Rio - Equipes de futebol soçaite ligadas a José Moraes, vice-presidente do Tribunal de Contas do Município (TCM), são patrocinadas por duas das empresas apontadas como corruptoras em reportagem do ‘Fantástico’: a Locanty e a Rufollo. Ambas têm contratos com a Prefeitura do Rio, cujas contas são fiscalizadas pelos integrantes do TCM. Entre 2001 e 2005, Moraes relatou 26 processos da Rufollo no Tribunal.

No ano passado, Moraes participou da assinatura do convênio que permitiu ao Iate-Modus, ligado ao Iate Clube Jardim Guanabara, representar o Flamengo em competições de Futebol de 7 (nova denominação do futebol soçaite). O acordo incluiu o patrocínio da Locanty, que passou a estampar sua marca na camisa do time. O conselheiro do TCM é diretor do Flamengo Iate-Modus e comodoro do Iate Clube. Ontem, a página na Internet do Flamengo Iate-Modus estava fora do ar.
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Acima, patrocínio da Rufollo no uniforme de Edmundo (e), convocado por Moraes (d) para o Mundialito. Entre eles está o lutador Vitor Belfort. Ao lado, a marca da Locanty nas camisas do técnico Moraes (d) e de um jogador do Iate-Modus | Foto: Reprodução / Divulgação
Técnico da Seleção

A Rufollo patrocinou, em 2011, a seleção brasileira que conquistou o vice-campeonato do Mundialito de Futebol de 7 realizado numa arena montada em Copacabana — Moraes foi o técnico da equipe. O presidente da Rufollo, Rufollo Villar, prestigiou o evento e entregou o prêmio ao melhor goleiro do torneio. Em 2007, a empresa foi uma das patrocinadoras da equipe de futsal do Iate Clube Jardim Guanabara. O Informe não conseguiu falar ontem com Moraes que, segundo o TCM, está em viagem de férias.

Moraes e Locanty

Presidente do Tribunal de Contas do Município, Thiers Montebello diz que Moraes deixa de votar em processos que envolvam a Locanty. Ele afirma não recordar se o conselheiro tem tomado a mesma atitude em casos relacionados à Rufollo.

Sem medalha

A deputada Cidinha Campos (PDT) pediu ontem a revogação da Medalha Tiradentes concedida pela Assembleia Legislativa ao presidente da Toesa, David Gomes da Silva. A empresa também está envolvida no escândalo.

Empresa suspeita reformou quadra da Ilha

A prefeitura disse que cancelará os contratos que tem com a Locanty e com a Rufollo. Mas não se manifestou sobre outra empresa citada no ‘Fantástico’, a Trade Building (que entraria em licitações para perder) recebeu R$ 2,7 milhões do município em 2011. Dirigida por Sid Villar, irmão dos donos da Rufollo, a Trade venceu a licitação para ampliar a quadra da Unidos da Ilha. A prefeitura, que bancou a reforma, estimara seu custo em R$ 4,8 milhões; a proposta vencedora foi de R$ 5,3 milhões. Na inauguração, a própria prefeitura divulgou que o investimento chegou a R$ 6,3 milhões.
Passou raspando

A Trade ganhou a licitação por muito pouco. Sua proposta foi apenas R$ 48.762 inferior à da segunda colocada, a Tensor, o que representa uma diferença de 0,9% em relação à concorrente. Pelo regulamento, as empresas poderiam superar o preço estimado em até 10% — a Trade cobrou 9% a mais.

Servente caro

O Iabas, Organização Social que cuida de unidades de saúde na Zona Oeste, também contratou serviços da Rufollo. Segundo o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), o custo de cada servente terceirizado chega a R$ 2.698 — a prefeitura gastava menos, R$ 1.991.