O ritmo do desmatamento da Amazônia está desacelerando, o que é uma boa notícia. Mas, segundo um artigo publicado nesta quinta-feira (12) na Science, esse desmatamento do passado criou uma espécie de dívida que não será nada fácil pagar.
Os pesquisadores Oliver Wearn, Daniel Reuman e Robert Ewers criaram um modelo de computador para calcular o que eles chamam de “débito de extinção”. O conceito é simples. Segundo eles, as espécies não desaparecem no mesmo momento em que ocorre o desmatamento. Quando uma área é desmatada, aves, mamíferos e anfíbios fogem e buscam um novo habitat. Muitas espécies não conseguem resistir a essa transição, outras não se adaptam ao novo ambiente ou enfrentam predadores. O resultado é que as espécies acabam desaparecendo anos ou décadas depois do desmatamento.
O estudo usou os dados de desmatamento do Inpe entre 1978 e 2008. O “débito” desse desmatamento será cobrado no futuro: no cenário mais pessimista, os pesquisadores calculam que pelo menos 15 mamíferos, 30 aves e 10 anfíbios serão extintos até 2050. No cenário otimista – caso o Brasil coloque em prática a meta que se comprometeu em Copenhague, de reduzir 80% do desmatamento – esse números caíriam para 10 mamíferos, 20 aves e 8 anfíbios.
Apesar das previsões negativas, os pesquisadores acreditam que o estudo cria uma oportunidade para reparar essa dívida com os animais. Sabendo que o pior ainda está por vir, o governo brasileiro pode colocar em prática planos de conservação para evitar a extinção das espécies amazônicas. ( ÉPOCA )