1ª Parte do Grande Expediente
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09/04/2015
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21ª Sessão
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Senhor Presidente, senhores vereadores, senhoras e senhores, hoje eu trago aqui um tema interessante, cujo título é: “Mudar de ideia não nos diminui”. Vou repetir: “Mudar de ideia não nos diminui”.
(LENDO)
“Afirma-se constantemente que a
realidade é mutável, dinâmica e, por ser assim, deveria ser normal mudarmos de
ideia sobre ela. Porém, mudar de ideia mexe com orgulhos, exige humildade e
nem sempre é ato bem visto.
Quem raramente muda de ideia olha muito
pouco para a realidade. Quem raramente muda de ideia contrasta pouco suas
representações com o mundo objetivo.
Ter vergonha de mudar de ideia é
confundir as coisas. Teríamos que nos envergonhar de não mudar, porque só não muda
nunca quem pouco pensa, seja o tema que for. Os avanços pessoais e sociais
advêm de mudanças e rupturas, seja de ações ou pensamentos.
Quando a mudança de pensamento é
legitimada pela realidade, nunca se trata de retrocesso. A dúvida é a raiz da
mudança. As certezas que temos, sem dúvida, são importantes e nos constituem.
Elas devem ser pontuais e em menor escala do que as dúvidas.
A realidade ao nosso redor, na família,
no trabalho, na cidade e no país, guarda ingredientes infinitamente mais
complexos em qualidade e quantidade do que nossos sentidos podem captar.
Daí, a necessidade de nos perguntarmos
sempre: será que é mesmo assim? O que essa mensagem ou esse discurso
representam? Que visão de mundo eu reproduzo em minhas opiniões?
Honestidade intelectual não é seguirmos
pensando sempre a mesma coisa, mas, sim, sempre questionarmos o que pensamos.
Não confundamos honestidade intelectual com fidelidade intelectual, como ocorre
em algumas religiões onde ser fiel a dogmas é tido como positivo e questioná-los
é encarado como desvirtuante.
Ser fiel e honesto intelectualmente é
defender suas convicções e expressá-las sabendo que elas representam sua
compreensão naquele momento, mas que estão em aberto para serem questionadas
pelos outros e, principalmente, pela realidade.”
(INTERROMPENDO A LEITURA)
Para ilustrar o nosso raciocínio,
podemos apresentar aqui o exemplo de Paulo, que passou de perseguidor a
perseguido.
Quando se converte, descobre que a
justiça que ele procurava era, afinal, uma pseudojustiça. Então, Saulo disse:
“Ouvistes falar do meu procedimento outrora no judaísmo: com que excesso
perseguia a Igreja de Deus e procurava devastá-la; e, no judaísmo, ultrapassava
a muitos dos compatriotas da minha idade, tão zeloso eu era das tradições dos meus
pais”.
Em Jerusalém, e por todo lado, Paulo
foi perseguido pelas autoridades judaicas, que nunca lhe perdoaram a
"traição" de se ter feito cristão e ter deixado a ortodoxia
farisaica.
Eis aí um exemplo sagrado de mudança de
opinião.
Trago o problema para o nosso dia a
dia, especialmente aqui da nossa Câmara.
Quantos de nós não mudaram de partido e
de ideologia?
Quantos dentre nós antes eram
contrários aos procedimentos administrativos e políticos do atual Prefeito e
hoje estão fazendo parte da base aliada do Governo Municipal? Quantos dentre
nós ontem estavam no partido político do qual faz parte a atual Presidente da
República e agora fazem críticas contundentes ao Governo Federal?
Quantos de nós há pouco aplaudiam a
política de segurança pública do governo do Rio e hoje discordam das ações
policiais nas comunidades carentes?
Quantos de nós atacaram os programas
sociais do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e hoje aplaudem o
Bolsa-Família?
Na lei penal, no artigo 621 e seguintes
do Código de Processo Penal, estão previstos casos de revisão de processos
findos — podem ser alterados, está lá no artigo 621 do Código de Processo
Penal. Isso demonstra que o Estado pode mudar de opinião.
Na lei civil, no artigo 485 e seguintes
do Código de Processo Civil, estão previstos casos de ação rescisória de
sentença de mérito transitada em julgado.
O artigo 463 do Código de Processo
Civil admite que um juiz pode alterar sua sentença após ela ter sido publicada.
São inúmeros os casos concretos, em
todas as atividades e relações humanas, em que nos deparamos com a mudança de
opinião. Salutar. Para encerrar a minha fala em razão e em defesa sábia de se
mudar de opinião e se consolidar que mudar de opinião, desde que não seja de
uma forma ilícita, só engrandece o homem, eu trago aqui alguns pensamentos.
“Mude suas opiniões, mantenha seus
princípios. Troque suas folhas, mantenha suas raízes.” (Vitor Hugo)
“Mudar de opinião e seguir quem te
corrige é também o comportamento do homem livre.” (Marco Aurélio)
“Eu não me envergonho de corrigir os
meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e
aprender.” (Alexandre Herculano)
“Não há mal nenhum em mudar de opinião.
Contanto que seja para melhor.” (Winston Churchill)
“Aqueles que não conseguem mudar
de opinião não conseguem mudar nada”. (George Bernard Shaw)
“Um homem que nunca muda de opinião, em
vez de demonstrar a qualidade da sua opinião, demonstra a pouca qualidade de
sua mente”. (Blaise Pascal)
“É dos sábios mudar de opinião”.
(Miguel de Cervantes)
“Eu gostaria de poder falar com cada
rosto inimigo e mudar a opinião dele sobre mim”. (Demi Lovato)
“Mude de opinião, mas não mude seus
valores... Proteja a sua essência. Honestidade, honra e educação por um mundo
melhor!” (Thiago Saraiva)
E para, definitivamente, encerrar,
Senhor Presidente, eu fico com a opinião do maior filósofo do mundo ocidental,
Immanuel Kant: “O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca”.
Muito obrigado!