Secretário municipal inaugura obras e é criticado por pacientes no Souza Aguiar
Secretário visita hospital e ignora enfermos deitados em macas nos corredores
O secretário municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, Hans Dohmann, visitou, na manhã desta quinta-feira (23), os hospitais municipais Souza Aguiar, no Centro, e Salgado Filho, no Méier, para conferir as novas instalações dos refeitórios e cozinhas, que receberam um investimento de cerca de R$ 6 milhões da prefeitura.
No Souza Aguiar, Dohmann foi alvo de críticas de pacientes que aguardavam por atendimento em um dos corredores do hospital, por onde o secretário passou sem comentar a situação dos enfermos em cadeiras e macas pelo caminho. Na ocasião, ele afirmou que vê melhoras na situação da saúde pública da cidade. O prefeito Eduardo Paes era esperado para a visita, mas não compareceu.
Em rápida entrevista à imprensa, o secretário garantiu que não faltam esforços da prefeitura no que diz respeito a solucionar a crise da saúde pública na cidade.
“A saúde pública do Rio de Janeiro ficou numa situação ruim de abandono nas últimas décadas”, afirmou. “Mas já vivemos um processo de recuperação. Isso demandará tempo, mas esse tempo está sendo bem aproveitado. A recuperação é impressionante, os números são gigantescos”.
Apesar do otimismo do secretário, o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed-RJ) sustenta que a saúde pública da cidade “vive uma situação gravíssima”. De acordo com o presidente da associação, Jorge Darze, o descaso do poder público “chegou a tanto, que o próprio governo federal reconhece que a situação é de calamidade pública”.
“As políticas de promoção do governo e do município do Rio são muito mais voltadas ao marketing pessoal e desvio do foco do que para o real problema de saúde da cidade”, rebate Darze.
“Um médico da rede pública começa ganhando um salário de R$ 1.800 enquanto um médico das UPAs e Clínicas da Família ganham de três a quatro vezes mais.
A diferença é que os médicos da chamada Organização Social de Saúde (OSS) são selecionados com base em recomendação, quem indica, e não concurso público. No fim, a população não tem como saber se está nas mãos de um bom profissional”.Os médicos do município também criticam a disparidade dos salários dos concursados e contratados das OSS.
Uma médica do Souza Aguiar, que prefere não se identificar, critica a política de contratação terceirizada. “A contratações não seguem nenhum critério de seleção, há médicos que um dia estão trabalhando como residentes e no dia seguinte são contratados sem ao menos terminar a residência”, denuncia. Para a médica, essa falha nos Recursos Humanos dos hospitais acaba prejudicando ainda mais a população.
“A política de saúde do município é abrir portas de entrada para o sistema. Mas essa política não consegue dar conta de doentes de alta complexidade. O Souza Aguiar tem tamanho, mas não comporta a demanda”, comenta.“Os doentes chegam, são internados, mas não temos leitos suficientes. Eles deveriam entrar, receber tratamento e então serem mandados para locais onde possam ser captados ambulatoriamente, mas na prática não é isso que acontece”.
De acordo com Darze, a falta de acompanhamento médico agrava muitas doenças cujo tratamento seria simples, a princípio. “Muitas enfermidades precisam de acompanhamento, como o Infarto agudo do miocárdio e a diabetes”, explica. “O crescimento de amputações de pernas de diabéticos nos hospitais do Rio de Janeiro é só um exemplo dessa crise”.
Um médico do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, afirma que o serviço de saúde trabalha sem neurocirurgião e com poucos cirurgiões vasculares. “Isso é ainda mais grave porque estamos falando de um hospital na Barra da Tijuca, bairro onde há um enorme número de acidentes”,conta. “Um paciente chega com traumatismo craniano e não tem nenhum neurocirurgião? Vai fazer uma tomografia e não tem tomógrafo? Nessa ‘brincadeira’, o paciente perde tempo e morre, ou então fica sequelado. As emergências hoje tinham que mandar prender o secretário de saúde, é uma total irresponsabilidade ”. ( JB)
No Souza Aguiar, Dohmann foi alvo de críticas de pacientes que aguardavam por atendimento em um dos corredores do hospital, por onde o secretário passou sem comentar a situação dos enfermos em cadeiras e macas pelo caminho. Na ocasião, ele afirmou que vê melhoras na situação da saúde pública da cidade. O prefeito Eduardo Paes era esperado para a visita, mas não compareceu.
Em rápida entrevista à imprensa, o secretário garantiu que não faltam esforços da prefeitura no que diz respeito a solucionar a crise da saúde pública na cidade.
“A saúde pública do Rio de Janeiro ficou numa situação ruim de abandono nas últimas décadas”, afirmou. “Mas já vivemos um processo de recuperação. Isso demandará tempo, mas esse tempo está sendo bem aproveitado. A recuperação é impressionante, os números são gigantescos”.
Apesar do otimismo do secretário, o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed-RJ) sustenta que a saúde pública da cidade “vive uma situação gravíssima”. De acordo com o presidente da associação, Jorge Darze, o descaso do poder público “chegou a tanto, que o próprio governo federal reconhece que a situação é de calamidade pública”.
“As políticas de promoção do governo e do município do Rio são muito mais voltadas ao marketing pessoal e desvio do foco do que para o real problema de saúde da cidade”, rebate Darze.
“Um médico da rede pública começa ganhando um salário de R$ 1.800 enquanto um médico das UPAs e Clínicas da Família ganham de três a quatro vezes mais.
A diferença é que os médicos da chamada Organização Social de Saúde (OSS) são selecionados com base em recomendação, quem indica, e não concurso público. No fim, a população não tem como saber se está nas mãos de um bom profissional”.Os médicos do município também criticam a disparidade dos salários dos concursados e contratados das OSS.
Uma médica do Souza Aguiar, que prefere não se identificar, critica a política de contratação terceirizada. “A contratações não seguem nenhum critério de seleção, há médicos que um dia estão trabalhando como residentes e no dia seguinte são contratados sem ao menos terminar a residência”, denuncia. Para a médica, essa falha nos Recursos Humanos dos hospitais acaba prejudicando ainda mais a população.
“A política de saúde do município é abrir portas de entrada para o sistema. Mas essa política não consegue dar conta de doentes de alta complexidade. O Souza Aguiar tem tamanho, mas não comporta a demanda”, comenta.“Os doentes chegam, são internados, mas não temos leitos suficientes. Eles deveriam entrar, receber tratamento e então serem mandados para locais onde possam ser captados ambulatoriamente, mas na prática não é isso que acontece”.
De acordo com Darze, a falta de acompanhamento médico agrava muitas doenças cujo tratamento seria simples, a princípio. “Muitas enfermidades precisam de acompanhamento, como o Infarto agudo do miocárdio e a diabetes”, explica. “O crescimento de amputações de pernas de diabéticos nos hospitais do Rio de Janeiro é só um exemplo dessa crise”.
Um médico do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, afirma que o serviço de saúde trabalha sem neurocirurgião e com poucos cirurgiões vasculares. “Isso é ainda mais grave porque estamos falando de um hospital na Barra da Tijuca, bairro onde há um enorme número de acidentes”,conta. “Um paciente chega com traumatismo craniano e não tem nenhum neurocirurgião? Vai fazer uma tomografia e não tem tomógrafo? Nessa ‘brincadeira’, o paciente perde tempo e morre, ou então fica sequelado. As emergências hoje tinham que mandar prender o secretário de saúde, é uma total irresponsabilidade ”. ( JB)