Em um texto enviado a eleitores por e-mail nesta quarta-feira (19), a vereadora Andrea Gouveia Vieira, licenciada do PSDB para apoiar a campanha de Marcelo Freixo (PSOL), acusa o prefeito Eduardo Paes (PMDB) de usar repasses de verbas públicas para comprar o apoio de entidades religiosas a sua campanha de reeleição. Para ela, tal iniciativa "não deixa de ser uma forma de mensalão".
A parlamentar denuncia que, após perder eleitores para Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), em 2008, Paes teria começado uma ofensiva para garantir o voto religioso nestas eleições. Para isso, teria distribuido generosas quantias a entidades religiosas nos últimos quatro anos. Ela cita o programa Cimento Social, bandeira da Iurd, que "recebeu dotação de R$ 50 milhões para o orçamento deste ano".
As críticas também tratam do financiamento de eventos religiosos. A Marcha para Jesus, idealizada por Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, recebeu R$ 2 milhões como subvenção. O prefeito também teria permitido a aprovação de emendas na Câmara Municipal, no valor de R$ 2 milhões, em benefício da Igreja Internacional da Graça de Deus, através de um vereador ligado à instituição.
Os católicos também não teriam ficado de fora: eles já teriam recebido R$ 8 milhões. Além disso, critica ainda a implantação das aulas de educação religiosa nas escolas municipais, "com contratação de professores para ministrar os diferentes credo".
Até o fechamento desta reportagem, na noite desta quarta-feira (19), o prefeito Eduardo Paes não havia sido encontrado para comentar as acusações.
Confira o texto de Andrea Gouveia Vieira na íntegra:
Um olho no santo, outro na urna.
Nunca antes na história desta cidade um prefeito foi tão longe na política de alianças. Será que a escola de Eduardo Paes foi a CPI do Mensalão? Afinal, os fatos ali investigados, na época em que era deputado tucano, podem ter servido de inspiração para seu relacionamento político posterior.
Diante das críticas de antigos aliados, hoje, adversários, sobre como lida com os interesses de evangélicos e da comunidade gay, ele afirma que é uma virtude da sua gestão agregar interesses e sentimentos variados. Mas será que isso tem a ver com a ambiguidade de sua vida partidária e política?
É fato que o prefeito filiou-se a muitos partidos diferentes em muito pouco tempo. É fato que beijou a mão do ex-presidente Lula depois de ter dedicado boa parte do seu mandato de deputado a atacá-lo. É fato, também, que, ao atacar o ex-prefeito Cesar Maia, hoje, renega quem lhe deu as primeiras lições do mundo político. E o que mais esconde o prefeito?
Será que ele é exatamente como nos mostra a propaganda eleitoral? Acredita realmente no que faz e no que diz? Difícil acreditar quando se trata de alguém que mudou de rumo tantas vezes na vida... Depois de uma eleição muito apertada em 2008, uma convicção de Eduardo Paes tornou-se muito clara: ele não poderia ter, novamente, um adversário evangélico como Crivella foi no primeiro turno. A cisão seria a certeza de um 2º turno. E disso o prefeito morre de medo.
Em minha opinião, a forma de usar o recurso público para atender à clientela religiosa, como Eduardo Paes fez nos últimos quatro anos, não deixa de ser uma forma de mensalão. Mas, sejamos justos, as indulgências do prefeito foram fartamente distribuídas a todos os credos. Veja alguns exemplos:
A marca eleitoral da Igreja Universal do Reino de Deus, o Programa Cimento Social, do ex-adversário do prefeito em 2008, foi encampada pela Prefeitura – que sequer trocou o nome - e recebeu dotação de R$ 50 milhões para o orçamento deste ano.
- A Marcha para Jesus, do pastor Silas Malafaia, levou o prefeito ao palanque de evento para milhares de fiéis. Não saiu barato: a reunião recebeu da Prefeitura subvenção de R$ 2 milhões.
- A igreja de outro pastor, RR Soares, foi também beneficiada com R$ 2 milhões em emendas de um vereador ligado a outra Igreja evangélica.
- Com os católicos, que não contam com padres-vereadores, mas têm seus escolhidos, as vantagens recebidas com nossos impostos passam da casa dos R$ 8 milhões. Para umbandistas, o benefício foi mais discreto, R$ 248 mil.
E o prefeito cometeu o que considero o mais grave: instituiu a aula de religião nas escolas públicas, com contratação de professores para ministrar os diferentes credos.
