sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

IDEB, "IDEB-OBIZAÇÃO" E HORÁRIO INTEGRAL.

1. (Estado de SP, 22) Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2012 de 309 escolas de tempo integral do governo do Estado de São Paulo revelam que não houve diferença de aprendizagem entre alunos da rede normal e os que estavam no modelo até o ano passado. Nessas escolas, nos dois ciclos do ensino fundamental, as notas de matemática, apesar de serem mais altas, estão na mesma faixa na escala de proficiência. Assim, os alunos sabem a mesma coisa.

2.1. (Ex-Blog) Não é necessário consultar grandes educadores para saber o que o bom senso indica, especialmente no mundo de hoje em que a socialização das crianças e adolescentes se dá em proporção muito menor no mundo da família e da escola que antes. E com o acesso à internet, essa proporção é ainda menor.

2.2. O Universo da Educação abrange não só o Ensino, mas a inclusão social, cultural, esportiva, profissional... Nas escolas públicas em que a proporção de crianças e adolescentes de baixa renda é muito maior, as questões inclusivas são fundamentais, seja do ponto de vista da nutrição, da higiene e da mobilidade, como do estímulo à permanência na escola através das práticas culturais e esportivas, que sugerem mobilidade social pelas referências externas que as crianças e adolescentes têm.

2.3. O Horário Integral, nesse sentido, está mais voltado para as funções inclusivas do que propriamente para o ensino, embora, claro, cumpra suas funções também aqui, mas quase sempre de apoio (dever de casa, reforço...). Portanto, não é surpresa o resultado identificado no Estado de SP por comparação de escolas em regime distinto. Se fossem realizadas análises também no campo das inclusões, certamente se verificaria o diferencial.

2.4. O IDEB é um índice importante de avaliação, mas apenas um de tantos outros índices. Nem se precisa lembrar as críticas –que hoje são gerais- à mistura de avaliação e notas de prova. Por isso, IDEB não pode ser objeto de prioridade de treinamento com vistas àquele índice. Sendo assim, a Escola vira cursinho de concurso ou vestibular, mecanizando os acertos.

2.5. Empresas, Fundações, Institutos e ONGs privados estão usando o IDEB para mensurar quantitativamente seus métodos. Oferecem pacotes aos governos para que os governantes –na sua função política e de comunicação- “brilhem”, ajudando-os a subir degraus no Índice. A prefeitura do Rio é um exemplo disso, a ponto de alunos com notas insuficientes nos “cursinhos” internos fiquem qualificados em turmas de transição e, dessa forma, não são apresentados para as provas do IDEB. Estima-se que no Rio isso ocorra com pelo menos 20% dos alunos das séries que farão as provas.

2.6. Na prefeitura do Rio os Polos de inclusão pelas artes, pelos esportes e pelos ofícios, foram desativados em 2013. Afinal, o que interessa nesse esquema de privatização do ensino é mecanizar para as provas. As funções inclusivas nas escolas, básicas e fundamentais para os alunos de baixa renda, são minimizadas.

2.7. A isso se chama “IDEB-OBIZAÇÃO”. Uma vez empacotados os alunos e algum avanço no IDEB, a Prefeitura ou Estado que serviu de cobaia, como a do Rio, é oferecido como exemplo, para que o pacote privado seja oferecido a outros governos para o glamour dos governantes. Em uns anos mais, quando se der conta disso, a "Ideb-obização" já terá desintegrado toda uma ou duas gerações.