IPCA acumula alta de 6,71% em 12 meses em junho, diz IBGE
É a maior taxa acumulada em 12 meses desde junho de 2005.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país usada como base para as metas do governo, ficou em 0,15% em junho, contra 0,47% no mês anterior, e acumula alta de 6,71% em 12 meses, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (7). É maior taxa acumulada em 12 meses desde junho de 2005, quando ficou em 7,27%.
No mês, contudo, o resultado de 0,15% é o menor desde agosto de 2010, quando ficou em 0,04%. Em 2010, os preços haviam se mantido estáveis no mês de junho, com o resultado do IPCA exatamente em zero, diz o IBGE.
Apesar da desaceleração mensal, em 12 meses a inflação oficial do país acelerou, uma vez que, em maio, a taxa ficara em 6,55%. O resultado ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Banco Central para este ano, de 6,5%.
De acordo com o IBGE, o primeiro semestre do ano fechou em 3,87%, acima da taxa de 3,09% relativa a igual período de 2010. “É o maior primeiro semestre desde 2003, quando o resultado do IPCA foi de 6,64% nos primeiros seis meses do ano”, afirma Eulina Nunes dos Santos, da coordenação de índices de preços do IBGE.
“Alimentação e bebidas e artigos de residência foram os dois únicos grupos que apresentaram queda no primeiro semestre em relação a 2010. No caso dos artigos residenciais, os eletrodomésticos, muitos deles atrelados ao dólar, foram os responsáveis pela queda”, diz.
Eulina ressalta, ainda, que apesar de os alimentos terem fechado o primeiro semestre com alta de 3,11%, ajudaram a conter a inflação no ano, já que o índice dos produtos não-alimentícios foi mais elevado, ficando em 4,10%.
O IBGE explica que a redução na taxa de crescimento do IPCA de maio para junho é explicada, em grande parte, pela deflação registrada no grupo alimentação e bebidas, que, da alta de 0,63% em maio, passou para recuo de 0,26% em junho. Houve, ainda, queda ainda mais intensa do grupo transporte, que já havia apresentado deflação de 0,24% em maio e, em junho, registrou recuo de 0,61%.
Entre os alimentos que ficaram mais baratos de um mês para o outro, destaques são a batata-inglesa (de 6,02% em maio para -11,38% em junho) e a cenoura (de -9,30% para -16,31%).
Entre os produtos alimentícios em alta, desaceleração na taxa de crescimento ocorreu em itens como o queijo (de 1,90% para 1,05% em junho), o iogurte (de 2,07% para 1,01%), o leite em pó (de 1,60% para 0,62%) e o açúcar refinado (de 1,18% para 0,50%). Nos produtos não alimentícios, a variação foi de 0,28% em junho, enquanto havia ficado em 0,42% no mês de maio.
É o primeiro mês que a gasolina cai em 2011. Apesar disso, a queda não foi suficiente para devolver todo o aumento acumulado ao longo do ano"
Nos transportes, o litro da gasolina, que havia apresentado variação de 0,85% em maio, teve queda de 3,94% em junho. O item está na liderança dos principais impactos para baixo no IPCA, com -0,17 ponto percentual. A gasolina está mais cara do que no ano passado (...). É o primeiro mês que a gasolina cai em 2011. Apesar disso, a queda não foi suficiente para devolver todo o aumento acumulado ao longo do ano.
O etanol havia registrado queda de 11,34% em maio e, em junho, apresentou queda menos acentuada, de 8,84%. Juntos, os preços dos combustíveis caíram 4,25% em junho, gerando um impacto de -0,20 ponto percentual. “É o segundo mês que o etanol apresenta queda, e duas quedas fortes. Mesmo assim, não devolveu o aumento que teve ao longo dos primeiros meses do ano”, diz a coordenadora do IBGE.Houve, contudo, alta das passagens aéreas (de -11,57% em maio para 12,85% em junho) e as tarifas dos ônibus urbanos, que aumentaram 0,79% em junho.
O grupo habitação também mostrou desaceleração, de 0,97% em maio para 0,58% em junho. Cresceram em menor ritmo itens como taxa de água e esgoto (de 2,32% em maio para 0,08%), aluguel residencial (de 0,95% para 0,84%), condomínio (de 1,01% para 0,92%) e energia elétrica (de 0,87% para 0,45%).
As despesas pessoais (de 0,72% em maio para 0,67% em junho) também desaceleraram em razão, principalmente, dos salários dos empregados domésticos (de 1,14% para 0,33%).
No grupo saúde e cuidados pessoais, a redução no ritmo de aumento, de 0,73% em maio para 0,67% em junho, foi puxada pelos remédios, que deixaram de refletir o reajuste ocorrido no fim de março e passaram de uma taxa de 1,20% em maio para 0,47% em junho, diz o IBGE.
Entre os índices regionais, o maior foi o de Recife (0,35%), onde o grupo alimentação e bebidas (0,22%) apresentou a maior taxa, puxada pelos alimentos consumidos fora do domicílio (1,50%). Curitiba (-0,15%) teve o menor resultado, influenciado, principalmente, pela queda dos combustíveis (-5,99%), que causou impacto de -0,44 ponto percentual no índice da região.
Para o mês que vem, o IBGE lista tarifas administradas que não foram computadas no índice do mês que passou e vão influenciar na formação do índice do próximo mês. São a água e esgoto em Porto Alegre (7,21%, a partir de 1º de julho), a energia elétrica em Porto Alegre (6,29%, a partir de 16 de junho), pedágio em São Paulo (9,77%, a partir de 1º de julho), táxi em Fortaleza (11,72%, a partir de 2 de junho), energia elétrica em Curitiba (3,12%, a partir de 24 junho), pedágio em Curitiba (5,5%, a partir de 1 junho) e ônibus interestadual em todos os estados (5% em média, a partir de 10 de julho).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,22% em junho, 0,35 ponto percentual abaixo do resultado de maio (0,57%), divulgou também nesta quinta-feira o IBGE.
O acumulado nos seis primeiros meses do ano fechou em 3,70%, acima da taxa de 3,38% relativa a igual período de 2010. Nos últimos 12 meses, o índice está em 6,80%, também acima dos 12 meses imediatamente anteriores, quando ficou em 6,44%. Em junho, de 2010 o INPC havia ficado em -0,11%.
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