EDUCAÇÃO: PREFEITURA DO RIO INVENTA UM IDEB PRÓPRIO E MANIPULA!
1- No início de 2009, a nova gestão da educação municipal aplicou uma prova de surpresa, trazida de SP, e completamente descontextualizada nos termos e nos fatos, do dia a dia carioca. O túmulo de Paulo Freire tremeu. A fiscalização externa teve caráter policial, inibindo professores e alunos. Foram apresentados para a imprensa números distorcidos como resultado.
2. Logo depois, se iniciou um processo de "treinamento" para preparar os alunos, não para conhecer, mas para responder provas. Os testes feitos em 2009 e 2010 mostraram que esse jeitinho não estava dando certo. O número de repetências artificiais foi de tal ordem, que a prefeitura retomou o arcaico sistema de "segunda época" para tentar corrigir o elitismo aplicado. Pior a emenda que o soneto.
3. Finalmente, agora em 2011, foi distribuída antecipadamente questões, de forma a que se pudesse "treinar" as turmas para responder e aumentar as notas das provas a serem aplicadas. Mesmo assim não deu certo. Se há um consenso na área de educação no mundo todo, é que as provas são apenas um dos elementos de avaliação de capacidade de aprender e do aprendizado.
4. Mas para conseguir espaços na imprensa e aplausos de alguns desinformados, foi destacado o resultado de uma ou de outra escola, especialmente em áreas mais pobres. Por exemplo: um Ciep localizado no bairro de Santa Cruz, assim como outras escolas, não tiveram todos os seus alunos testados. Naquele caso -e em outros- os melhores 60% dos alunos é que foram submetidos à prova.
5. Nestes meses, as escolas têm recebido diversas questões que devem ser trabalhadas em sala de aula como exercício e que depois fazem parte das provas. Só muda o número. De tudo isso, estabelece-se uma falsa dinâmica com fins publicitários, legitimam-se pacotes de empresas, institutos e fundações, pasteurizados que, somados, já se aproximam de 1 bilhão de reais e deixa-se claro que o que move este método é a destruição da escola pública e a privatização do ensino público de maior tradição no Brasil.
6- Até poucos anos, os governos municipais do Rio de Janeiro tinham uma política pautada na Multieducação que desencorajava a cobrança dos professores sobre os alunos, praticamente colocando no ostracismo pedagógico aquele profissional que realizasse testes e provas com seus alunos, como se o mesmo fosse um verdadeiro “dinossauro da educação”, por insistir em implementar na sua avaliação algo considerado “ultrapassado”.
7- Hoje, ao contrário daquela época não tão distante no tempo, vemos uma política educacional diferente na Secretaria Municipal de Educação, em que temos uma verdadeira “indústria da prova”, com “avaliações diagnósticas”, “provas bimestrais da Prefeitura”, “provões”, “Prova Rio”, “Prova Brasil”, prova de tudo que é jeito e para todos os gostos, mas nem por isso menos nociva no seu conteúdo para os alunos e docentes da rede municipal do Rio de Janeiro.
8- O que continua, entretanto, é a mesma intenção da SME e da Prefeitura de tratar os alunos e os profissionais de educação como “cobaias” de seus projetos –“experimentos” – pedagógicos. São políticas decididas de cima para baixo, sem a devida participação e autonomia do fazer pedagógico dos profissionais nas suas respectivas unidades escolares, respeitando a realidade da sua comunidade escolar.
9- Como parte desses “experimentos” pedagógicos, temos as provas acima citadas. A quem interessa a realização dessas provas? Com certeza não aos alunos e seus responsáveis, que não foram consultados, e nem aos docentes que estão cada vez mais assoberbados de trabalho desgastante, de aplicação e de correção de provas não por eles organizadas e idealizadas. Provas que ferem a autonomia do fazer pedagógico do professor, que conhece melhor do que ninguém a realidade do aluno com quem convive diariamente na sala de aula.