Portanto, pela cartilha do prefeito-candidato, é preciso muito mais do que rezar para voltar ao Palácio da Cidade no ano que vem.
Um abraço,
Andrea Gouvêa Vieira
A parlamentar denuncia que, após perder eleitores para Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), em 2008, Paes teria começado uma ofensiva para garantir o voto religioso nestas eleições. Para isso, teria distribuido generosas quantias a entidades religiosas nos últimos quatro anos. Ela cita o programa Cimento Social, bandeira da Iurd, que "recebeu dotação de R$ 50 milhões para o orçamento deste ano".
As críticas também tratam do financiamento de eventos religiosos. A Marcha para Jesus, idealizada por Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, recebeu R$ 2 milhões como subvenção. O prefeito também teria permitido a aprovação de emendas na Câmara Municipal, no valor de R$ 2 milhões, em benefício da Igreja Internacional da Graça de Deus, através de um vereador ligado à instituição.
Os católicos também não teriam ficado de fora: eles já teriam recebido R$ 8 milhões. Além disso, critica ainda a implantação das aulas de educação religiosa nas escolas municipais, "com contratação de professores para ministrar os diferentes credo".
Até o fechamento desta reportagem, na noite desta quarta-feira (19), o prefeito Eduardo Paes não havia sido encontrado para comentar as acusações.
Confira o texto de Andrea Gouveia Vieira na íntegra:
Um olho no santo, outro na urna.
Nunca antes na história desta cidade um prefeito foi tão longe na política de alianças. Será que a escola de Eduardo Paes foi a CPI do Mensalão? Afinal, os fatos ali investigados, na época em que era deputado tucano, podem ter servido de inspiração para seu relacionamento político posterior.
Diante das críticas de antigos aliados, hoje, adversários, sobre como lida com os interesses de evangélicos e da comunidade gay, ele afirma que é uma virtude da sua gestão agregar interesses e sentimentos variados. Mas será que isso tem a ver com a ambiguidade de sua vida partidária e política?
É fato que o prefeito filiou-se a muitos partidos diferentes em muito pouco tempo. É fato que beijou a mão do ex-presidente Lula depois de ter dedicado boa parte do seu mandato de deputado a atacá-lo. É fato, também, que, ao atacar o ex-prefeito Cesar Maia, hoje, renega quem lhe deu as primeiras lições do mundo político. E o que mais esconde o prefeito?
Será que ele é exatamente como nos mostra a propaganda eleitoral? Acredita realmente no que faz e no que diz? Difícil acreditar quando se trata de alguém que mudou de rumo tantas vezes na vida... Depois de uma eleição muito apertada em 2008, uma convicção de Eduardo Paes tornou-se muito clara: ele não poderia ter, novamente, um adversário evangélico como Crivella foi no primeiro turno. A cisão seria a certeza de um 2º turno. E disso o prefeito morre de medo.
Em minha opinião, a forma de usar o recurso público para atender à clientela religiosa, como Eduardo Paes fez nos últimos quatro anos, não deixa de ser uma forma de mensalão. Mas, sejamos justos, as indulgências do prefeito foram fartamente distribuídas a todos os credos. Veja alguns exemplos:
A marca eleitoral da Igreja Universal do Reino de Deus, o Programa Cimento Social, do ex-adversário do prefeito em 2008, foi encampada pela Prefeitura – que sequer trocou o nome - e recebeu dotação de R$ 50 milhões para o orçamento deste ano.
- A Marcha para Jesus, do pastor Silas Malafaia, levou o prefeito ao palanque de evento para milhares de fiéis. Não saiu barato: a reunião recebeu da Prefeitura subvenção de R$ 2 milhões.
- A igreja de outro pastor, RR Soares, foi também beneficiada com R$ 2 milhões em emendas de um vereador ligado a outra Igreja evangélica.
- Com os católicos, que não contam com padres-vereadores, mas têm seus escolhidos, as vantagens recebidas com nossos impostos passam da casa dos R$ 8 milhões. Para umbandistas, o benefício foi mais discreto, R$ 248 mil.
E o prefeito cometeu o que considero o mais grave: instituiu a aula de religião nas escolas públicas, com contratação de professores para ministrar os diferentes credos.
Portanto, pela cartilha do prefeito-candidato, é preciso muito mais do que rezar para voltar ao Palácio da Cidade no ano que vem.
Um abraço,
Andrea Gouvêa Vieira