O governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, foram os principais alvos dos manifestantes que protestaram contra a demolição do Hospital Central do Iaserj (Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro), na manhã deste domingo (29) na Praia de Copacabana.
Ao som de gritos e xingamentos como "Sérgio Cabral é f.d.p!", cerca de 200 médicos e servidores de outras esferas públicas reclamavam da "precarização da saúde", promovida, segundo eles, pelo atual governo. O secretário de Saúde, Sergio Cortês, também foi lembrado pelos manifestantes, que o acusaram de apoiar a "privatização", como afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos (SindMed-RJ), Jorge Daze, durante aclamado discurso.
"Eles estão entregando os hospitais nas mãos de grupos empresariais e organizações sociais, terceirizando um serviço garantido pela constituição, que é público. Eles usam o dinheiro público para construir e entregar para particulares. Isso não é como entendemos que o sistema deve funcionar", esbravejou.
Com blusa, broches e adesivos de protesto colados pelo corpo, a médica Cristina Maria Machado Maia, coordenadora do Cetafe (Centro de Tratamento de Feridas), que funciona dentro do Iaserj, argumenta que além de "absurda", a demolição é inconstitucional.
O hospital, que está no Centro da cidade, será demolido para a expansão do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que funciona no prédio ao lado. Segundo ela, para que seja feito este tipo de concessão, o hospital não poderia mais atender pacientes. "O governo deveria ter votado na Assembleia Legislativa para que o hospital mudasse de categoria, o que não aconteceu. Existem irregularidades no processo que não legitimam esta ação", explicou.
A aposentada Maria da Silva, de 72 anos, também protestou. Ela diz que está inconsolável com a demolição do Iaserj, onde faz tratamento de saúde "há muitos anos". "O Cabral odeia os idosos, ele quer matar os idosos, estamos desamparados. Vão acabar com um dos poucos lugares onde tínhamos um tratamento bom, com funcionários bons, médicos, enfermeiras. Todo mundo lá é legal", discursou.
Nelson Ferrão, ex-diretor do Iaserj, destaca que a expansão do Inca poderia ser feita em qualquer outro lugar."O que vai funcionar ali é um centro tecnológico do Inca, que poderia ser feito em qualquer lugar, não precisaria derrubar", afirmou.
"Este governo está querendo acabar com a saúde pública, que é um direito previsto na Constituição. Eles já fecharam o Iaserj de Madureira, da Penha, de Ipanema, o Instituto São Sebastião. Nós contribuímos durante 70 anos para a construção e manutenção destes hospitais, somos descontados direto na folha", argumentou a médica Cristina Maria Machado Maia.
A transferência dos pacientes que estão no Iaserj para outros hospitais da cidade começou na noite do dia 14 de julho, em meio a protestos de funcionários e parentes dos internados. Segundo eles, o movimento tem acontecido de forma violenta e "arbitrária". Em uma das canções entoadas durante o protesto, os manifestantes destacavam: "Durante a madrugada/ o governo tira os pacientes/contando com a repressão da polícia".
Para Ferrão, a principal consequência da demolição é a perda de 400 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) que existem no local. “Um dos grandes problemas de saúde é a falta de leitos, que está sendo agravada com esta demolição”, afirmou. Cristina endossa o discurso, e acrescenta que a perda se estende, pois tratamentos de diversas ordens perdem a referência que tinham no Iaserj.
“Mesmo com a transferência, os pacientes vão para unidades que não são referências ou que não estão adequadas para o seu tratamento. O governo não criou leitos nem suficientes nem de qualidade. Ele diz que constrói UPA, mas retira leitos de outras instituições. A matemática não fecha", reclamou.
"O atendimento e o diagnóstico para a descoberta do câncer são sempre realizados em hospitais e não no Inca, que realiza o tratamento da doença", destacou a médica. "Se você achar que tem um câncer e aparecer lá no Inca, eles vão te mandar para um hospital, pois eles só tratam. A ampliação deles determina o fechamento de um hospital, isso não deveria acontecer, deveriam trabalhar juntos".
Desde que foi municipalizado, o Hospital de Piedade, na Zona Norte, tem sofrido um processo de degradação contínuo, denuncia o médico José Ricardo Pereira Gomes, que trabalha no local. Segundo ele, há sucateamento e "depreciação" das instalações, principalmente na parte tecnológica.
"Somos um hospital de ensino, como um hospital universitário, mas temos sofrido muito com a falta de comprometimento do governo, não há mais gerência, estamos perdidos. Além disso, as áreas de ginecologia, oftalmologia e proctologia, onde éramos referência e realizávamos até transplante de córnea, por exemplo, foram fechadas prejudicando a população e o atendimento", apontou.
