O Jornal do Brasil estranha e repudia a notícia da venda da Delta, em um momento em que a empreiteira é alvo de investigação por malversação do dinheiro público e envolvimento com a máfia comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira em Goiás.
A opinião pública não pode aceitar este tipo de transação, que arrisca a segurança nacional uma vez que governadores, parlamentares, e também funcionários das áreas de Segurança e Saúde foram flagrados colaborando com um esquema criminoso de proporções nunca antes vistas no país.
A transação é ainda mais espantosa na medida em que o último balanço do grupo frigorífico JBS aponta que os seus ganhos com a venda de carne são totalmente desproporcionais ao elevado faturamento verificado no mercado financeiro. Tal negócio mais parece uma queima de arquivo, que não condiz com o histórico de uma instituição exemplar como o BNDES. O banco estatal detém 30% das ações da empresa.
O JB fará o que for preciso para tentar impedir esta afronta à população. Prova da legitimidade de nossos atos foi a decisão do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro de abrir inquérito para apurar irregularidades no processo.
Conforme afirmou o procurador Nívio de Freitas, "caso se concretize esse negócio, por força de sua participação acionária no grupo JBS, o BNDES, em evidente afronta aos princípios de legalidade e moralidade, irá inexoravelmente participar de empresa sobre a qual recaem notícias de prática de graves ilicitudes e que se sujeita a ser declarada inidônea para contratar com o poder público".
O tema já havia sido abordado pelo Jornal do Brasil, na última quinta quarta-feira (9). Na ocasião, o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Sérgio Lazzarini, autor de diversos artigos e do livro "Capitalismo de Laços", destacou as relações políticas entre o poder público e o frigorífico. Ele também diz que a insatisfação demonstrada pelo Planalto é apenas uma tentativa de mostrar que Brasília não interferiu na fusão. Atualmente, a presidência do conselho de administração da J&F - holding que controla a companhia - é ocupada pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
"É estranho que a JBS, que tem por exemplo, o Henrique Meirelles, e excelente conexão com o planalto, vá fazer algo que desagrade o governo", ponderou.