terça-feira, 12 de junho de 2012

RIO + 20 - SOCIEDADE = INEFICÁCIA


A poucos momentos de ser iniciada a Rio + 20 , Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável , temos a sensação de que a Sociedade não está envolvida. A questão ambiental depara com dois problemas que se constituem em barreiras difíceis de se transpor. Os megaempresários não abrem mão dos lucros decorrentes do estímulo ao consumismo e à exploração dos recursos naturais até a sua exaustão. Os cidadãos , por meio de uma avalanche de propaganda , são impelidos a entender a vida como um processo de gasto e prazer pessoal , mesmo que o ambiente natural seja espoliado. Os governantes , que precisam dos votos dos consumistas e de apoio financeiro para suas campanhas não tomam iniciativas para coibir o abuso em relação à natureza. Inibir as agressões aos ecossistemas seria prejuízo eleitoral, pensam eles.

Esses megaempresários , em regra , são pessoas esclarecidas e conhecem as consequências das suas ações predatórias , mas não procuram metodologias que permitam o crescimento econômico sem o prejuízo da fauna e da vegetação , bem como pouco se importam com a preservação da qualidade das águas , do ar e do solo.

De outro lado , estão as pessoas que não têm a percepção de que estão inseridas no ecossistema que vem se esgotando e do qual a VIDA , no seu sentido lato , depende fundamentalmente. Elas estão longe de se dar conta de que muitas doenças humanas decorrem das sucessivas agressões ao meio ambiente. Elas são vítimas da falta de educação voltada para o tema e da carência de políticas públicas para preservação ambiental.

Segundo pesquisa , menos de 20% das pessoas ouviram falar da Rio + 20 no Brasil. Isso prova que não há um planejamento para que as escolas , as igrejas , os condomínios , as associações de moradores , os clubes de serviço , a mídia, os sindicatos e as organizações estudantis capilarizem as informações sobre a importância desse evento.

Parece que é intencional ! Os governos não têm interesse nessa capilarização . Temem que a conscientização da população possa estimular debates e movimentos sociais que irão de encontro com os interesses das grandes indústrias.Os próprios gevernantes terão que destinar verbas para implementar políticas públicas no setor ambiental e fiscalização em relação às práticas lesivas ao ambiente.

A prova disso está no relatório divulgado nessa semana pelo PNUMA ( Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ) , mostrando que , de 90 metas ambientais acordadas internacionalmente nos últimos 40 anos , apenas quatro tiveram avanços significativos. O número representa menos de 5% do total e é inferior à quantidade de objetivos que tiveram retrocesso - oito no total.

Combater o desmatamento , investir em políticas de incentivo ao transporte público e de melhoria da qualidade do ar e aumentar o acesso da população à água potável e ao saneamento são algumas providências que o Brasil terá de fazer para melhorar as condições ambientais e a qualidade de vida da população.

Para que uma maior esponsabilização de governos e empresários , o desempenho dos países no seu crescimento não deve estar restrito ao PIB ( Produto Interno Bruto ). Ao lado do IDH ( Índice de Desenvolvimento Humando ) e do PIB per capita , um outro indicador que avalie a sustentabilidade ambiental dos países e dos setores econômicos com base na eficiência energética , uso da água , cobertura vegetal , emissão de gases e gestão de resíduos deve ser levado em conta. E os diversos setores organizados da sociedade , além do cidadão comum , devem participar do acompanhamento na perseguição de resultados positivos nesses setores.

A Rio + 20 deve analisar os três pilares nos quais se alicerça de forma integrada: o ambiental , o social e o econômico. Devem ser disponibilizados , para os cidadãos , mecanismos para acompanhamento dos debates. Se possível , em tempo real e de forma interativa. Se isso já está planejado , ótimo . Vamos em frente . A conferência não pode se limitar a ser um encontro de cúpula.

Mas , como tornar a questão ambiental como tema de todos , se não temos esgotamento sanitário ? Como envolver as pessoas , se os grandes condomínios e até prédios públicos despejam dejetos nos rios e nas lagoas? Como desenvolver a ecocultura , se estamos aumentando a quantidade de ônubus e automóveis , em lugar de transporte sobre trilhos ? Há que se promover uma Revolução Cultural pró preservação ambiental , a começar por um grande pacto , em que , desde criança , a pessoa valorize o que a Natureza lhe oferece de bom. Sem isso , os encontros de cúpula se sucederão , sem eficácia , sem atingir o tecido social.