terça-feira, 5 de janeiro de 2016

1ª Parte do Grande Expediente 09/04/2015 21ª Sessão

1ª Parte do Grande Expediente
09/04/2015



21ª Sessão



Senhor Presidente, senhores vereadores, senhoras e senhores, hoje eu trago aqui um tema interessante, cujo título é: “Mudar de ideia não nos diminui”. Vou repetir: “Mudar de ideia não nos diminui”.
(LENDO)
“Afirma-se constantemente que a realidade é mutável, dinâmica e, por ser assim, deveria ser normal mudarmos de ideia sobre ela. Porém, mudar de ideia mexe com orgulhos, exige humildade e nem sempre é ato bem visto.
Quem raramente muda de ideia olha muito pouco para a realidade. Quem raramente muda de ideia contrasta pouco suas representações com o mundo objetivo.
Ter vergonha de mudar de ideia é confundir as coisas. Teríamos que nos envergonhar de não mudar, porque só não muda nunca quem pouco pensa, seja o tema que for. Os avanços pessoais e sociais advêm de mudanças e rupturas, seja de ações ou pensamentos.
Quando a mudança de pensamento é legitimada pela realidade, nunca se trata de retrocesso. A dúvida é a raiz da mudança. As certezas que temos, sem dúvida, são importantes e nos constituem. Elas devem ser pontuais e em menor escala do que as dúvidas.
A realidade ao nosso redor, na família, no trabalho, na cidade e no país, guarda ingredientes infinitamente mais complexos em qualidade e quantidade do que nossos sentidos podem captar.
Daí, a necessidade de nos perguntarmos sempre: será que é mesmo assim? O que essa mensagem ou esse discurso representam? Que visão de mundo eu reproduzo em minhas opiniões?
Honestidade intelectual não é seguirmos pensando sempre a mesma coisa, mas, sim, sempre questionarmos o que pensamos. Não confundamos honestidade intelectual com fidelidade intelectual, como ocorre em algumas religiões onde ser fiel a dogmas é tido como positivo e questioná-los é encarado como desvirtuante.
Ser fiel e honesto intelectualmente é defender suas convicções e expressá-las sabendo que elas representam sua compreensão naquele momento, mas que estão em aberto para serem questionadas pelos outros e, principalmente, pela realidade.”
(INTERROMPENDO A LEITURA)
Para ilustrar o nosso raciocínio, podemos apresentar aqui o exemplo de Paulo, que passou de perseguidor a perseguido.
Quando se converte, descobre que a justiça que ele procurava era, afinal, uma pseudojustiça. Então, Saulo disse: “Ouvistes falar do meu procedimento outrora no judaísmo: com que excesso perseguia a Igreja de Deus e procurava devastá-la; e, no judaísmo, ultrapassava a muitos dos compatriotas da minha idade, tão zeloso eu era das tradições dos meus pais”.
Em Jerusalém, e por todo lado, Paulo foi perseguido pelas autoridades judaicas, que nunca lhe perdoaram a "traição" de se ter feito cristão e ter deixado a ortodoxia farisaica.
Eis aí um exemplo sagrado de mudança de opinião.
Trago o problema para o nosso dia a dia, especialmente aqui da nossa Câmara.
Quantos de nós não mudaram de partido e de ideologia?
Quantos dentre nós antes eram contrários aos procedimentos administrativos e políticos do atual Prefeito e hoje estão fazendo parte da base aliada do Governo Municipal? Quantos dentre nós ontem estavam no partido político do qual faz parte a atual Presidente da República e agora fazem críticas contundentes ao Governo Federal?
Quantos de nós há pouco aplaudiam a política de segurança pública do governo do Rio e hoje discordam das ações policiais nas comunidades carentes?
Quantos de nós atacaram os programas sociais do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e hoje aplaudem o Bolsa-Família?
Na lei penal, no artigo 621 e seguintes do Código de Processo Penal, estão previstos casos de revisão de processos findos — podem ser alterados, está lá no artigo 621 do Código de Processo Penal. Isso demonstra que o Estado pode mudar de opinião.
Na lei civil, no artigo 485 e seguintes do Código de Processo Civil, estão previstos casos de ação rescisória de sentença de mérito transitada em julgado.
O artigo 463 do Código de Processo Civil admite que um juiz pode alterar sua sentença após ela ter sido publicada.
São inúmeros os casos concretos, em todas as atividades e relações humanas, em que nos deparamos com a mudança de opinião. Salutar. Para encerrar a minha fala em razão e em defesa sábia de se mudar de opinião e se consolidar que mudar de opinião, desde que não seja de uma forma ilícita, só engrandece o homem, eu trago aqui alguns pensamentos.
“Mude suas opiniões, mantenha seus princípios. Troque suas folhas, mantenha suas raízes.” (Vitor Hugo)
“Mudar de opinião e seguir quem te corrige é também o comportamento do homem livre.” (Marco Aurélio)
“Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.” (Alexandre Herculano)
“Não há mal nenhum em mudar de opinião. Contanto que seja para melhor.” (Winston Churchill)
“Aqueles que não conseguem mudar de opinião não conseguem mudar nada”. (George Bernard Shaw)
“Um homem que nunca muda de opinião, em vez de demonstrar a qualidade da sua opinião, demonstra a pouca qualidade de sua mente”. (Blaise Pascal)
“É dos sábios mudar de opinião”. (Miguel de Cervantes)
“Eu gostaria de poder falar com cada rosto inimigo e mudar a opinião dele sobre mim”. (Demi Lovato)
“Mude de opinião, mas não mude seus valores... Proteja a sua essência. Honestidade, honra e educação por um mundo melhor!” (Thiago Saraiva)
E para, definitivamente, encerrar, Senhor Presidente, eu fico com a opinião do maior filósofo do mundo ocidental, Immanuel Kant: “O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca”.

Muito obrigado!