Em terceiro debate, temperatura sobe com denúncias de 'mensalão do PMDB'
Se os dois primeiros debates televisivos para a prefeitura do Rio de Janeiro foram considerados sonolentos, o mesmo não se pode dizer do terceiro, na TV Record, realizado nesta segunda-feira (1): marcado pelas denúncias de compra de apoio partidário por parte da campanha do atual prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, chamado de mensalão carioca pelos adversários, houve espaço para troca de farpas e até mesmo diversos pedidos de direito de resposta.
No primeiro bloco, os candidatos responderam perguntas a respeito de temas da cidade, focadas especialmente em temas polêmicos de seus programas de governo. Rodrigo Maia (DEM) condenou a internação compulsória de dependentes químicos e defendeu as igrejas – base eleitoral de seus aliados da família Garotinho – como espaços de recuperação destas pessoas.
Eduardo Paes, que tenta a reeleição, teve o primeiro de muitos momentos de desconforto, ao passar ao largo de um questionamento sobre a remoção da comunidade Vila Autódromo, em Jacarepaguá, preferindo escorar-se em obras realizadas por sua gestão, como os BRTs. Já Otávio Leite (PSDB) negou que queira restringir o funcionamento das vans na cidade, argumentando que pretende apenas racionalizar seus itinerários. Por último, Marcelo Freixo (PSOL) disse que o rompimento dos contratos com as Organizações Sociais (OS) na saúde não provocaria um caos na cidade. Para ele, “o caos já está presente”.
Candidatos durante o debate na Record: clima de denúncias e acusaçõesO clima esquentou de vez nos segundo e terceiro blocos, quando os candidatos puderam perguntar entre si. Nas duas oportunidades, coube ao tucano Otávio Leite confrontar o prefeito. Ele afirmou que a atual administração não cumpre a determinação legal de aplicar 25% das receitas em educação. Paes definiu o tucano como “um parlamentar atento”, mas questionou a informação:
“Se você olhar o relatório aprovado pelo Tribunal de Contas do Município, vai ver que o Rio gasta, sim, os 25%. A cidade agora tem a certidão que permite pegar recursos com o governo federal, não está mais no ‘SPC do governo’”, contestou.
Leite, por sua vez, rebateu, lembrando que o peemedebista pediu direito de resposta quando essa informação foi usada em seu programa eleitoral, “mas o TRE me deu ganho de causa”. Irritado, o prefeito esclareceu:
“O TRE não entrou no mérito, apenas disse que não houve ofensa a minha campanha. O deputado sabe como funciona a Justiça Eleitoral, não pode usar uma decisão sobre direito de resposta para atestar que o Rio não aplica os recursos na educação”, justificou.
A primeira menção às denúncias publicadas pela revista Veja, de que o PTN teria aberto mão de uma candidatura própria em troca de doação de R$ 200 mil e mais ajuda para que seu presidente estadual, Jorge Sanfins Esch, recebesse uma indenização de R$ 800 mil da Rioluz, veio em pergunta de Rodrigo Maia para Marcelo Freixo. Repetindo a já habitual dobradinha, os dois aproveitaram a oportunidade para atacar o PMDB:
“A denúncia parece muito grave”, afirmou Freixo, após ler a declaração do dirigente partidário na íntegra. “Tem que ser investigado, saber se aconteceu só nesse caso ou se ocorreu também com outros partidos. Isso acontece porque o prefeito sabe que, se for para o segundo turno, o poder econômico já não tem mais tanto peso. O tempo de TV é dividido. O governo está loteado”, denunciou.
Maia comentou que a partir da eleição do governador Sérgio Cabral, “a Assembleia Legislativa tomou o poder”, no que foi completado pela tréplica do socialista:
“Se ele [Esch] é um mentiroso, tem que saber como o chamam para governar junto. Se não é um mentiroso, o que aconteceu é crime”, concluiu.
Questionada por Freixo, Aspásia Camargo (PV), normalmente contida nas críticas a Eduardo Paes, fez coro com os demais candidatos de oposição, ao criticar o atual modelo de alianças com 19 partidos:
“Não acho que 19 partidos possam governar. A pergunta é: por que o prefeito preferiu contar com esse tempo minúsculo de TV do PTN? Poderia ter evitado um problema”, opinou.
Em sua réplica, Freixo voltou a bater na tecla de que Paes “tem medo do segundo turno” e acusou a campanha do rival de ser financiada por “empreiteiras, empresas de ônibus e especulação imobiliária”.
Paes, que já havia pedido um direito de resposta contra Rodrigo Maia, afirmou que “é lamentável participar de um debate com esse tipo de acusação”. Ele chegou a chamar os rivais de “encrenqueiros” – o que motivou um pedido de resposta do democrata, que foi negado – antes de seu tempo estourar.
A tensão chegou ao máximo na fala seguinte do filho do ex-prefeito Cesar Maia, lembrado por ele como o avalista político de Paes:
“O Eduardo tem uma fixação pelo ex-prefeito Cesar Maia. Ele desrespeita a pessoa que mais fez por ele, mas um dia vai pagar por isso”, afirmou, antes de ser interrompido por uma sonora gargalhada do candidato da situação. Indignado, ele cobrou respeito e pediu que seu tempo fosse restituído.
“Você ri, ri, ri. Parece até que está tudo bem no Rio”, disparou contra Paes.
O último foco de tensão, que motivou mais um pedido de resposta do prefeito, veio nas considerações finais de Freixo. O psolista ironizou o rótulo de encrenqueiro:
“Não sou encrenqueiro, só não gosto de trambiqueiro. O mensalão carioca é algo muito sério”, concluiu, antes de Paes ter seu segundo pedido de resposta negado. ( JB ).