10- Provas que mobilizam toda uma escola, retirando preciosos dias de aula em que os nossos alunos poderiam estar tomando contato com conteúdos curriculares importantes, que devem ser corrigidas por profissionais que as aplicaram mesmo que pertençam a outras disciplinas e que, portanto, não tenham um conhecimento específico para tal tarefa. Isso é brincar de fazer educação!!!
11- Mas tudo isto faz parte de um projeto maior que a SME vem implementando no município do Rio de Janeiro: o aporte de verbas públicas para projetos em parceria com entidades e fundações privadas, em suma, a privatização do ensino público. O que temos visto é a destinação de dinheiro público em cadernos de disciplinas que fogem muitas das vezes dos currículos dos anos ensino fundamental que são ensinados em sala de aula, material pedagógico elaborado por essas entidades, etc.
7. Esta verba da educação municipal deveria estar sendo usada na melhora da infraestrutura física e material das escolas, na contratação de mais funcionários – cuja carência sabemos ser imensa e que o caso trágico de Realengo tornou claro –, e na valorização salarial urgente dos profissionais de educação, que têm que se dedicar a uma jornada de trabalho estafante para poder sobreviver.
12- Concluindo, afirmamos que isto não pode ser sério enquanto proposta de política para a educação de uma cidade tão importante quanto a do Rio de Janeiro e que não aceitamos ser meros executores de um trabalho alienado, desgastante e não remunerado e que foge de todos os preceitos daquilo que se chama autonomia pedagógica, consagrada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
13-Tendo em vista tudo o que está exposto nos parágrafos anteriores, nós profissionais de educação ratificamos nossa total discordância quanto à política de avaliações proposta pela SME e decidimos não participar do processo de correção das mesmas. Rio de Janeiro, 24 de abril de 2011.
Célio Lupparelli
Fonte; Ex-blog César Maia
1- No início de 2009, a nova gestão da educação municipal aplicou uma prova de surpresa, trazida de SP, e completamente descontextualizada nos termos e nos fatos, do dia a dia carioca. O túmulo de Paulo Freire tremeu. A fiscalização externa teve caráter policial, inibindo professores e alunos. Foram apresentados para a imprensa números distorcidos como resultado.
2. Logo depois, se iniciou um processo de "treinamento" para preparar os alunos, não para conhecer, mas para responder provas. Os testes feitos em 2009 e 2010 mostraram que esse jeitinho não estava dando certo. O número de repetências artificiais foi de tal ordem, que a prefeitura retomou o arcaico sistema de "segunda época" para tentar corrigir o elitismo aplicado. Pior a emenda que o soneto.
3. Finalmente, agora em 2011, foi distribuída antecipadamente questões, de forma a que se pudesse "treinar" as turmas para responder e aumentar as notas das provas a serem aplicadas. Mesmo assim não deu certo. Se há um consenso na área de educação no mundo todo, é que as provas são apenas um dos elementos de avaliação de capacidade de aprender e do aprendizado.
4. Mas para conseguir espaços na imprensa e aplausos de alguns desinformados, foi destacado o resultado de uma ou de outra escola, especialmente em áreas mais pobres. Por exemplo: um Ciep localizado no bairro de Santa Cruz, assim como outras escolas, não tiveram todos os seus alunos testados. Naquele caso -e em outros- os melhores 60% dos alunos é que foram submetidos à prova.
5. Nestes meses, as escolas têm recebido diversas questões que devem ser trabalhadas em sala de aula como exercício e que depois fazem parte das provas. Só muda o número. De tudo isso, estabelece-se uma falsa dinâmica com fins publicitários, legitimam-se pacotes de empresas, institutos e fundações, pasteurizados que, somados, já se aproximam de 1 bilhão de reais e deixa-se claro que o que move este método é a destruição da escola pública e a privatização do ensino público de maior tradição no Brasil.
