1ª Parte do Grande Expediente
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11/08/2015
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Discurso
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56ª Sessão
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Senhores vereadores, senhoras e senhores, nós hoje
escolhemos o tema “Biblioteca”.
“Biblioteca”, na definição tradicional do termo, é
um espaço físico em que se guardam livros, documentos tridimensionais e demais
coleções.
Porém, esse velho conceito de "depósito de
livros", hoje, foi redefinido para espaço/ambiente físico ou virtual
destinado à coleção de informações com a finalidade de auxiliar pesquisas e
trabalhos escolares ou para praticar o hábito de leitura, em material esse que
seja impresso em folhas de papel ou ainda digitalizado e armazenado em outros
tipos de materiais, tais como CD, fitas, VHS, DVD oubancos de dados.
Biblioteca é, ainda, local para coleção de
informações: livros, monografias, enciclopédias, dicionários, manuais,
documentos tridimensionais, jornais e revistas.
As bibliotecas também são denominadas CDI (centros
de documentação e informação).
Guardar o conhecimento, a cultura, a produção
científica das Civilizações é uma tarefa difícil, pois o nascimento e a
decadência de impérios é uma constante da história. Nesse sentido, os mosteiros
tiveram um papel fundamental. Muito da cultura grega, romana, celta, nórdica e
cristã da Antiguidade e Medieval foi preservada pelo trabalho árduo e
silencioso dos monges copistas.
Toda a saga das bibliotecas antecede a própria
história do livro e vai encontrar abrigo no momento em que a humanidade começa
a dominar a escrita.
As primeiras bibliotecas de que se tem notícia são
chamadas bibliotecas ‘minerais’ pois seus acervos eram constituídos de tabletes
de argila. Depois, vieram as bibliotecas vegetais e animais, constituídas de
rolos de papiros e pergaminhos. Essas são as bibliotecas dos babilônios,
assírios, egípcios, persas e chineses. Mais tarde, com o advento do papel,
fabricado pelos árabes, começam-se a formar as bibliotecas de papel e, depois,
as de livro propriamente dito.
Os historiadores acreditam que a biblioteca mais
antiga seja a do rei Assurbanípal (século VII a.C.), cujo acervo era formado de
placas de argila escritas em caracteres cuneiformes. Mas nenhuma foi tão famosa
como a biblioteca de Alexandria, no Egito. Ela teria de 40 a 60 mil manuscritos
em rolos de papiro, chegando a possuir 700 mil volumes. A sua fama é atribuída,
além da grande quantidade de documentos, também aos três grandes incêndios de
que foi vitima.
Em outubro de 2002, o governo do Egito inaugurou a
nova Biblioteca Alexandria, desta vez um complexo cultural com bibliotecas,
museus, áreas para exposições, centros educacionais e um centro para convenções
internacionais. A nova biblioteca adotou modernos recursos de tecnologia, além
de ter capacidade para até 8 milhões de volumes e lugares para 3.500 leitores.
Mas outras bibliotecas também tiveram grande
importância, como as bibliotecas judaicas, em Gaza; a de Nínive, da
Mesopotâmia, e a biblioteca de Pérgamo, que foi incorporada a de Alexandria,
antes de sua destruição.
Os gregos também possuíam bibliotecas, mas as mais
importantes eram particulares de filósofos e teatrólogos.
A partir do século XVI é que a biblioteca realmente
se transforma, tendo como característica a localização acessível; passa a ter
caráter intelectual e civil, a democratização da informação e especializada em
diferentes áreas do conhecimento.
No Brasil, a biblioteca oficial é a atual
Biblioteca Nacional e Pública do Rio de Janeiro e se tornou do Estado em 1825.
Essa biblioteca era constituída dos livros do rei de Portugal Dom José I e foi
trazida para o Brasil por Dom João VI, em 1807. Junto à Biblioteca Nacional,
outra de grande importância no Brasil é a Biblioteca Municipal de São Paulo.
Nas sociedades contemporâneas, a leitura (em
contexto escolar, profissional ou de lazer) assume um papel importantíssimo na
promoção do desenvolvimento cultural, cientifico, político e, consequentemente,
econômico dos povos e dos indivíduos.
