O que era para ser uma comemoração de um mês vivendo numa nova residência, livre do esgoto a céu aberto, de mosquitos e de infiltrações, não vai ser festejado por parte das 460 famílias que receberam as chaves de apartamentos do Bairro Carioca, em Triagem, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Passados exatos 30 dias da pomposa inauguração do conjunto, com a presença do prefeito Eduardo Paes, do governador Sérgio Cabral e da presidente Dilma Rousseff, as unidades dos lotes 1 e 3 continuam sem encanação de gás de rua. Há também reclamações da má qualidade da água e no atraso de funcionamento da escola municipal localizada dentro do bairro.
O Bairro Carioca foi inaugurado no dia 6 de julho, sob a promessa de atender mais de 2 mil famílias. Apenas 20% do empreendimento ficou pronto na ocasião da inauguração. A estimativa do secretário Jorge Bittar, responsável pela construção com aporte de Caixa Econômica, é de que todo o empreendimento fique pronto até o fim do ano. Por enquanto, apenas 460 famílias foram contempladas.
De acordo com denúncias de moradores, houve autorização da Prefeitura para o uso de botijões de gás, o que é proibido por lei estadual desde 1976. Nesta segunda-feira (6), uma equipe da Companhia Estadual de Gás (CEG) estava visitando alguns imóveis. A equipe de reportagem do Jornal do Brasil flagrou um entregador de botijões de gás que informou ser grande o número de pedidos naquele empreendimento.
Parte do empreendimento segue vazio"No Lote 1, onde estou morando há um mês, ninguém tem gás encanado. Segundo me informaram operários da obra, o problema foi a instalação de um cano de plástico, o que não é permitido para gás. O trabalho teve que ser totalmente refeito, o que demandou tempo. Há 30 dias que faço uso de botijão de gás, o que foi autorizado pelos responsáveis pela construção. Apesar de ter medo de me arriscar com o botijão, não posso ficar sem cozinhar", afirmou o cadeirante Thiago Cavalheiro do Nascimento, que se mudou do Engenho da Rainha para Triagem no início do mês passado sem saber que o apartamento ainda precisava de reparos.
Das mais de 2 mil unidades do empreendimento, apenas 460 foram entreguesO casal Paula e Thiago Soares, desabrigados há dois anos, se mudou há um mês da favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, para o Bairro Carioca, em Triagem. A surpresa foi ter que comprar um botijão de gás para usar na nova residência, quando a Prefeitura prometeu gás encanado.
Thiago não tem gás encanado em casa. Apesar de conhecer os riscos, viu-se obrigado a aderir ao uso de botijão"Depois que fiz a mudança, os responsáveis pela obra me disseram que o gás vai demorar a chegar nos apartamentos. A encanação ainda não foi feita. Há famílias que almoçam e jantam lanche, porque não sabiam que não teria gás no apartamento e se desfizeram dos botijões que usavam antes, acreditando que a encanação estaria pronta", queixou-se a dona de casa Paula, mãe de dois filhos. Um deles de apenas 6 meses de idade.
"Outra promessa não cumprida pela Prefeitura foi o pagamento do frete. Tiramos quase R$ 200 do próprio bolso para a mudança. A Prefeitura não tem obrigação de pagar a minha mudança, mas não precisavam prometer", disse a moradora, referindo-se a uma promessa do secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar (PT) durante a inauguração.
Ainda segundo informações de moradores, a escola municipal construída dentro do Bairro Carioca começou a funcionar com uma semana de atraso. Só foi inaugurada no último sábado (4), pelo prefeito Eduardo Paes. O mercado popular, citado diversas vezes pela presidente Dilma Rousseff durante o discurso de inauguração do bairro, ainda não está em funcionamento.
Vendedor de gás comemora novos clientes do Bairro CariocaProblemas nas vistorias
Se para aqueles que já estão vivendo na nova residência existem problemas a serem resolvidos, há quem ainda não tenha conseguido sequer se mudar.
"Da última vez que estive no apartamento que me foi prometido, as portas ainda não haviam sido colocadas. Inauguraram o condomínio, mas o meu apartamento nem tinha portas. E só vão me entregar as chaves quando eu der o aceite na vistoria do imóvel. Mas não posso aceitar morar num apartamento sem portas, me recuso e continuo aguardando o fim das obras", reclamou Margareth Xavier Lopes, que espera há um mês a oportunidade de se mudar na Favela do Mandela, no Complexo de Manguinhos, onde vive há três anos, na dependência de pagamento do aluguel social.
Morador da mesma comunidade, Daniel Barbosa dos Santos queixa-se das falhas que o impedem de ser o mais novo morador do Bairro Carioca.
