Royalties : 20 mil pessoas ao som de Samba e Funk. Protesto político ou festa popular ?

                 Ato contra royalties conta com sambas-enredo e passistas no Rio .


Convocada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), a passeata contra a proposta de redistribuição dos royalties do petróleo mais parecia, em sua concentração, com uma festa popular do que um ato político.

Até as 16h30, estavam reunidos no início da avenida Rio Branco e na pista lateral da avenida Presidente Vargas, as principais do centro do Rio, nove trio elétricos. Os veículos representavam várias tendências musicais e agitavam as cerca de 20 mil pessoas que estavam no local.


Um deles trazida todas as bandeiras da escola de samba do Rio, mestre-salas, porta-bandeira e passistas, que dançavam ao som de sambas-enredo clássicos.

Os manifestantes sambavam ao som de ritmistas de diversas escolas, comandados pelos mestres Marcão, do Salgueiro, e Casagrande, da Unidos da Tijuca.

Outro representava a corrente do funk carioca e foi patrocinado pelo grupo de funk Furacão 2000, que organiza festas e shows do ritmo musical. Bem em frente à Igreja da Candelária --ponto de concentração da manifestação-- estava parado o trio elétrico da Parada Gay do Rio, do qual se podia ouvir hits da música eletrônica.

Proibidos de circular em dias normais, os ambulantes fazem a festa durante a concentração da passeata, vendendo livremente cerveja e refrigerante. "O movimento está muito bom", disse João de Deus, um dos muitos camelôs que se posicionaram na Rio Branco.

Até as 16h30, não havia sinais de que a passeata, marcada para as 17h, teria início. Todos estavam a espera do governador Cabral, que não havia chegado ainda.

Dentre os manifestantes concentrados à espera do início da passeata, o grupo mais numeroso era o de Macaé, cidade no litoral norte fluminense. Segundo o vereador George Jardim (PMDB), cerca de 7.000 moradores da cidade vieram ao Rio para protestar.

Saíram de Macaé na manhã desta quinta-feira 100 ônibus em direção à capital. "A prefeitura custeou a maior parte do transporte, mas a sociedade civil organizada também ajudou e colocou alguns ônibus", disse Jardim. Macaé é sede da principal base de apoio à exploração de óleo e gás da Petrobras e um dos municípios que mais sofrem os impactos do petróleo. É o segundo maior beneficiário de royalties --atrás de Campos.

A cidade estima uma perda de receita de R$ 150 milhões com a mudança de regras de partilha dos royalties. A maior parte dos manifestantes da cidade traziam uma camiseta doada pela prefeitura, dizendo que a cidade com o maior impacto tem de ser aquela também com o maior volume em royalties.

Já a delegação de Campos, também no norte fluminense, era menor. A prefeitura reclama de um distrato do governador Sérgio Cabral, que ficou de mandar 100 ônibus para a cidade e só enviou 20 veículos.

Engrossavam ainda a manifestação agentes da operação Choque de Ordem, da Prefeitura, e da Lei Seca, do Estado. Ambos liberaram servidores e terceirizados para participar do protesto. ( Folha)