6- Até poucos anos, os governos municipais do Rio de Janeiro tinham uma política pautada na Multieducação que desencorajava a cobrança dos professores sobre os alunos, praticamente colocando no ostracismo pedagógico aquele profissional que realizasse testes e provas com seus alunos, como se o mesmo fosse um verdadeiro “dinossauro da educação”, por insistir em implementar na sua avaliação algo considerado “ultrapassado”.
7- Hoje, ao contrário daquela época não tão distante no tempo, vemos uma política educacional diferente na Secretaria Municipal de Educação, em que temos uma verdadeira “indústria da prova”, com “avaliações diagnósticas”, “provas bimestrais da Prefeitura”, “provões”, “Prova Rio”, “Prova Brasil”, prova de tudo que é jeito e para todos os gostos, mas nem por isso menos nociva no seu conteúdo para os alunos e docentes da rede municipal do Rio de Janeiro.
8- O que continua, entretanto, é a mesma intenção da SME e da Prefeitura de tratar os alunos e os profissionais de educação como “cobaias” de seus projetos –“experimentos” – pedagógicos. São políticas decididas de cima para baixo, sem a devida participação e autonomia do fazer pedagógico dos profissionais nas suas respectivas unidades escolares, respeitando a realidade da sua comunidade escolar.
9- Como parte desses “experimentos” pedagógicos, temos as provas acima citadas. A quem interessa a realização dessas provas? Com certeza não aos alunos e seus responsáveis, que não foram consultados, e nem aos docentes que estão cada vez mais assoberbados de trabalho desgastante, de aplicação e de correção de provas não por eles organizadas e idealizadas. Provas que ferem a autonomia do fazer pedagógico do professor, que conhece melhor do que ninguém a realidade do aluno com quem convive diariamente na sala de aula.
10- Provas que mobilizam toda uma escola, retirando preciosos dias de aula em que os nossos alunos poderiam estar tomando contato com conteúdos curriculares importantes, que devem ser corrigidas por profissionais que as aplicaram mesmo que pertençam a outras disciplinas e que, portanto, não tenham um conhecimento específico para tal tarefa. Isso é brincar de fazer educação!!!
11- Mas tudo isto faz parte de um projeto maior que a SME vem implementando no município do Rio de Janeiro: o aporte de verbas públicas para projetos em parceria com entidades e fundações privadas, em suma, a privatização do ensino público. O que temos visto é a destinação de dinheiro público em cadernos de disciplinas que fogem muitas das vezes dos currículos dos anos ensino fundamental que são ensinados em sala de aula, material pedagógico elaborado por essas entidades, etc.
7. Esta verba da educação municipal deveria estar sendo usada na melhora da infraestrutura física e material das escolas, na contratação de mais funcionários – cuja carência sabemos ser imensa e que o caso trágico de Realengo tornou claro –, e na valorização salarial urgente dos profissionais de educação, que têm que se dedicar a uma jornada de trabalho estafante para poder sobreviver.
12- Concluindo, afirmamos que isto não pode ser sério enquanto proposta de política para a educação de uma cidade tão importante quanto a do Rio de Janeiro e que não aceitamos ser meros executores de um trabalho alienado, desgastante e não remunerado e que foge de todos os preceitos daquilo que se chama autonomia pedagógica, consagrada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
13-Tendo em vista tudo o que está exposto nos parágrafos anteriores, nós profissionais de educação ratificamos nossa total discordância quanto à política de avaliações proposta pela SME e decidimos não participar do processo de correção das mesmas. Rio de Janeiro, 24 de abril de 2011.
Célio Lupparelli
Fonte; Ex-blog César Maia
Pois é Professor Célio. A atual administração, no intuito de mascarar os maus resultados na área da educação, dentre outras, tenta nos "enfiar" tais números pomposos que, na verdade, são os invencionismos que é atuante na atual dupla governamental. Os ignorantes e sem acesso a informação de conteúdo absorvem tais infomações sem saber, realmente, que não têm base legal.
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