1ª Parte do Grande Expediente
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15/04/2015
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23ª
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Senhor Presidente, senhores vereadores, senhoras e senhores, hoje,
eu venho aqui lamentar porque eu levei 3 horas e 10 minutos para chegar do
Centro a Jacarepaguá, quando o tempo em média desse percurso é de 1 hora e 30
minutos. Eu, ao longo desse percurso, me perguntei, dentro do meu carro,
aflito, angustiado: será que houve algum acidente? Será que é algum ônibus
enguiçado na pista? Porque é muito comum ônibus enguiçar na pista já que
eles não recebem os devidos reparos. Será que é alguma blitz policial?Mas
não é possível, na Avenida Presidente Vargas, a essa hora!? Será que é uma
manifestação política? Nada disso! O que estava acontecendo era o resultado de
uma operação fracassada no trânsito.
Criou-se o caos entre o horário de
16h30, pelo menos, até às 18 horas ou 19 horas. Eu levei 2 horas e 10 minutos
da Candelária até a altura, aproximadamente, do Sambódromo. E cheguei à
conclusão que os governantes, com esse caos no trânsito, estão reduzindo o
tempo de vida útil das pessoas nessa Cidade do Rio de Janeiro. Isso é uma
afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, que tanto nós defendemos.
Quem trabalha e usa o seu automóvel
para se deslocar aqui para o Centro, vive um verdadeiro inferno. Primeiro, os
estacionamentos foram reduzidos. Quando eles existem, o preço é altíssimo,
inviável. Depois disso, existe uma prática na cidade que é a questão das
multas, que virou uma indústria, e dos reboques. Mas não é só no Centro da
cidade: até mesmo em áreas da Zona Oeste e Zona Norte, áreas residenciais, ruas
de moradores, a perseguição, a captura a um carro, que supostamente estaria
trazendo problemas para o trânsito, é uma coisa assim absurda. O que comprova
que a intenção ali não é pedagógica, não é educar o motorista, é simplesmente
arrecadar, cruelmente. E criando obstáculos depois para você reaver o seu
carro, que é uma coisa impressionante.
Diante desse quadro, em que não podemos
vir para o centro da cidade de carro, nós temos uma sinalização que vem dos
governantes, que é: utilizem o transporte público. O que a gente nota
é ônibus atrasados, ônibus mal conservados, ônibus superlotados — barcas, metrô
e trens da SuperVia, nem se precisa falar. Já passou de todos os limites
toleráveis de qualquer cidadania. Não há um cidadão nesta cidade, que viva ou
trabalhe aqui, que esteja satisfeito com esse serviço, mas,
impressionantemente, nada se fala.
Eu, um pouco resignado, fui dormir e
pensei: “Vou de carro ou não? O que faço da minha vida?”. Hoje de manhã,
acordei e abri o jornal Extra: “Prefeitura do Rio diz que falta ônibus.” Numa
contenda típica com o Consórcio BRT, que diz que o asfalto é ruim. E o jornal pergunta:
“E quem sofre é o passageiro?”
Quer dizer, é aquela briga do
telecatch, que eu falei em outro pronunciamento. É mentira. Essa briga é
mentirosa, é para desviar a atenção, porque a gente não vai acreditar que a
Prefeitura vai falar mal das empresas de ônibus e o Consórcio BRT vai falar mal
da Prefeitura.
Você abre o jornal Extra e vem: “Falta
de ônibus causa aperto no TransOeste”. “Secretário admite que frota atual não
atende à demanda.” “BRT reclama de asfalto.” “A Secretaria Municipal de
Transportes admitiu ontem que o BRT TransOeste opera com menos veículos do que
o necessário para a conta da demanda. Seriam necessários, hoje, segundo o
Secretário de Transportes, mais 41 ônibus articulados, e não 15 articulados,
somados aos 316 coletivos que existem nos dois corredores.
O Subsecretário admite que o sistema
está no limite, e responsabiliza o Consórcio BRT, que manteria 10% da frota em
manutenção, e não 5% previsto em contrato. Se o contrato precisa ser cumprido,
vamos sancionar. Qual é o problema?
O que espanta mais é uma declaração do
próprio Secretário de Transportes, que diz que deu prazo para o consórcio
comprar novos ônibus, por conta das dificuldades do final de ano. Afinal de
contas, as montadoras têm dificuldades.
A população está sofrendo. A gente vai
para a SuperVia. A Supervia tem novos atrasos. Os trens dos ramais de Santa
Cruz e Deodoro circulam com intervalos irregulares. Os problemas dos trens da
Supervia têm provocado transtorno na rotina dos usuários. A SuperVia e o Metrô
Rio também foram multados, ontem, pelo conselho diretor da agência, por
incidentes ocorridos com os transportes nos últimos anos.
A SuperVia, as barcas, e todo mundo
mais — os acidentes de transporte que nós temos aqui —, parece que não estão
sentindo nada com essas punições, ou elas são punições telecatch, aquelas
falsas punições, para inglês ver.
Vem mais, agora do jornal O Dia, do dia
de hoje — acordei pensando o que fazer da vida para poder chegar à Cidade:
“Erros em projetos agravam o drama diário dos transportes. Barcas, trens, BRT e
até a obra do bonde de Santa Teresa desafiam a mobilidade.”
Vejam só: erros de planejamento em
praticamente todos os meios de transporte agravam o drama que os usuários
enfrentam diariamente no Rio de Janeiro. “Os trens da SuperVia do ramal de
Saracuruna mostram um desnível em relação à plataforma em, pelo menos, três
estações, Olaria, Penha e Vila da Penha. Por isso, passageiros idosos e
cadeirantes costumam pegar trem em outras estações.” Eu estou ferindo os
direitos humanos aqui, e ninguém toma providências. Não está acontecendo nada.
Ninguém fala nada, é um silêncio sepulcral estranho.
Em Santa Teresa, o desnível é
entre os novos trilhos — vejam bem: novos trilhos — e os paralelepípedos
recém-pavimentados. Ele, esse desnível, dificulta a frenagem dos novos bondes.
Isso parece uma piada, sinceramente. Contada no Paraguai, ou em Portugal, os
caras vão rir de nós. Fizeram agora.
Além da superlotação e da pavimentação
inadequada em alguns trechos para a implantação do BRT, houve remanejamento de
linhas de ônibus e até a retirada de algumas delas de circulação. Nas Zonas
Oeste e Norte, o sacrifício dos idosos, das pessoas que têm problemas de saúde,
cardíacas, para chegar até ao BRT, é uma coisa impressionante. Só quem vive lá,
sabe.
Senhores, nós estamos diante de um
quadro tenebroso e observamos que até as barcas compradas são grandes demais
para entrar no estaleiro. Vou repetir, porque parece mentira: as barcas
compradas são grandes demais para entrar no estaleiro. Isso é constatado pelo
próprio gestor; quer dizer, compraram e, agora, dizem que não cabe, não entra.
Como se resolve isso? Quem é o responsável por isso? Barca, metrô, trem de
SuperVia, ônibus, caos, desgraça para o povo carioca ou para aquele que
trabalha aqui.
Nós — para encerrar, Senhor Presidente
— temos que levantar esse problema. Essa questão dos transportes, no Rio de
Janeiro, é muito séria, estranha e nebulosa. Debaixo desse angu, tem carne.
Muito obrigado!