Se os dois primeiros debates televisivos para a prefeitura do Rio de Janeiro foram considerados sonolentos, o mesmo não se pode dizer do terceiro, na TV Record, realizado nesta segunda-feira (1): marcado pelas denúncias de compra de apoio partidário por parte da campanha do atual prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, chamado de mensalão carioca pelos adversários, houve espaço para troca de farpas e até mesmo diversos pedidos de direito de resposta.
No primeiro bloco, os candidatos responderam perguntas a respeito de temas da cidade, focadas especialmente em temas polêmicos de seus programas de governo. Rodrigo Maia (DEM) condenou a internação compulsória de dependentes químicos e defendeu as igrejas – base eleitoral de seus aliados da família Garotinho – como espaços de recuperação destas pessoas.
Eduardo Paes, que tenta a reeleição, teve o primeiro de muitos momentos de desconforto, ao passar ao largo de um questionamento sobre a remoção da comunidade Vila Autódromo, em Jacarepaguá, preferindo escorar-se em obras realizadas por sua gestão, como os BRTs. Já Otávio Leite (PSDB) negou que queira restringir o funcionamento das vans na cidade, argumentando que pretende apenas racionalizar seus itinerários. Por último, Marcelo Freixo (PSOL) disse que o rompimento dos contratos com as Organizações Sociais (OS) na saúde não provocaria um caos na cidade. Para ele, “o caos já está presente”.
Candidatos durante o debate na Record: clima de denúncias e acusaçõesO clima esquentou de vez nos segundo e terceiro blocos, quando os candidatos puderam perguntar entre si. Nas duas oportunidades, coube ao tucano Otávio Leite confrontar o prefeito. Ele afirmou que a atual administração não cumpre a determinação legal de aplicar 25% das receitas em educação. Paes definiu o tucano como “um parlamentar atento”, mas questionou a informação:
“Se você olhar o relatório aprovado pelo Tribunal de Contas do Município, vai ver que o Rio gasta, sim, os 25%. A cidade agora tem a certidão que permite pegar recursos com o governo federal, não está mais no ‘SPC do governo’”, contestou.
Leite, por sua vez, rebateu, lembrando que o peemedebista pediu direito de resposta quando essa informação foi usada em seu programa eleitoral, “mas o TRE me deu ganho de causa”. Irritado, o prefeito esclareceu:
“O TRE não entrou no mérito, apenas disse que não houve ofensa a minha campanha. O deputado sabe como funciona a Justiça Eleitoral, não pode usar uma decisão sobre direito de resposta para atestar que o Rio não aplica os recursos na educação”, justificou.
A primeira menção às denúncias publicadas pela revista Veja, de que o PTN teria aberto mão de uma candidatura própria em troca de doação de R$ 200 mil e mais ajuda para que seu presidente estadual, Jorge Sanfins Esch, recebesse uma indenização de R$ 800 mil da Rioluz, veio em pergunta de Rodrigo Maia para Marcelo Freixo. Repetindo a já habitual dobradinha, os dois aproveitaram a oportunidade para atacar o PMDB:
“A denúncia parece muito grave”, afirmou Freixo, após ler a declaração do dirigente partidário na íntegra. “Tem que ser investigado, saber se aconteceu só nesse caso ou se ocorreu também com outros partidos. Isso acontece porque o prefeito sabe que, se for para o segundo turno, o poder econômico já não tem mais tanto peso. O tempo de TV é dividido. O governo está loteado”, denunciou.
Maia comentou que a partir da eleição do governador Sérgio Cabral, “a Assembleia Legislativa tomou o poder”, no que foi completado pela tréplica do socialista:
“Se ele [Esch] é um mentiroso, tem que saber como o chamam para governar junto. Se não é um mentiroso, o que aconteceu é crime”, concluiu.
Questionada por Freixo, Aspásia Camargo (PV), normalmente contida nas críticas a Eduardo Paes, fez coro com os demais candidatos de oposição, ao criticar o atual modelo de alianças com 19 partidos:
“Não acho que 19 partidos possam governar. A pergunta é: por que o prefeito preferiu contar com esse tempo minúsculo de TV do PTN? Poderia ter evitado um problema”, opinou.
Em sua réplica, Freixo voltou a bater na tecla de que Paes “tem medo do segundo turno” e acusou a campanha do rival de ser financiada por “empreiteiras, empresas de ônibus e especulação imobiliária”.
Paes, que já havia pedido um direito de resposta contra Rodrigo Maia, afirmou que “é lamentável participar de um debate com esse tipo de acusação”. Ele chegou a chamar os rivais de “encrenqueiros” – o que motivou um pedido de resposta do democrata, que foi negado – antes de seu tempo estourar.
A tensão chegou ao máximo na fala seguinte do filho do ex-prefeito Cesar Maia, lembrado por ele como o avalista político de Paes:
“O Eduardo tem uma fixação pelo ex-prefeito Cesar Maia. Ele desrespeita a pessoa que mais fez por ele, mas um dia vai pagar por isso”, afirmou, antes de ser interrompido por uma sonora gargalhada do candidato da situação. Indignado, ele cobrou respeito e pediu que seu tempo fosse restituído.
“Você ri, ri, ri. Parece até que está tudo bem no Rio”, disparou contra Paes.
O último foco de tensão, que motivou mais um pedido de resposta do prefeito, veio nas considerações finais de Freixo. O psolista ironizou o rótulo de encrenqueiro:
“Não sou encrenqueiro, só não gosto de trambiqueiro. O mensalão carioca é algo muito sério”, concluiu, antes de Paes ter seu segundo pedido de resposta negado. ( JB ).