quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Romário acusa Cabral de Chantagear com a Copa e as Olimpíadas.


Deputado diz que verbas para eventos saem do governo federal e não dos royalties

O deputado Romário de Souza Faria, o craque Romário, como carioca quer que a presidente da República, Dilma Rousseff, vete a lei aprovada no Congresso redistribuindo os royalties do petróleo. Mas, defende uma melhor distribuição do dinheiro entre todos estados sem, contudo, se mexer nos contratos já firmados.

Esta defesa do veto – a mesma que é feita pelo governador Sérgio Cabral – no entanto, não coloca o ex-jogador na mesma posição do governador do Rio que, por conta da nova lei, ameaça não realizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

“Isso aí é uma chantagem que não vai levar em nada. Todo mundo sabe que a porção maior do dinheiro desses eventos é federal. O dinheiro dos royalties quase não servirá para isto. A declaração dele pegou muito mal no Executivo e também no Legislativo”, explicou o deputado do PSB.


Ele insiste ser “100% a favor do Rio continuar e até ganhar um pouco mais do que recebe”. Mas, mostra-se contrário aos argumentos do governador. “Não são esses argumentos que irão fazer as pessoas mudarem de ideia, os argumentos são outros. Aliás, se tratando de Olimpíadas ele não estará nem no cargo, Vai ter Copa e terá Olimpíadas”, diz.
Defende, porém, o veto “porque se realmente não acontecer isso, o Rio e o Espírito Santo perderão muito dinheiro, algo que mexerá com saúde, com a educação e com os servidores”.
Arrogância de Cabral
As críticas de Romário a Cabral são muito mais fortes. Ele responsabiliza o chefe do executivo por prejudicar a relação do Rio com os outros estados, ao agir de forma arrogante e criticar outros parlamentares.

“Nosso governador infelizmente tem muita culpa nessa perda. Ele tem que entender que é simplesmente o governador do Estado. A gente sabia que iria perder no Senado, mas certamente perdemos (a votação) por um número maior por conta da arrogância dele”, explicou.

O tetracampeão acusa Cabral de sequer dar a devida atenção à bancada de parlamentares do Rio de Janeiro. “Foram feitas cerca de 20 reuniões na bancada. Eu não vi o governador participar nenhuma vez. Se teve alguma no Rio, eu não fui convidado. Nunca vi o governador participar com os deputados federais”, queixa-se.

Romário disse que, como carioca, espera que a presidente vete a lei tal como ela prometeu anteriormente, assim como também prometeu o ex-presidente Lula: “Estamos acreditando, pois é uma presidente que tem honrado muito as palavras e sido muito firme”, disse.

Como parlamentar, ele entende “que o petróleo é um produto brasileiro e que todos os estados tenham direito a um pedaço da verba”. Isto, porém, não o faz concordar com a lei que modificou muito mais. “Mexer nos contratos firmados, nas licitações resolvidas, no que já foi conversado, é constitucionalmente ilegal e não sou a favor”, aponta.

Garotinho aposta no veto
O ex-governador Anthony Garotinho, deputado federal pelo PR, é outro que acredita no veto da presidente Dilma Rousseff. “Não creio que o projeto aprovado como foi na Câmara vai ser sancionado porque ele teve até erro matemático, colocaram 101%, deram até o que não tem. O projeto é totalmente ilegal, não acredito que a presidente o sancionará”.

Ele, porém, vê nas declarações do governador Cabral, seu adversário, uma confissão de que o “estado vai muito mal e só sobrevive mesmo com a ajuda dos royalties. Mostra a péssima administração do governador. Se o grosso do dinheiro da Copa vem do governo federal, ele está exagerando. Se vai faltar, faltará para pagar o salário dos funcionários”, arremata.

Desespero natural
O deputado Otávio Leite (PSDB) vê as declarações de Cabral como a expressão de “um natural desespero, pois de fato o prejuízo é catastrófico para as finanças do estado e dos municípios do Rio de Janeiro”. Segundo lembrou, dos 92 municípios fluminenses, 87 recebem royalties e terão prejuízos fatais nas suas finanças.

Leite também se apega na questão constitucional. Como destacou, “o país tem nesse momento 34 campos em exploração, mais 147 em desenvolvimento (estudos, projetos, etc.). Todos são provenientes de leilões e contratos que estão firmados. Alterar a destinação dos royalties sobre estes contratos constitui-se num flagrante desrespeito à Constituição”. Para ele, o veto é “algo viável. Espero sinceramente que ele aconteça, que a presidenta vete”. ( JB)