O franco processo de esvaziamento do Zoológico de Nierói pôs em evidência a fraca infraestrutura das instituições ligadas à conservação da fauna . Sempre questionamos a existência dos zoos como forma de preservação de espécies. Eles funcionam mais como depositários de animais que não servem mais para espetáculos circences e para atração de visitantes do que para manutenção da fauna.
Elefantes , girafas , orangotangos e rinocerontes , por exemplo, não são do ecosssistema brasileiro. Por que mantê-los nos zoos do Rio e de São Paulo , a não ser para divertir pessoas que desejam matar sua curiosidade de vê-los ? Antigamente , isso seria explicável , mas , atualmente, com TV a cores , se pode transmitir , em tempo real , desde o seu habitat até qualquer ponto a vida desses animais sem encarcerá-los.
Dentre os 111 Zoos brasileiros , 77 não cumprem as regras de preservação da saúde dos animais em cativeiro. A maioria fora da lei peca por instalações irregulares — muitas com espaços menores do que os necessários para as espécies — e falta de técnicos, como biólogos e veterinários. Há, no entanto, falhas ainda mais graves, como animais domésticos circulando ao lado de silvestres, ou problemas na dieta. Vira e mexe um zoológico é flagrado oferecendo carne estragada para seus bichos.O drama vivido pela instituição niteroiense está longe de ser inédito. Desde o fim dos anos 90, 44 zoológicos foram desativados por falta de condições para funcionamento.
O bolso realmente pesa para quem se aventura a lidar com a fauna. O ZooNit, por exemplo, precisava de até R$ 60 mil para fechar as contas mensais. Mas, nos últimos tempos, consegue no máximo R$ 33 mil. Gerenciado por uma fundação privada sem fins lucrativos, o espaço ganha 65% de sua verba da prefeitura, e apoia-se na possibilidade de municipalização nos próximos dois anos para recuperar os seus bichos. Desde outubro do ano passado, o local já perdeu mais de 200 animais e, atualmente, restam apenas outros 200. A instituição já chegou a cuidar de 500 bichos.
A principal transformação exigida é na orientação do negócio. Expor os animais numa jaula deve ser menos importante do que estudá-los. A função dos zoos é de conservação das espécies, e não se resumir a uma vitrine.Os recintos devem ser os mais próximos possíveis das necessidades biológicas dos animais. É preciso ter tratador, biólogo, veterinário, convênio com laboratórios para análises clínicas e enviar relatórios anuais sobre natalidade e mortalidade da fauna para o IBAMA que controla a fauna em nível federal.
A presença de outros profissionais, embora não obrigatória, é desejável. Entre eles, nutricionistas, zootecnistas, paisagistas e, entre os que lidam com animais marinhos, oceanógrafos.
Não bastassem as crueldades existentes nos circos , nos hipódromos , nas touradas , nas brigas de galo e no adestramento de cães , os Zoos não cumprem o papel discutível a que se propuseram.
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