Para PSB, governo usa máquina para sufocar adversários eleitorais
Revelado por VEJA desta semana, escândalo da espionagem no Porto de Suape provocou a reação imediata de integrantes do partido de Eduardo Campos, o alvo da mais nova ofensiva do PT
Dilma Rousseff e Eduardo Campos: Abin em ação para coletar informações que pudessem ser utilizadas contra a campanha presidencial do governador de Pernambuco (ABR/Hans Von Mante Uffel)
Após a descoberta da mais nova investida eleitoral do PT, revelada por VEJA desta semana, sobre a espionagem perpetrada por agentes do estado no Porto de Suape, em Pernambuco, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), afirmou que o governo lança mão de todas as armas para sufocar as movimentações que poderiam atrapalhar a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. A reportagem mostra que quatro funcionários da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, se disfarçaram de agentes portuários para colher informações que poderiam ser utilizadas contra o governador Eduardo Campos, considerado pelos petistas uma ameaça para Dilma nas eleições de 2014.
“O grave é que isso demonstra um viés autoritário que nós não podemos admitir em um país que tem a democracia como uma grande conquista”, afirmou o senador. Rollemberg ressaltou que o governo, já preocupado com o processo eleitoral, “busca modificar regras para facilitar as coisas para o PT e dificultar e sufocar os outros”. O líder do PSB no Senado, responsável pelo mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o projeto que atrapalha a criação de novos partidos, ressaltou que esse caso ainda é mais grave, já que atua “à sombra” para frear todas as movimentações eleitorais.
Na Câmara, o líder do PSB, Beto Albuquerque (RS), afirmou esperar que o governo não precise ser intimado para dar explicações sobre a espionagem no Porto de Suape. O deputado disse que vai conversar, no início desta semana, com o governador Eduardo Campos e com deputados da legenda para decidir quais serão as providências tomadas. Ele espera, porém, que o governo se antecipe nas explicações. “Temos uma denúncia grave e é preciso que haja uma explicação formal antes de uma possível convocação”, disse o parlamentar gaúcho.
“Alguém tem de ser o pai dessas quatro criaturas. Elas não estavam lá para fazer estágio ou para aprender sobre portos. E é essa explicação que tem de ser dada.” O líder do PSB reforçou que não se contentará com um posicionamento de representantes da Abin. Para ele, a resposta deverá partir do gabinete da Presidência da República.
Convocação - Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), José Elito compareceu à Câmara dos Deputados em abril para dar explicações sobre o monitoramento dos trabalhadores portuários, caso revelado pelo jornal Estado de S. Paulo. O relatório do depoimento ainda está em fase de conclusão. O conteúdo será avaliado e pode ser utilizado como base para uma outra convocação do general. “Ele compareceu à comissão, mas, como estavam apenas deputados do governo, não valeu muita coisa. Nossa intenção é fazer novamente esse convite após esse novo episódio”, afirmou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), membro da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência.
O deputado tucano ressaltou que a espionagem no Porto do Suape não é o único caso em que o governo utiliza-se da máquina pública para interesses próprios. “O PT não pode utilizar a Abin como uma agência de partido e não de governo. Não é o objeto dela dentro do estado. O governo tem utilizado a Caixa Econômica Federal e criado uma falsa perspectiva da economia, como a distribuição de maquinários, apenas para efeito eleitoral.”
O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), também criticou a utilização da Abin para fins partidários e eleitoreiros. “Este governo está agindo a la Gestapo. É pior do que isso. É uma polícia política de extrema direita com procedimentos às avessas de tudo aquilo que eles pregavam. A se confirmar a suspeita, fica claro que o governo está em uma busca frenética pela manutenção do poder.” ( Veja )