O tomógrafo, instalado em janeiro no Salgado Filho, está parado por causa do vazamento de radiação .
Um vazamento de radiação na sala de tomografia do Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, obrigou a direção a interditar a sala e suspender o uso do aparelho que, após cerca de dois anos encaixotado, foi instalado na unidade em janeiro. O Sindicato dos Médicos pediu hoje que a Vigilância Sanitária estadual faça uma inspeção no local e denunciou a situação à Delegacia Regional do Trabalho e ao Ministério Público para que as responsabilidades sejam apuradas.
- Uma das técnicas de radiologia está grávida e os colegas decidiram fazer um teste para ver se o ambiente estava mesmo seguro. Colocaram um filme de raios X onde ficam o médico e o técnico, por trás do vidro, e fizeram um exame. O filme ficou velado, mostrando que a radiação estava vazando - diz o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze.
A técnica, grávida de três meses, foi afastada. De acordo com um funcionário do hospital que prefere não ser identificado, por medo de represália, a profissional está bastante apreenssiva.
- Assim como todos nós. Receber essa radiação de forma contínua pode causar câncer de próstata, de ovário, de laringe, leucemia. E essas doenças não aparecem agora. Podem surgir daqui a quatro, cinco anos, persistindo os riscos até a minha quinta geração - disse ele.
De acordo com os funcionários, técnicos da Uerj estiveram no hospital para fazer a medição da radiação e disseram que estava tudo bem.
- Mas apareceu outra empresa particular e fez a medição na segunda-feira passada. Segundo eles, estava vazando radiação. Foi quando a direção mandou fechar a sala - contou o funcionário.
Em nota, a direção do Hospital Salgado Filho informou que análise realizada pelo Laboratório de Ciências Radiológicas, na Uerj, identificou taxas de radiação dentro da normalidade na sala em que foi instalado o novo tomógrafo da unidade e não há risco de contaminação. No entanto, afirma o comunicado, "preventivamente, o aparelho foi desligado e permanecerá fora de uso até o fim das obras de adequação". A assessoria de imprensa da Secretaria municipal de Saúde informou que essas obras foram necessárias porque se constatou um "pequeno vazamento de radiação". A direção do hospital informa ainda que o outro tomógrafo da unidade está funcionando normalmente e não há atrasos na realização dos exames.
Não é o que diz um dos funcionários do setor. Segundo ele, por ter mais de 15 anos de uso e não haver mais peças de reposição, o tomógrafo antigo funciona precariamente e apenas exames de urgência estão sendo realizados.
- A qualidade do exame é muito ruim e o aparelho liga e para. Não aguenta realizar as 50 a 60 tomografias que costumamos realizar diariamente no setor - diz ele.