quarta-feira, 4 de julho de 2012

Incêndio no Pedro Ernesto expõe o que é o Governo do Rio.


                         Fogo no almoxarifado revela falta de estrutura no Hospital Pedro Ernesto.


O incêndio no almoxarifado do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da UERJ, não lançou apenas fumaça e fuligem sobre a unidade. Problemas graves de falta de estrutura, equipamentos e até comida também vieram à tona e evidenciaram a precariedade dos serviços prestados.
O fogo começou às 5H30 desta quarta-feira (4), no almoxarifado do prédio que fica no Boulevard Vinte e Oito de Setembro, em Vila Isabel, zona Norte do Rio.
Residentes e funcionários aproveitaram a presença dos jornalistas para denunciar as péssimas condições do hospital. Garantiram que o atendimento a pacientes continua a ser feito muito mais por causa da dedicação pessoal dos servidores do que pelas condições de trabalho.

"Parece que o governo não sabe o que acontece aqui. O centro cirúrgico tem vinte salas, mas só oito funcionam. O resto está em obras há quatro anos. A situação é insustentável. Estamos aprendendo de forma errada. Por este ser o único hospital universitário do estado, tinha que ser mais bem cuidado", queixou-se a residente de cirurgia geral, Flavia Nobre, de 26 anos.
O desconhecimento não seria apenas do governo, como suspeita Flavia. O reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves, admitiu à imprensa que desconhecia tanto a insatisfação dos residentes como algumas das queixas que eles apresentaram, como a falta de material para o trabalho. O reitor prometeu se reunir com os mesmos na segunda-feira (9/07)
Com relação ao centro cirúrgico, o reitor confirmou a interdição de algumas salas por obras que se arrastam há dois anos. Segundo ele, na verdade dez salas funcionam, e não oito como afirmou a residente.
Outro problema alvo das denúncias foi a cozinha da unidade. O residente de nutrição Thiago Cabral diz que parte dela está funcionando tendo em volta tapumes de madeira e vazamento de água pelo teto, fatores que podem prejudicar a qualidade da comida dos pacientes. Fala também da falta de comida e de utensílios.
"O teto está com mofo. Às vezes não consigo dar pão com manteiga para os pacientes. Uma vez nem faca tinha. O paciente teve que passar a manteiga com o dedo", reclama o residente de nutrição Thiago Cabral. "Vemos internos ficando desnutridos aqui. Pedimos até para eles trazerem comida de casa. A cozinha aqui é horrível".
A nutricionista Cintia Teixeira, servidora do HUPE, reforça as queixas. "Faltam serviços essenciais. O raio X não funciona e a cozinha precisa de obras". O residente em cirurgia geral Douglas Poschinger, de 27 anos, também destacou a falta de equipamentos, e reclamou ainda dos baixos salários. "A gente trabalha mesmo por paixão. Estaria ganhando melhor nem uma UPA."



O reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, confirmou os problemas na cozinha do hospital, mas garantiu que ela não está em funcionamento. O loca l , segundo ele, está fechado, e as obras ainda estão em processo de licitação. Uma empresa foi contratada para fornecer comida aos pacientes.