Solidariedade: demitidos do SAMU também apoiam bombeiros
O apoio à luta dos bombeiros do Estado do Rio contra a truculência do governador Cabral Filho (PMDB) foi a principal deliberação da assembleia dos demitidos civis do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) realizada na tarde dessa quinta-feira, 9 de junho, no auditório do Sindsprev/RJ. Os demitidos do SAMU participarão da passeata de domingo, 12/06, em Copacabana, pela imediata soltura dos 439 bombeiros arbitrariamente presos por Cabral Filho.
Demitidos por Cabral em 2008, os 1.500 trabalhadores civis do SAMU continuam na luta por sua reintegração — leia ao final. “Temos que discutir a desmilitarização da saúde. É preciso fortalecer a comissão de representantes do SAMU e trabalhar pela unificação das lutas de todas as categorias do funcionalismo estadual porque só isso é que pode colocar em xeque as políticas do governador Cabral. No domingo, vamos propor o ‘Fora Cabral’ já”, afirmou o diretor do Sindsprev/RJ Julio Cesar Tavares, ao saudar os demitidos do SAMU na abertura da assembleia.
Um informe apresentado na assembleia, e que estimulou ainda mais o ânimo dos samuzeiros na luta por sua reintegração, foi o da criação, nessa quinta-feira, da Secretaria de Estado de Defesa Civil, desmembrando-a da atual Secretaria Estadual de Saúde. Tomada pelo governador Cabral Filho em decorrência das pressões do próprio Corpo de Bombeiros, a medida está sendo interpretada como um primeiro passo para se reverter a militarização da saúde.
Durante a assembleia, a emoção ficou por conta da exibição de um vídeo com sequências de fotos sobre a inestimável ajuda dos demitidos do SAMU às vítimas das chuvas que, em janeiro deste ano, arrasaram a região serrana. “Após assistir a esse vídeo, quero dizer que o nosso pessoal está de parabéns pelos 20 dias em que ajudou àquelas vítimas da enchente. Tenho orgulho de pertencer à família SAMU”, disse, visivelmente emocionado, Eliezer da Silva Nascimento, da Comissão de Demitidos.
Na marcha de domingo, em Copacabana, os demitidos do SAMU estarão presentes com seus macacões.
Também representando a direção do Sindsprev/RJ, Antonio Oliveira de Andrade expressou sua solidariedade. “Nesse momento, a luta não é dos bombeiros, mas de toda a sociedade, que tem sido atacada e mais uma vez desrespeitada por Cabral Filho”.
Demitidos continua na luta pela reintegração ao SAMU 192
No último dia 17 de maio, membros da Comissão de Demitidos do SAMU foi recebida, em Brasília, pelo novo coordenador de urgências e emergências do Ministério da Saúde, Paulo de Tarso, a quem entregaram um dossiê com denúncias de irregularidades no SAMU do Rio, como o sucateamento de 70 viaturas novas e questionamentos sobre a falta de transparência na aplicação dos R$ 1,7 milhão repassados mensalmente pelo Ministério ao governo estadual para manter o SAMU-RJ. “Hoje essas viaturas estão num depósito na Ilha do Governador, onde continuam sendo depenadas. Já os bombeiros que atuam no SAMU do Rio continuam com os salários arrochados e sem gratificação. É estranho que isto aconteça porque, afinal de contas, o Ministério repassa as verbas necessárias para a manutenção das viaturas e o pagamento de salários dignos aos profissionais do SAMU”, explica o também membro da Comissão de Demitidos, Leandro Vabo.
Segundo Leandro, Paulo de Tarso comprometeu-se em discutir uma solução para os demitidos junto ao Ministro Alexandre Padilha. O coordenador de urgências também prometeu investigar as denúncias. A verba repassada mensalmente pelo Ministério ao SAMU corresponde a metade da verba total, que é dividida com Estado e município.
Quanto ao retorno imediato, o representante da Comissão de Demitidos não poupa críticas ao vice-governador Luiz Fernando Pezão. “Há um ano que conversamos com o vice-governador. Há um ano ele diz que vai negociar o nosso retorno, mas nunca negocia. Para nós, ou voltam os 1.500 demitidos, ou não tem acordo. Pezão devia lembrar que os demitidos são os mesmos que, em Teresópolis, salvaram muitas vidas este ano”.
Sobre a recriação da Secretaria de Defesa Civil e seu desmembramento da Secretaria de Saúde, afirmou que é um ponto positivo. “Essa medida soma muito para a nossa luta. Os bombeiros sempre estiveram insatisfeitos com seu atrelamento à saúde, que Cabral veio militarizando nos últimos anos”, disse.
Por André Pelliccione, da Redação do Sindsprev/RJ
A questão é que, com a desmilitarização, o que vai acontecer em algumas unidades de saúde é a manutenção do militar do corpo de Bombeiros no cargo, que irá receber, além do salário que já recebe por ser militar, também o salário vindo da Secretaria de Defesa Civil (adindo), mantendo a mesma carga horária e desempenhando a mesma função. Isso é um absurdo! Irão receber duas vezes pela função que já executam hoje.
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