Por isso, tanto se tem refletido sobre a forma de
incentivar e motivar as pessoas para a leitura, em especial as crianças e os
jovens, que ainda não criaram e enraizaram esse hábito tão enriquecedor.
Interlocutor privilegiado, pelo tempo que partilha
com os mais novos, a escola pode ajudar a criar e a sedimentar hábitos de
leitura, quer promovendo e explorando o livro, com temáticas adequadas e
atrativas para as correspondentes faixas etárias, quer dinamizando
atividades inovadoras e interessantes com livros na biblioteca, quer propondo a
navegação em sites diversificados que põem o aluno em contato com a leitura de
diferentes suportes, muitas vezes interativos.
As crianças e os jovens aprendem muito do que
sabem acerca do mundo e da vida espontaneamente, em contextos muito
diversificados que abrangem o grupo familiar, o círculo de amigos, as
microssociedades ou grupos em que se inserem e os meios de comunicação social,
desde a televisão até a Internet.
Mas é, sem dúvida, na escola, e frequentemente
através do livro, que aprendem, de forma mais organizada, a sistematizar as
informações e os conhecimentos, a pensar, a olhar com espírito crítico a
realidade circundante, a problematizar o mundo, a encontrar resposta para os
problemas que enfrentam, a respeitar as diferenças étnicas, sociais e pessoais,
e, muitas vezes, a interiorizar os seus direitos e deveres, como pessoas e como
cidadãos.
Enfim, o contato com o livro enriquece
culturalmente o indivíduo e promove a sua autonomia. Para não falar,
especificamente, da importância do livro e da leitura para o melhoramento da
competência linguística oral e para a aprendizagem do código escrito da sua
própria língua.
De ano para ano vamos tendo cada vez a sensação
mais nítida de que aumentam os problemas relacionados com a competência
linguística, oral e escrita, dos jovens, problemas esses denunciados
diariamente pela própria família, pelos meios de comunicação social e, claro,
amargamente constatados por todos os professores. E visível e constrangedora a
dificuldade de certos adolescentes em exporem claramente um raciocínio. No
âmbito da escrita já não são só os problemas ortográficos, mas é também o
domínio deficiente da pontuação, da acentuação gráfica, da própria construção
sintática da frase, bem como o da construção de um simples texto.
Neste contexto, verificamos que é óbvia a
importância do livro e da leitura como fonte de saber e de cultura e como meio
eficaz de aperfeiçoamento linguístico. Todavia, o difícil é ser capaz de
conduzir as crianças e os jovens à leitura quando estão rodeados de tantas e
tão diversificadas solicitações, e quando, por vezes, até o próprio meio
familiar parece avesso a esta atividade e a tudo o que com ela diretamente se
relaciona.”
Senhor Presidente, todo esse meu discurso está
baseado em enfatizar a leitura, o livro e, portanto, a biblioteca. E o
fundamento está aqui:
“No dia 15 de agosto, às 9 horas, no Espaço Vinte e
Três, em Vila Valqueire, realizaremos um Encontro em defesa da Biblioteca de
Jacarepaguá.
Há dois meses, estamos colhendo assinaturas para
encaminhar ao Secretário Municipal de Cultura e ao Prefeito da Cidade, o
abaixo- assinado para que verifiquem as condições inadequadas em que a
Biblioteca do Bairro se encontra com infiltrações nas paredes, colocando em
risco os acervos bibliográfico e Braille; as janelas que não podem ser abertas,
porque estão emperradas; o prédio que não tem climatização e não é próprio
público, estando a família proprietária reivindicando sua posse na Justiça e
tomem as devidas providências, já que Jacarepaguá tem uma população que
ultrapassa 600 mil habitantes, tem inúmeras escolas públicas e particulares dos
diversos níveis de ensino e necessita de uma Biblioteca compatível com a sua
grandeza.
Estamos certos de que o Prefeito e o Secretário
Municipal de Cultura ouvirão o apelo dos educadores e de todos os moradores da
região e resolverão a situação deplorável em que se encontra a Biblioteca de
Jacarepaguá, o que possibilitará desenvolvermos o hábito de leitura”.
Um povo que lê se politiza.
Muito obrigado, Senhor Presidente.