terça-feira, 26 de janeiro de 2016

1ª Parte do Grande Expediente 13/10/2015 Discurso 83ª Sessão

1ª Parte do Grande Expediente
13/10/2015

Discurso
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83ª Sessão
Muito obrigado, Senhor Vereador Presidente, Professor Rogério Rocal, senhoras e senhores vereadores, demais presentes.
O Art. 2º da Constituição Brasileira diz o seguinte:
“Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
Para comentar, eu gostaria de dizer que a Constituição Federal de 1988, ao consagrar, no Art. 2º, o princípio da separação dos poderes, declara-os independentes e, sobretudo, harmônicos.
Como consequência da previsão constitucional do princípio da separação dos poderes, não podem os poderes manter relação de hierarquia entre si.
Nós buscamos esse artigo constitucional porque nós estamos bastante cientes da independência dos poderes. E trouxemos aqui, ainda, para iniciar o desenvolvimento do nosso raciocínio, as atribuições de um vereador, Senhor Presidente. Todos nós aqui sabemos, mas nunca é demais repetir.
“A palavra vereador vem de “verea”, originário do grego antigo, significando vereda, caminho. Vereador seria o que vereia, o que trilha, o que orienta, o que dá os caminhos.”
Nós destacamos aqui algumas funções já conhecidas, mas é só para desenvolver o raciocínio. As funções dos vereadores. Função legislativa: consiste em elaborar as leis que são de competência do Município, discutir e votar os projetos que serão transformados em leis, buscando organizar a vida da comunidade.
A segunda atribuição do vereador é a função fiscalizadora. O vereador tem o poder e o dever de fiscalizar a administração, de cuidar da aplicação dos recursos, e exercer observância do orçamento. Também fiscaliza através do pedido de informações.
A terceira nobilíssima função é o Assessoramento ao Executivo: esta função é aplicada às atividades parlamentares de apoio e de discussão das políticas públicas a serem implantadas por programas governamentais via Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual (poder de emendar, participação da sociedade, e a realização de Audiências Públicas).
A quarta função é a Função Julgadora: a Câmara tem a função de apreciação das contas públicas dos administradores e da apuração de infrações político-administrativas por parte do prefeito e dos vereadores.
Como podem ver, o Vereador é a pessoa eleita pelo povo para vigiar, ou cuidar do bem e dos negócios do povo em relação à Administração Pública, ditando as leis (normas) necessárias para esse objetivo, sem, contudo, ter nenhum poder de Execução Administrativa. Portanto, não pode prometer, já que não tem poderes para cumprir e/ou realizar obras, resolver problemas da Saúde, da Educação, do Esporte, da Cultura, do Lazer, do Asfalto, do Meio Ambiente, do Trânsito, dos Loteamentos e Casas Populares etc. Poderão, todavia, somente auxiliar a Administração nesses objetivos, por meio de Indicações e/ou Requerimentos, mesmo porque, tanto o Prefeito como o Vereador só podem fazer aquilo que a lei determina, manda, autoriza.
Por último, ainda é atribuição do vereador cuidar do relacionamento com suas bases, com os eleitores de sua região, com o Governo, reivindicando melhorias, encaminhando soluções, elaborando e acompanhando projetos. É o elo entre o Governo e a comunidade.
Toda essa minha introdução vem por conta das dificuldades que nós, vereadores, estamos tendo em relação a poder exercer essas atribuições. Acho que estamos limitados a dizer “sim” ou “não” ali naquele painel. Isso é ridículo. Sinto-me desconfortável. Não vim aqui para botar “sim” ou “não”.
As funções fiscalizadora e de assessoramento ao Executivo ficam prejudicadas quando nossos pedidos de informação não são atendidos pelo Poder Executivo. Vejamos alguns casos que estou sofrendo na pele:
Primeiro, esta Casa de Leis me escolheu para representá-la junto à Comissão de Elaboração do Plano Municipal de Educação, que deveria ser votado até o dia 24 de junho, conforme manda Lei Federal. Pois bem, apesar de nossos apelos, o Plano Municipal de Educação, que tinha que ser enviado pelo Executivo e votado nesta Casa, até 24 de junho, até hoje não chegou aqui. Pasmem! Estamos em meado de outubro, e não chegou aqui. E alguns vereadores andam me cobrando isso aqui. Já solicitamos ao Poder Executivo, mas, até agora, nada!
Fizemos um encaminhamento com cerca de oito mil assinaturas colhidas em Jacarepaguá para resolver os problemas graves da biblioteca do bairro. Nenhuma resposta! Nenhuma consideração! E o que eu falo lá na base? Oito mil pessoas assinaram, acreditando no representante, mas não há resposta. E nós caminhamos na rua.
Terceira: fizemos uma reclamação a respeito da paralisação das obras do Centro de Referência dos Portadores de Deficiência no Mato Alto, mas, até agora, nada. Três anos de obra paralisada. Nada! Ninguém diz nada! Acho que isso não é oposição. Eu não sou oposição. Eu não vim aqui para isso. A minha função aqui é ajudar o Executivo. Eu quero ajudar. A minha idade, a minha maturidade, a minha experiência pública me obrigam a tratar da coisa pública com a relevância que merece. Por isso, acho que, da parte do Executivo, merecemos esse respeito. Eu preciso das respostas. Não quero que me agradem: quero que respondam à população.
Reclamamos da ausência do TRE nas eleições dos Conselhos Tutelares. Denunciamos, daqui desta tribuna, a existência de fraude nas declarações de alguns candidatos. Nada foi feito! Ninguém ouviu! Vários foram os segmentos, e até à Justiça nós fomos. Ninguém, nem o Ministério Público, e a eleição acabou no que acabou: suspensa.
Agora teremos um pleito dia 15 de novembro, e os erros serão os mesmos, porque o TRE não vai assumir, segundo estamos sabendo. Não haverá fiscalização, não haverá segurança, e pior: não vão verificar essas fraudadas assinaturas ou declarações dando como competentes, ou habilitados, candidatos que não têm condição para exercer essa função tão nobre de Conselheiro Tutelar.
É lamentável, Senhor Presidente, mas nós não vamos ficar omissos ou inertes. Podem estar certos disso. Nós temos que dar uma resposta lá na ponta. Não vamos ficar inertes, e podem acreditar no que estamos dizendo: não vamos ficar inertes.

Muito obrigado, Senhor Presidente!