Ao som de gritos e xingamentos como "Sérgio Cabral é f.d.p!", cerca de 200 médicos e servidores de outras esferas públicas reclamavam da "precarização da saúde", promovida, segundo eles, pelo atual governo. O secretário de Saúde, Sergio Cortês, também foi lembrado pelos manifestantes, que o acusaram de apoiar a "privatização", como afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos (SindMed-RJ), Jorge Daze, durante aclamado discurso.
"Eles estão entregando os hospitais nas mãos de grupos empresariais e organizações sociais, terceirizando um serviço garantido pela constituição, que é público. Eles usam o dinheiro público para construir e entregar para particulares. Isso não é como entendemos que o sistema deve funcionar", esbravejou.
Com blusa, broches e adesivos de protesto colados pelo corpo, a médica Cristina Maria Machado Maia, coordenadora do Cetafe (Centro de Tratamento de Feridas), que funciona dentro do Iaserj, argumenta que além de "absurda", a demolição é inconstitucional.
O hospital, que está no Centro da cidade, será demolido para a expansão do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que funciona no prédio ao lado. Segundo ela, para que seja feito este tipo de concessão, o hospital não poderia mais atender pacientes. "O governo deveria ter votado na Assembleia Legislativa para que o hospital mudasse de categoria, o que não aconteceu. Existem irregularidades no processo que não legitimam esta ação", explicou.
A aposentada Maria da Silva, de 72 anos, também protestou. Ela diz que está inconsolável com a demolição do Iaserj, onde faz tratamento de saúde "há muitos anos". "O Cabral odeia os idosos, ele quer matar os idosos, estamos desamparados. Vão acabar com um dos poucos lugares onde tínhamos um tratamento bom, com funcionários bons, médicos, enfermeiras. Todo mundo lá é legal", discursou.
Nelson Ferrão, ex-diretor do Iaserj, destaca que a expansão do Inca poderia ser feita em qualquer outro lugar."O que vai funcionar ali é um centro tecnológico do Inca, que poderia ser feito em qualquer lugar, não precisaria derrubar", afirmou.
"Este governo está querendo acabar com a saúde pública, que é um direito previsto na Constituição. Eles já fecharam o Iaserj de Madureira, da Penha, de Ipanema, o Instituto São Sebastião. Nós contribuímos durante 70 anos para a construção e manutenção destes hospitais, somos descontados direto na folha", argumentou a médica Cristina Maria Machado Maia.
A transferência dos pacientes que estão no Iaserj para outros hospitais da cidade começou na noite do dia 14 de julho, em meio a protestos de funcionários e parentes dos internados. Segundo eles, o movimento tem acontecido de forma violenta e "arbitrária". Em uma das canções entoadas durante o protesto, os manifestantes destacavam: "Durante a madrugada/ o governo tira os pacientes/contando com a repressão da polícia".
Para Ferrão, a principal consequência da demolição é a perda de 400 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) que existem no local. “Um dos grandes problemas de saúde é a falta de leitos, que está sendo agravada com esta demolição”, afirmou. Cristina endossa o discurso, e acrescenta que a perda se estende, pois tratamentos de diversas ordens perdem a referência que tinham no Iaserj.
“Mesmo com a transferência, os pacientes vão para unidades que não são referências ou que não estão adequadas para o seu tratamento. O governo não criou leitos nem suficientes nem de qualidade. Ele diz que constrói UPA, mas retira leitos de outras instituições. A matemática não fecha", reclamou.
"O atendimento e o diagnóstico para a descoberta do câncer são sempre realizados em hospitais e não no Inca, que realiza o tratamento da doença", destacou a médica. "Se você achar que tem um câncer e aparecer lá no Inca, eles vão te mandar para um hospital, pois eles só tratam. A ampliação deles determina o fechamento de um hospital, isso não deveria acontecer, deveriam trabalhar juntos".
Desde que foi municipalizado, o Hospital de Piedade, na Zona Norte, tem sofrido um processo de degradação contínuo, denuncia o médico José Ricardo Pereira Gomes, que trabalha no local. Segundo ele, há sucateamento e "depreciação" das instalações, principalmente na parte tecnológica.
"Somos um hospital de ensino, como um hospital universitário, mas temos sofrido muito com a falta de comprometimento do governo, não há mais gerência, estamos perdidos. Além disso, as áreas de ginecologia, oftalmologia e proctologia, onde éramos referência e realizávamos até transplante de córnea, por exemplo, foram fechadas prejudicando a população e o atendimento", apontou.