sexta-feira, 13 de julho de 2012

Para MP , prefeitura gastou ilicitamente R$ 2,2 milhões com bailes de carnaval particulares.

Rio Hoje às 18h12 - Atualizada hoje às 19h33


Riotur acha ingressos a R$ 500 ‘perfeitamente acessíveis à população’


Para MP, prefeitura gastou ilicitamente R$ 2,2 milhões com bailes de carnaval particulares

Acusada de agir com ‘vontades ilícitas’ na cessão de mais de R$ 2,2 milhões dos cofres municipais para o projeto ‘Bailes do Rio’, conforme mostra Ação Civil Pública assinada pela promotora Patrícia Villela, da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Cidadania, órgão do Ministério Público (MP), a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) considerou normais os valores dos ingressos cobrados pela L21 Participações Ltda. - que pertence a Luiz Calainho -, organizadora do evento ao lado da Cervejaria Schincariol.

De acordo com ofício encaminhado à promotora, a Riotur classificou como ‘perfeitamente acessíveis à população’ os ingressos com valores de R$ 200 e R$ 500, preço divulgado pelos sites do projeto Bailes do Rio. Os preços cobrados representam entre 32% e 80% do salário mínimo de R$ 622. Para o MP, "evidentemente, tais valores não se coadunam com o alegado cunho 'popular' ou com o que poderia ser definido como 'baile de rua'".

MP acusa Riotur de financiar festa de cervejaria com dinheiro público

O projeto ‘Bailes do Rio’, que promoveu os eventos ‘Baile de Gala da Cidade do Rio de Janeiro’, ‘Baile da Devassa’, ‘Feijoada do Amaral’, ‘Fun Carnival’, e ‘Grande Baile Gay’, recebeu verba sem participar de qualquer projeto de licitação, como denunciou a promotora.

Em resposta às críticas do MP, a Riotur alegou que a L21 Participações Ltda foi escolhida por deter “os direitos exclusivos de representação de todos os artistas consagrados pela crítica e público envolvidos no projeto”. Segundo o ofício, isto justifica a ausência de concorrência.

Ainda no ofício, a Riotur di que ‘a revalorização dos ícones do Carnaval’ trouxe consigo ‘uma forte tendência de resgatar também o glamour dos grandes bailes carnavalescos de salão’. O órgão municipal também justificou o investimento no projeto da empresa de Luiz Calainho através da consolidação do ‘tripé que compõe o Carnaval Carioca, a saber: Desfiles de Escola de Samba, Blocos de Rua, e Grandes Baile de Salão’.

Procurado para comentar a ação do Ministério Público, o ex-presidente da Riotur, e hoje tesoureiro da campanha de Eduardo Paes, não atendeu à reportagem. Apesar do risco de ter seus bens bloqueados, os direitos políticos cassados e de ser condenado ao pagamento de multas, Figueira de Mello, através da assessoria de imprensa da campanha do prefeito, negou-se a comentar o caso.

Através de nota, a Schincariol, dona da marca Devassa, informou que "é uma das patrocinadoras do evento 'Bailes do Rio', relação comercial essa firmada com a empresa privada organizadora do evento". A cervejaria disse também "que não possui nenhuma responsabilidade, obrigação ou direito decorrente da eventual relação mantida entre a empresa privada organizadora do evento e outros parceiros da mesma".