terça-feira, 5 de janeiro de 2016

1ª Parte do Grande Expediente 15/04/2015 23ª

1ª Parte do Grande Expediente
15/04/2015



23ª 
     



 Senhor Presidente, senhores vereadores, senhoras e senhores, hoje, eu venho aqui lamentar porque eu levei 3 horas e 10 minutos para chegar do Centro a Jacarepaguá, quando o tempo em média desse percurso é de 1 hora e 30 minutos. Eu, ao longo desse percurso, me perguntei, dentro do meu carro, aflito, angustiado: será que houve algum acidente? Será que é algum ônibus enguiçado na pista? Porque é muito comum ônibus enguiçar na pista já que eles não recebem os devidos reparos. Será que é alguma blitz policial?Mas não é possível, na Avenida Presidente Vargas, a essa hora!? Será que é uma manifestação política? Nada disso! O que estava acontecendo era o resultado de uma operação fracassada no trânsito.
Criou-se o caos entre o horário de 16h30, pelo menos, até às 18 horas ou 19 horas. Eu levei 2 horas e 10 minutos da Candelária até a altura, aproximadamente, do Sambódromo. E cheguei à conclusão que os governantes, com esse caos no trânsito, estão reduzindo o tempo de vida útil das pessoas nessa Cidade do Rio de Janeiro. Isso é uma afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, que tanto nós defendemos.
Quem trabalha e usa o seu automóvel para se deslocar aqui para o Centro, vive um verdadeiro inferno. Primeiro, os estacionamentos foram reduzidos. Quando eles existem, o preço é altíssimo, inviável. Depois disso, existe uma prática na cidade que é a questão das multas, que virou uma indústria, e dos reboques. Mas não é só no Centro da cidade: até mesmo em áreas da Zona Oeste e Zona Norte, áreas residenciais, ruas de moradores, a perseguição, a captura a um carro, que supostamente estaria trazendo problemas para o trânsito, é uma coisa assim absurda. O que comprova que a intenção ali não é pedagógica, não é educar o motorista, é simplesmente arrecadar, cruelmente. E criando obstáculos depois para você reaver o seu carro, que é uma coisa impressionante.
Diante desse quadro, em que não podemos vir para o centro da cidade de carro, nós temos uma sinalização que vem dos governantes, que é: utilizem o transporte público. O que a gente nota é ônibus atrasados, ônibus mal conservados, ônibus superlotados — barcas, metrô e trens da SuperVia, nem se precisa falar. Já passou de todos os limites toleráveis de qualquer cidadania. Não há um cidadão nesta cidade, que viva ou trabalhe aqui, que esteja satisfeito com esse serviço, mas, impressionantemente, nada se fala.
Eu, um pouco resignado, fui dormir e pensei: “Vou de carro ou não? O que faço da minha vida?”. Hoje de manhã, acordei e abri o jornal Extra: “Prefeitura do Rio diz que falta ônibus.” Numa contenda típica com o Consórcio BRT, que diz que o asfalto é ruim. E o jornal pergunta: “E quem sofre é o passageiro?”
Quer dizer, é aquela briga do telecatch, que eu falei em outro pronunciamento. É mentira. Essa briga é mentirosa, é para desviar a atenção, porque a gente não vai acreditar que a Prefeitura vai falar mal das empresas de ônibus e o Consórcio BRT vai falar mal da Prefeitura.
Você abre o jornal Extra e vem: “Falta de ônibus causa aperto no TransOeste”. “Secretário admite que frota atual não atende à demanda.” “BRT reclama de asfalto.” “A Secretaria Municipal de Transportes admitiu ontem que o BRT TransOeste opera com menos veículos do que o necessário para a conta da demanda. Seriam necessários, hoje, segundo o Secretário de Transportes, mais 41 ônibus articulados, e não 15 articulados, somados aos 316 coletivos que existem nos dois corredores.
O Subsecretário admite que o sistema está no limite, e responsabiliza o Consórcio BRT, que manteria 10% da frota em manutenção, e não 5% previsto em contrato. Se o contrato precisa ser cumprido, vamos sancionar. Qual é o problema?
O que espanta mais é uma declaração do próprio Secretário de Transportes, que diz que deu prazo para o consórcio comprar novos ônibus, por conta das dificuldades do final de ano. Afinal de contas, as montadoras têm dificuldades.
A população está sofrendo. A gente vai para a SuperVia. A Supervia tem novos atrasos. Os trens dos ramais de Santa Cruz e Deodoro circulam com intervalos irregulares. Os problemas dos trens da Supervia têm provocado transtorno na rotina dos usuários. A SuperVia e o Metrô Rio também foram multados, ontem, pelo conselho diretor da agência, por incidentes ocorridos com os transportes nos últimos anos.
A SuperVia, as barcas, e todo mundo mais — os acidentes de transporte que nós temos aqui —, parece que não estão sentindo nada com essas punições, ou elas são punições telecatch, aquelas falsas punições, para inglês ver.
Vem mais, agora do jornal O Dia, do dia de hoje — acordei pensando o que fazer da vida para poder chegar à Cidade: “Erros em projetos agravam o drama diário dos transportes. Barcas, trens, BRT e até a obra do bonde de Santa Teresa desafiam a mobilidade.”
Vejam só: erros de planejamento em praticamente todos os meios de transporte agravam o drama que os usuários enfrentam diariamente no Rio de Janeiro. “Os trens da SuperVia do ramal de Saracuruna mostram um desnível em relação à plataforma em, pelo menos, três estações, Olaria, Penha e Vila da Penha. Por isso, passageiros idosos e cadeirantes costumam pegar trem em outras estações.” Eu estou ferindo os direitos humanos aqui, e ninguém toma providências. Não está acontecendo nada. Ninguém fala nada, é um silêncio sepulcral estranho.
Em Santa Teresa, o desnível é entre os novos trilhos — vejam bem: novos trilhos — e os paralelepípedos recém-pavimentados. Ele, esse desnível, dificulta a frenagem dos novos bondes. Isso parece uma piada, sinceramente. Contada no Paraguai, ou em Portugal, os caras vão rir de nós. Fizeram agora.
Além da superlotação e da pavimentação inadequada em alguns trechos para a implantação do BRT, houve remanejamento de linhas de ônibus e até a retirada de algumas delas de circulação. Nas Zonas Oeste e Norte, o sacrifício dos idosos, das pessoas que têm problemas de saúde, cardíacas, para chegar até ao BRT, é uma coisa impressionante. Só quem vive lá, sabe.
Senhores, nós estamos diante de um quadro tenebroso e observamos que até as barcas compradas são grandes demais para entrar no estaleiro. Vou repetir, porque parece mentira: as barcas compradas são grandes demais para entrar no estaleiro. Isso é constatado pelo próprio gestor; quer dizer, compraram e, agora, dizem que não cabe, não entra. Como se resolve isso? Quem é o responsável por isso? Barca, metrô, trem de SuperVia, ônibus, caos, desgraça para o povo carioca ou para aquele que trabalha aqui.

Nós — para encerrar, Senhor Presidente — temos que levantar esse problema. Essa questão dos transportes, no Rio de Janeiro, é muito séria, estranha e nebulosa. Debaixo desse angu, tem carne. Muito obrigado!