terça-feira, 12 de junho de 2012

Rio + 20 : Duas décadas e Rio não aprendeu com a Eco-92.


Poluição no Rio Marimbondo, em São Gonçalo: pescadores e moradores convivem com esgoto e lixo em toda a margem

A partir de amanhã, o Rio de Janeiro abre as portas para receber a Rio +20, a conferência das Nações Unidas que discute o desenvolvimento sustentável. Enquanto chefes de Estado vão teorizar sobre a melhor maneira de garantir a sustentabilidade, a população se vira para sustentar a sua sobrevivência num ambiente cada vez mais tomado pelo lixo, pela falta de saneamento e pela destruição de áreas verdes.

- Minha sustentabilidade foi comprar quatro gatos para matar os ratos que entram constantemente lá em casa - conta Marcio Batista.

O vendedor mora às margens do rio Marimbondo, em São Gonçalo. O canal - um dos principais da região - tornou-se um grande esgoto a céu aberto, que, além do mau cheiro, também abriga os incômodos animais.

O problema vai ainda mais longe. Os mesmos 20 anos que separam a Eco-92 - última conferência sobre meio ambiente que aconteceu na cidade - da Rio +20, separam os dias de hoje do início da luta da família de Marcio e Luiz Alberto Batista pela despoluição do rio.

Em 1992, seu irmão morreu, vítima de leptospirose, contraída no Marimbondo. Aos 25 anos, pai de um filho recém-nascido, o jovem pegou a doença durante a construção da sua casa às margens do rio, no mesmo local onde hoje mora Luiz Alberto. A mãe dos três irmãos, aos 65 anos, com dificuldade de locomoção, se mudou para Cabo Frio por medo do futuro.

- Na época da Eco-92 pedimos ajuda a alguns políticos e a única coisa que chegou aqui foi o pedreiro para construir uma barreira mais alta para impedir a água de entrar na minha casa - afirma Luiz Alberto.

Mas há quem lembre de uma época sem poluição. Há 30 anos, o canal já foi utilizado para pesca, sendo o principal meio de sobrevivência de vários moradores. Cleyton dos Anjos começou na profissão aos 14 anos, mas, hoje, aos 40, utiliza o córrego apenas para descer até o mar, com sacrifício. Mesmo com tanto lixo, mantém viva só a esperança de que tudo volte ao normal.
- Hoje em dia nem caranguejo aparece aqui. Já prometeram de tudo.

EXTRA.