quinta-feira, 26 de julho de 2012

Retaliação do tráfico a PMs suspeitos é a hipótese investigada para ataque à UPP.

Denúncia que chegou à polícia indica que PMs teriam vendido ao traficantes armas e drogas apreendidas mas não entregaram
                     UPP da Nova Brasília que foi atacada por traficantes na última segunda-feira

Uma retaliação de traficantes à ação de maus policiais é uma das hipóteses investigadas sobre a motivação do ataque à sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, que terminou com a morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza, na noite da última segunda-feira (23).

Uma das denúncias que chegou à polícia apontou que PMs teriam ficado com armas e drogas apreendidas de um suspeito e tentaram vender aos traficantes. Segundo o informe, os criminosos teriam pago pelo material mas não receberam o mesmo. Com isso, decidiram atacar à UPP.
Outra informação que surgiu foi de que PMs poderiam estar envolvidos no sequestro de uma mulher de um traficante e os bandidos agiram como vingança.

Uma fonte da polícia que investiga o tráfico de drogas disse ao iG que três dos traficantes apontados pela PM como tendo participado do atentado: Régis Eduardo Batista, o RG, Ilan Nogueira Sales, o Capoeira, e Alan Montenegro, o Da Lua, não atuam no Complexo do Alemão. RG e Da Lua gerenciam o tráfico em favelas do vizinho Complexo da Penha, enquanto que Capoeira atua na favela de Manguinhos, na mesma região.

Para o agente, a possível participação de três traficantes que não são do Alemão no atentado pode indicar que ele tenha sido um ato conjunto da facção criminosa Comando Vermelho (CV).

Segundo ele, uma das possibilidades é de que a ação foi desencadeada para proteger e evitar a apreensão do dinheiro da "caixinha" do CV, que chegaria todas as segundas-feiras à comunidade Pedra do Sapo, no Alemão. A quantia serve para a compra de armas, pagar advogados e sustentar famílias de líderes presos.

Afirma o agente, no entanto, que, para acontecer, o ataque teria que ter autorização do "dono" da favela, no caso Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, atualmente preso na penitenciária de Porto Velho (Rondônia), de algum líder do CV preso no Rio ou do principal nome do grupo em liberdade, no caso Luciano Martiniano da Silva, o Pezão.