas, ainda que dentro da escola, como acabamos
de ver; e vamos ter crianças abandonadas, ainda que dentro da igreja. E mais:
veremos as crianças e os adolescentes nas ruas e outras cooptadas pelo tráfico.
Irresponsabilidade nossa!
Muito obrigado, Senhor Presidente!
O SR. PRESIDENTE (PROFESSOR ROGÉRIO
ROCAL) — A Presidência, antes de passar a palavra para o próximo orador,
parabeniza o Cerimonial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo excelente
trabalho prestado a esta Casa. Parabéns!
O SR. PROF. CÉLIO LUPPARELLI — E eu
queria dizer que abri minha fala prestando essa homenagem mais do que justa.
Muito obrigado a vocês!