1ª Parte do Grande Expediente
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14/10/2015
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Discurso
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84ª Sessão
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Senhor Presidente,
Senhor Vereador Professor Rogério Rocal, senhores vereadores, senhoras e
senhores.
Chamou-me atenção uma reportagem do dia 10 de
outubro do jornal O Dia, com o título “Poluição condena à morte 70 dos 77 rios
e canais do Rio de Janeiro”. Poluição condena à morte 70 dos 77 rios e canais
do Rio de Janeiro!
A reportagem diz o seguinte:
“Na cidade que tem o nome de Rio, os rios nem agonizam mais: estão
mortos.”
Muito grave, não é? Os rios do Rio estão mortos!
“De 77 rios e canais que cortam a cidade, 70
morreram, ou seja, 90% deles não possuem mais oxigênio.”
Sem oxigênio, não há vida aeróbica.
“Estudo da Fundação SOS Mata Atlântica monitorou e
recolheu água de 14 rios e canais que cortam a cidade entre março de 2104 e
fevereiro de 2015. Segundo os parâmetros da Agência Nacional de Águas (ANA),
sete apresentaram qualidade péssima da água e outros sete, ruim. O panorama é
ainda mais desolador, de acordo com o ambientalista Mário Moscatelli, que há
anos monitora rios e lagoas no Rio: ‘A esses 14, podemos somar 49 rios de 55 da
bacia hidrográfica da Baía de Guanabara e sete dos oito do sistema de
Jacarepaguá: todos mortos”.
Nenhum dos rios monitorados por ele atingiu o nível
35 de uma escala de zero a 100 (água limpa), criada nos Estados Unidos e que
leva em conta, além de coliformes fecais, níveis de oxigênio e outros
componentes químicos, como fósforo e nitrogênio. ‘São valões, tomados por
metano e gás sulfídrico, com cheiro de ovo podre. Saneamento nunca foi
prioridade e continua a não ser para os governos’, dispara o biólogo.”
Frase interessante, não é? “Saneamento nunca foi
prioridade e continua a não ser para os governos.”
“Em momento de crise hídrica, o exemplo é de
desperdício do recurso que garante a vida no planeta. ‘Não estamos com falta
d’água porque estamos no semiárido. Estamos com falta d’água porque nós
poluímos, deixamos os rios indisponíveis’, adverte Malu Ribeiro, coordenadora
da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. Ela explicou que a água
classificada como ruim ou péssima não pode ser consumida e nem serve para a
produção de alimentos, o que mostra o tamanho do problema.
Segundo ela, esses indicadores revelam a precária
condição ambiental dos rios urbanos monitorados que, somada aos impactos da
seca, reforça a necessidade urgente de investimentos em saneamentobásico. A
falta d’água, na Região Sudeste, é agravada pela indisponibilidade decorrente
da poluição e não apenas pela falta de chuvas, afirma.
Moradores dos morros do Fallet e da Mineira, no
Catumbi, ficam desolados ao ver o Rio Papa-Couves nascer limpo, no alto de
Santa Teresa, e receber esgoto no trajeto até o Canal do Mangue. ‘Já tentei
várias vezes junto à Prefeitura, pelo menos, a construção de um reservatório
que estocasse parte da água ainda limpa para que a comunidade usasse, já que
falta água encanada de vez em quando, mas dizem que a legislação ambiental não
permite’, contou o presidente da Associação de Moradores do Fallet, Flávio
Mazzaro.
Para Malu Ribeiro, o processo de despoluição de um
rio exige educação ambiental, para que não se jogue lixo e criação de estações
de tratamento de esgoto. “Temos tecnologia e é possível fazer. A Floresta da
Tijuca foi reflorestada por ordem do Imperador Dom Pedro II porque o Rio de
Janeiro estava sem água. O sistema Cantareira, em São Paulo, foi feito por
engenheiros ingleses no século retrasado. Não aprendemos com a história”.
Essa frase final “Não aprendemos com a história” é
muito típica, porque no Rio de Janeiro, como no Brasil inteiro, o hábito é que
cada governo que entra é como se não existisse um passado. Cada um é o elemento
fundador. Cria tudo novo. Derruba tudo e cria de novo. Falta de comprometimento
com a história.
Muito obrigado, Senhor Presidente.