"Meu apartamento não tem interfone, não tinha água nem instalação de gás. Vim fazer uma nova vistoria no imóvel hoje para verificar se corrigiram as falhas e se poderei me mudar o mais rápido possível. Acho arriscado a mudança para uma casa cheia de problemas", disse Daniel, do Lote 2 que, apesar de construído, ainda não tem nenhum morador.
O Bairro Carioca foi inaugurado no dia 6 de julho, sob a promessa de atender mais de 2 mil famílias. Apenas 20% do empreendimento ficou pronto na ocasião da inauguração. A estimativa do secretário Jorge Bittar, responsável pela construção com aporte de Caixa Econômica, é de que todo o empreendimento fique pronto até o fim do ano. Por enquanto, apenas 460 famílias foram contempladas.
De acordo com denúncias de moradores, houve autorização da Prefeitura para o uso de botijões de gás, o que é proibido por lei estadual desde 1976. Nesta segunda-feira (6), uma equipe da Companhia Estadual de Gás (CEG) estava visitando alguns imóveis. A equipe de reportagem do Jornal do Brasil flagrou um entregador de botijões de gás que informou ser grande o número de pedidos naquele empreendimento.
Parte do empreendimento segue vazio"No Lote 1, onde estou morando há um mês, ninguém tem gás encanado. Segundo me informaram operários da obra, o problema foi a instalação de um cano de plástico, o que não é permitido para gás. O trabalho teve que ser totalmente refeito, o que demandou tempo. Há 30 dias que faço uso de botijão de gás, o que foi autorizado pelos responsáveis pela construção. Apesar de ter medo de me arriscar com o botijão, não posso ficar sem cozinhar", afirmou o cadeirante Thiago Cavalheiro do Nascimento, que se mudou do Engenho da Rainha para Triagem no início do mês passado sem saber que o apartamento ainda precisava de reparos.
Das mais de 2 mil unidades do empreendimento, apenas 460 foram entreguesO casal Paula e Thiago Soares, desabrigados há dois anos, se mudou há um mês da favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, para o Bairro Carioca, em Triagem. A surpresa foi ter que comprar um botijão de gás para usar na nova residência, quando a Prefeitura prometeu gás encanado.
Thiago não tem gás encanado em casa. Apesar de conhecer os riscos, viu-se obrigado a aderir ao uso de botijão"Depois que fiz a mudança, os responsáveis pela obra me disseram que o gás vai demorar a chegar nos apartamentos. A encanação ainda não foi feita. Há famílias que almoçam e jantam lanche, porque não sabiam que não teria gás no apartamento e se desfizeram dos botijões que usavam antes, acreditando que a encanação estaria pronta", queixou-se a dona de casa Paula, mãe de dois filhos. Um deles de apenas 6 meses de idade.
"Outra promessa não cumprida pela Prefeitura foi o pagamento do frete. Tiramos quase R$ 200 do próprio bolso para a mudança. A Prefeitura não tem obrigação de pagar a minha mudança, mas não precisavam prometer", disse a moradora, referindo-se a uma promessa do secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar (PT) durante a inauguração.
Ainda segundo informações de moradores, a escola municipal construída dentro do Bairro Carioca começou a funcionar com uma semana de atraso. Só foi inaugurada no último sábado (4), pelo prefeito Eduardo Paes. O mercado popular, citado diversas vezes pela presidente Dilma Rousseff durante o discurso de inauguração do bairro, ainda não está em funcionamento.
Vendedor de gás comemora novos clientes do Bairro CariocaProblemas nas vistorias
Se para aqueles que já estão vivendo na nova residência existem problemas a serem resolvidos, há quem ainda não tenha conseguido sequer se mudar.
"Da última vez que estive no apartamento que me foi prometido, as portas ainda não haviam sido colocadas. Inauguraram o condomínio, mas o meu apartamento nem tinha portas. E só vão me entregar as chaves quando eu der o aceite na vistoria do imóvel. Mas não posso aceitar morar num apartamento sem portas, me recuso e continuo aguardando o fim das obras", reclamou Margareth Xavier Lopes, que espera há um mês a oportunidade de se mudar na Favela do Mandela, no Complexo de Manguinhos, onde vive há três anos, na dependência de pagamento do aluguel social.
Morador da mesma comunidade, Daniel Barbosa dos Santos queixa-se das falhas que o impedem de ser o mais novo morador do Bairro Carioca.
"Meu apartamento não tem interfone, não tinha água nem instalação de gás. Vim fazer uma nova vistoria no imóvel hoje para verificar se corrigiram as falhas e se poderei me mudar o mais rápido possível. Acho arriscado a mudança para uma casa cheia de problemas", disse Daniel, do Lote 2 que, apesar de construído, ainda não tem nenhum morador.