domingo, 26 de maio de 2013

O fracasso das UPPs.

UPPs não conseguem conter a violência em Comunidades. Tiroteio mostra ineficácia da política de segurança.

O tiroteio na Vila Cruzeiro neste domingo (26/5), no Complexo da Penha, colocou em xeque a política de segurança do Governo do Rio de Janeiro. Diversas comunidades pacificadas enfrentam problemas de violência por conta do tráfico que continua agindo nas favelas. O maior problema, acusam os moradores, é a falta de ações para dar aos locais ocupados as condições necessárias para que o policiamento seja eficiente.

A ocupação das comunidades no Rio teve início em novembro de 2008, no Morro Dona Marta, em Botafogo, Zona sul da cidade. Já no Complexo do Alemão, a pacificação ocorreu em 2010, quando foi deflagrada uma megaoperação, que contou inclusive com o apoio das Forças Armadas.

Desde o início do projeto, várias outras favelas foram ocupadas, mas o efetivo de policiais no início da pacificação é bem maior do que o número de militares que, posteriormente, garantem a segurança dos locais. Além disso, não houve nenhuma obra de reestruturação urbana que facilitasse o policiamento ou até mesmo a execução de serviços mínimos, como a coleta de lixo dificultada pelas vielas e becos que impedem a movimentação de veículos para levar o lixo.

Os policiais também reclamam da falta de condições para fazer o policiamento ressaltando que vários caminhos nas comunidades sequer são iluminados. Após a euforia dos primeiros meses de ocupação, o medo volta a tomar conta dos moradores que sentem a fragilidade e ineficácia da Política de Segurança do Governo. No Complexo do Alemão, no Morro da Mangueira e na Rocinha há relatos contundentes de que as UPPs não estão resolvendo o problema das comunidades e a violência continua.

Nada mudou.

No morro da Mangueira, pacificado em novembro de 2011, há um contraste entre o começo da subida da comunidade e o alto da Comunidade. Enquanto na Avenida Visconde de Niterói, rua que dá acesso às subidas para o alto da favela, é possível ver os policiais da UPP fazendo ronda, nos becos mais acima quase não é possível vê-los trabalhando.



Um comerciante que aceitou falar, com a condição do anonimato, é contundente sobre a situação da UPP Mangueira: “Eles só estão lá embaixo porque nós (moradores) permitimos. Mas isso é tudo fachada, não mudou nada em dois anos. Se você quiser pegar maconha ou cocaína, alguém vai lá e pega pra você, como sempre foi. Nada aqui mudou”.

Já no Complexo do Alemão, que na última quinta-feira (24) parte do comércio ficou fechado por conta da morte de um bandido, o silêncio dos moradores indica que a segurança das UPPs ainda não é total. Quando abordados para falar sobre segurança no complexo, a resposta mais comum é “não sei de nada” acompanhado de expressão facial de receio ao tocar no assunto e até mesmo ser visto dando entrevista.









Na Rocinha, pacificada em setembro de 2012, a situação não é diferente da Mangueira e do Complexo do Alemão. Há receio por parte dos moradores e comerciantes para abordar o assunto UPP. Um comerciante, que também não quis se identificar, é enfático: “Se vacilar, os caras (traficantes) baixam a madeirada e os policiais não vão fazer nada”.( Fonte : JB )