Em discurso polêmico na Câmara, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) disse ter recebido uma gravação que comprova a ligação direta do governador Sérgio Cabral (PMDB) com o contraventor Carlinhos Cachoeira. De acordo com o parlamentar, a gravação é de um integrante da quadrilha de Cachoeira com um bicheiro do Rio de Janeiro.
"Um determinado emissário de Carlinhos Cachoeira procura os bicheiros do Rio de Janeiro e lhes transmite o recado: 30% do mercado de jogo no Rio será, de agora em diante, de Carlinhos Cachoeira. O acerto foi feito pelo Fernando (Cavendish) com o governador Sérgio Cabral. Vocês vão ter que abrir", relata Garotinho.
Os bicheiros cariocas, no entanto, se recusaram e deixar Cachoeira entrar no mercado e foram os alvos de uma operação da Polícia Civil contra o jogo do bicho em todo o estado.
"Ainda não sei se isso é verdade ou não. Estou apurando. Quando eu tiver certeza de tudo isso, pode ter certeza que isso vai para o ar em todos os detalhes", disse o deputado.
Outro alvo de Garotinho foi o ex-desembargador Roberto Wider. Ele o acusou de ter lhe cobrado US$ 500 mil por uma sentença a seu favor. A polêmica remete a um episódio de 2006, na eleição suplementar para a prefeitura de Campos, no Norte Fluminense. Marcada por denúncias de irregularidades, a eleição foi julgada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), do qual Wider era presidente.
"Nos encontramos na casa de um ilustre advogado no Rio de Janeiro e, quando ele foi ao banheiro, esse jurista me informou a quantidade de dinheiro que ele queria para dar um parecer a meu favor. Eu me neguei, já que meu pai sempre me disse que vale mais pagar um bom advogado do que pagar uma sentença", conta Garotinho. "Como eu me neguei, ele fez um voto muito pesado contra mim, me acusando até de compra de votos".
Anos depois, Wider seria afastado das funções pelo Conselho Nacional de Justiça por suspeitas de favorecimento a aliados e tráfico de influência no Tribunal de Justiça do Rio. ( JB , 3/5/2012 )