Informações foram obtidas pela CPI da Alerj que investigou o tráfico de armas. Apenas 6% delas já foram recuperadas
Depósito de armas da DFAE (Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos) da Polícia Civil do Rio
As instituições policiais estaduais e federais, além das Forças Armadas, tiveram ao menos 1.580 armas desviadas no Estado do Rio de Janeiro no período entre 2000 e 2010.
As informações constam do relatório da CPI da Assembleia Legislativa (Alerj) que investigou o tráfico de armas no Estado e foi concluída em dezembro do ano passado. Todas os dados foram enviados aos parlamentares pelas corporações por meio de ofícios. A Comissão foi presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
Das 1.580 armas que foram subtraídas das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, além da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, Exército, Marinha e Aeronáutica, há informações de que apenas 96 foram recuperadas, ou seja, um percentual de apenas 6%.
O número de armas desviadas de forças públicas, no entanto, é pequeno se comparado aos roubos ocorridos na iniciativa privada no período. Segundo o relatório, entre 2000 e 2010, foram subtraídas 7.332 armas.
Segundo o relatório, a Polícia Civil foi o órgão que teve o maior número de armas desviadas no período. Foram 638, sendo que 549 pertenciam ao patrimônio original da polícia e outras 89 que estavam acauteladas e foram incorporadas.
De acordo com a CPI, apenas 19 armas foram recuperadas. Entre as armas desviadas, estariam três fuzis que foram levados no dia 3 de abril de 2010 do posto de Polícia Técnica, em Campo Grande, na zona oeste da capital. As armas, segundo as investigações, teriam sido vendidas a traficantes de drogas. Agentes estariam envolvidos.
A PM, de acordo com a CPI, teve 607 armas desviadas entre 2000 e 2010. Segundo o relatório, a corporação não informou se alguma delas foi recuperada. Em muitos casos, as armas da corporação foram roubadas durante ataques de bandidos a PMs nas ruas.
Uma das situações ocorreu em 17 de janeiro de 2010 quando criminosos metralharam PMs que estavam em uma viatura na avenida Paulo de Frontin, na Cidade Nova, na região central da capital, e levaram um fuzil. Um policial morreu. A Aeronáutica, segundo o documento da CPI, perdeu 133 armas no período, entre fuzis, pistolas, submetralhadoras, espingardas, revólveres e até um mosquetão.
O relatório da Comissão Parlamentar indica que 24 armas foram recuperadas (22 fuzis e duas pistolas). Um dos casos de desvio de maior repercussão ocorreu em maio de 2004 quando cinco homens armados, contando com a suposta ajuda de militares, roubaram 22 fuzis do Depósito de Aeronáutica, na avenida Brasil, em Bonsucesso, na zona norte da capital. Dois destes fuzis foram recuperados em Recife com uma quadrilha de assaltantes de banco.
O Exército teve 75 armas desviadas entre 2000 e 2010, segundo a CPI. A corporação listou no material subtraído dez fuzis que foram cedidos à PM e que acabaram roubados dos 9º BPM (Rocha Miranda, zona norte), 6º BPM (Tijuca, zona norte), 22º BPM (Complexo da Maré, zona norte), 3º BPM (Méier, zona norte) e BPVE (Batalhão de Policiamento em Vias Especiais).
O relatório da Comissão indica que 41 armas foram recuperadas pela corporação. Em março de 2006, dez fuzis foram roubados do Estabelecimento Central de Transportes do Exército (ECT), em São Cristóvão, na zona norte.
Para tentar recuperá-los, a corporação fez operações em várias favelas da capital. Os fuzis apareceram poucos dias após o roubo na divisa entre as favelas da Rocinha e do Vidigal, na zona sul. Dois militares apontados como suspeitos de envolvimento no desvio foram expulsos do Exército e condenados pela Justiça Militar.
Dados do relatório da CPI indicam que a Marinha teve 40 armas desviadas no período estudado. Apenas oito foram recuperadas. Um dos casos mais conhecidos foi o do ataque à estação de rádio da corporação, na rodovia Washington Luís, em agosto de 2002. Na ocasião, os bandidos roubaram seis fuzis.
Os parlamentares conseguiram também a informação de que 17 armas foram desviadas dos quadros da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) e apenas três foram recuperadas. Todas essas armas, de acordo com a CPI, foram cedidas por outros órgãos.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), segundo a CPI, perdeu 70 armas entre 2000 e 2010. Apenas uma foi recuperada. O relatório indicou ainda que a PF (Polícia Federal) teria registrado, no período estudado, cinco ocorrências de desvios de armas acauteladas na Superintendência do órgão, no Rio. No entanto, a quantidade de armas levadas não foi informada aos parlamentares.( fonte : Ig )
Veja abaixo o infográfico com o número de desvios por arma e por corporação no Rio entre 2000 e 2010: