sábado, 31 de março de 2012

Rio de Janeiro , a cidade partida !


Visitas aos shoppings para comprar um perfume , uma saia , ou simplesmente nada ; ou para passear , tomar um sorvete , ver as modas e imaginar que está vivendo em um paraíso , onde a únida razão de viver é ter , não importa que seja sem sentido social. Lançar mão do dinheiro virtual , através do seu cartão de crédito , imaginariamente um símbolo de poder econômico e de ascenção social , é outro expediente comum para adquirir , compulsivamente , eletrodomésticos , roupas , carros novos e até alguns supérfluos.As prestações serão longas e podem comprometer o orçamento  , mas não importa: eu posso , eu tenho.

Esse é o comportamento típico de um significativo grupo de pessoas que , ademais , dispõem de planos de saúde , não precisando enfrentar as mazelas da rede pública , têm seus filhos nas escolas particulares , e saem dos supermercados , semanalmente , com o carrinho cheio de compras. Aos sábados , os maridos jogam , pela manhã , sua pelada com amigos e, depois , vão para os bares discutir futebol e contar as " mentiras da semana " ou " vantagens" . Ao tempo em que , as madames estão no salão de cabelereiro a " fofocar" as novidades e a comentar os capítulos da novela preferida ocorridos na semana. E a " banda segue" ! E a vida segue !

O domingo passa com churrasco de picanha e linguiça , cerveja , futebol na TV , " Faustão" e se encerra com o " Fantástico Show da Vida". A segunda-feira chega e , ressaqueados , todos voltam ao seu dia-a-dia , indo trabalhar de carro ou de ônibus provido de condicionador de ar.Vida boa , vida simples , mas monótona. Como se sentem " garantidas" ,essa gente  não se preocupa com o que afeta o outro grupo de cidadãos discriminados pelas políticas dos maus governos que nos comandam.

Em outro segmento da população , estão as pessoas que vivem em comunidades onde não se respeita a lei.  Seus domicílios são invadidos por agentes públicos a pretexto de se encontrar criminosos ou materiais de crime ou por traficantes para ameaçar , extorquir e intimidar trabalhadores. Não possuem saneamento básico , coleta de lixo , escolas de qualidade para seus filhos , atendimento de saúde com dignidade , visto que muitas unidades não têm médicos , ambulâncias , leitos , macas , cadeiras de roda , algodão , gase nem esparadrapo. É uma " vida de gado " ! Alguns maus políticos usam esses espaços para , através , de ações assistencialistas amealhar votos.

São essas  que enfrentam ônibus e trens lotados , atrasados e mal conservados ; que não suportam mais os serviços prestados pelo Metrô e pelas Barcas ; que morrem por balas perdidas decorrentes dos confrontos entre policiais e bandidos e entre bandidos de diferentes facções criminosas , que convivem com a presença de caveirões e spray de pimenta e que são impedidas de fazer uma festa de aniversário de seus filhos , já que a repressão , seja do estado , seja dos criminosos ,é violenta.

O Rio de Janeiro é uma cidade partida.As autoridades púiblicas têm que implementar políticas sociais universalizantes para dar dignidade e cidadania aos mais pobres e reduzir essas diferenças socioeconômicas, de modo a fazer justiça. Não adianta investir tanto dinheiro em obras para eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas , sem cuidar de seus " filhos" , os cidadãos que aqui vivem. Não somos contra esses eventos , mas há que se cuidar das questões humanizantes , sob pena de as tensões sociais se aprofundarem . Aí , não haverá policiamento para dar conta dos caos social . E essa desgraça não está longe de ocorrer , se medidas urgentes não forem tomadas pelos nossos governantes. Quando se confunde PACIFICAÇÃO com OCUPAÇÃO MILITAR , a coisa não está bem encaminhada !

Nós que vivemos no primeiro grupo temos a responsabilidade de " cobrar " dos governantes a atenção ao grupo desassistido, sob pena de sofrermos as consequências maléficas dessa tensão social . Mesmo que sejamos egoístas , e por mais que queiramos ignorar essa realidade , sofremos com os seus desdobramentos , pois as balas perdidas , os confrontos e os assaltos acabam por nos atingir , queiramos ou não. E até por respeito ao próximo essa conduta nos é imposta.