quinta-feira, 28 de abril de 2011

Quais são as prioridades da Prefeitura do Rio ?

Se uma pessoa acometida por problemas cardíacos ou renais , em lugar de procurar os médicos especialistas para sanar suas moléstias , se submete a uma cirurgia estética para embelezamento da pele da sua face , deixando de lado o coração e os rins , corre o sério risco de sucumbir muito cedo. A escolha da prioridade não foi oportuna nem feliz . Pode-se procurar o embelezamento , mas , antes , manda o bom senso , deve-se procurar a cura dos órgãos vitais.



A Cidade do Rio de Janeiro se situa geograficamente entre o mar e a montanha ; apresenta altos valores térmicos e , constantemente , é afetada por chuvas de elevados índices pluviométricos. Historica e socialmente , as ocupações de suas encostas , causando desmatamento e implantando constuções habitacionais que desviaram , esconderam ou assorearam os leitos dos rios e dos córregos , tornaram a Cidade vulnerável às enchentes. É sabido que a inevitável construção de vias asfaltadas e calçadas cimentadas impermeabilizaram o solo , reduzindo a penetração da água no mesmo. Quantos prédios foram construidos sobre os rios , estreitando seus leitos , facilitando o acúmulo de lixos sobre eles lançados ? O fluxo de água em seu trajeto natural ficou comprometido. As águas que descem pelas encostas dos morros ou as águas das chuvas que incidem no solo impermeável promovem elevação de volume , de velocidade e de pressão sobre os obstáculos que encontram.


Se o Poder Público não investir em soluções para favorecer o fluxo hídrico e impedir , por via de consequência , que a Natureza cumpra seu papel conduzindo as águas aos mares , os desabamentos , as enchentes , os estragos e as mortes se repetirão. Todo ano é a mesma história. Sabe-se a época e os pontos da Cidade são conhecidos , mas os problemas se repetem. Tratar desse tema com seriedade não atrai os governantes , porque não tem o peso eleitoral das obras superficiais de maquiagem ou de asfaltamentos que são úteis , é claro , mas não são a questão maior. Quantas pessoas ficaram presas no trânsito e não puderam voltar para casa em decorrência dessa última chuva , mesmo estando em asfalto liso?


É evidente que nós motoristas ficamos felizes com o asfalto liso, mas isso só não basta. É a maquiagem sem tratar dos problemas profundos. Por que não fazer as duas coisas se há verbas para tal ? A primeira ( o asfalto liso) dá visibilidade eleitoral à cata de votos com maior eficácia. Todos sabemos disso, mas é preciso acabar com esse inferno das enchentes por falta de investimento nas prevenções. Há poucos meses , houve obras na Grajaú-Jacarepaguá. Por que não houve previsão de queda de uma pedra daquele tamanho no meio da pista ? As pessoas perdem casas , carros, eletrodomésticos, camas , sofás ; os comerciantes fecham suas portas e o caos se intala.


Um relatório do Tribunal de Contas do Município revelou que , em 2009 , a despesa da Prefeitura do Rio com prevenção e controle de enchentes , apesar de ter ocorrido o crescimento da despesa autorizada , ficou em um patamar muito abaixo do observado anteriormente. Dos R$131,4 milhões que a PREFEITURA estava autorizada a gastar na implantação do sistema de drenagem das bacias hidrográficas , só foram usados R$ 22,3 milhões ( 17 % ) . E dos R$ 9 milhões que poderiam ter sido investidos em gestão , pesquisa e desenvolvimento de projetos de drenagem urbana , só foram empregados R$ 2,7 milhões ( 30,64 %). Não é má gestão ? Os recursos existem...

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