As imagens da televisão e as fotos dos jornais colocaram nossas autoridades públicas nuas e sem o que falar.As expressões de dor,de sofrimento , de desespero e desalento das famílias das cidades e dos bairros da Região Serrana do Rio de Janeiro contrastam com a desfaçatez ,com o cinismo e com o descaramento dos que deveriam prevenir, se não as chuvas,é claro,mas as consequências previsíveis e amplamente estudadas pelos setores científicos que alertaram para a possibilidade da ocorrência da catástrofe.
Só quem perde um ente querido pode avaliar a verdadeira dimensão do estado daqueles que moram nas cidades destruidas pelas chuvas.São cenas chocantes e estarrecedoras.A solidariedade da população atendendo aos flagelados e desassistidos é de comover.Mas não é novidade.Nosso Povo,sempre que convocado se mostra muito receptivo às causas como esta.Vale,entretanto,um questionamento: por que as autoridades não cuidam de prevenir esses acidentes climáticos previsíveis e amplamente conhecidos?
Especialistas internacionais em desastres naturais disseram,nesta semana,que "há falta de vontade política e de priorização da pauta na gestão das inudações"por parte das autoridades públicas do Brasil. Na Austrália,a despeito de as chuvas terem sido muito mais intensas que no Rio de Janeiro,o número de mortos foi em torno de 30,enquanto aqui,se não sonegarem as informações policitamente,teremos mais de 1000 mortos.Pelo Mundo afora,há uma perplexidade.Dizem os jornais e as revistas da Europa,da América e de outros cantos:"Em um país como o Brasil,que não é pobre,onde as competências tecnológicas e os recursos não são um problema,um grande número de pessoas morrendo em inundações não é bom sinal".
Em 1966,o então Governador Negrão de Lima cancelou o feriado do dia 20 de Janeiro(São Sebastião) e os formadores de opinião em geral atribuiram o desastre das chuvas torrenciais daquele dia a um possível castigo do Santo ao Governador.Essa transferência de responsabilidade perdura até os dias de hoje,embora os vilões sejam outros: a Natureza, os pobres que moram nas encostas , "El nino" e outros.De 1966 até hoje,quantos sinistros desse tipo ocorreram? Qual foi a providência em termos preventivos e educacionais?
Por que nada é feito neste setor? Seria burrice? Não !...Seria incompetência? Não!...Parece que essas catástrofes interessam a um grupo.Assim como ocorre em lugares onde há seca, há guerras, há tráfico de drogas e há tráfico de armas aumentando as contas bancárias de muita gente,a desgraça de muitos faz o enriquecimento de um grupo seleto.Na hora do sinistro,como estamos vendo, aparecem autoridades sobrevoando as áreas de helicóptero; alguns sapateiam na lama; outros anunciam projetos mirabolantes; a mídia aumenta a sua audiência e por aí vai...As reconstruções ficam mais caras que as prevenções,mas...
Saída esperta: decreta-se estado de calamidade(o que é inevitável) ; verbas para obras emergenciais surgem (por que não as usaram nas prevenções?); obras sem licitação ocorrem; não há,pois,fiscalização dos recursos disponibilizados e empregados ;os empreiteiros e muitos dos que liberam as verbas esfregam suas mãos em ato de regozijo e de felicidade: alguns ficaram mais ricos e outros terão verbas para campanhas eleitorais liberadas pelos empreiteros favorevidos.E o Povo?..Ah !... esse espera outras enchentes e novas campanhas de solidariedade. Em matéria de espírito humanitário e de solidariedade nós somos muito bons.E,infelizmente, é só ! Aí vem a pergunta que não quer calar:até quando?..
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