terça-feira, 23 de setembro de 2014

Romário criticou financiados pela Ambev. Agora, recebeu R$ 500 mil da Ambev

Perrone
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29.ago.2014 - O candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro pelo PT, Lindberg Farias, e o candidato ao Senado Romário (PSB) visitam um centro de reabilitação e integração social a crianças e adolescentes com deficiência fisica, da obra social de Dona Meca, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, nesta sexta-feira (29). O nome de Lindberg apareceu pela primeira vez na propaganda do Romário na TV nesta sexta-feiraReprodução/ Twitter Lindberg Farias

“Não recebo dinheiro de Fifa, de CBF e nem de Ambev”, disse Romário (PSB-RJ) em 8 de novembro de 2011, durante audiência na Câmara dos Deputados sobre a Lei Geral da Copa. E em maio de 2014, em votação referente ao projeto de refinanciamento das dívidas fiscais dos clubes, o ex-jogador afirmou: “Esse projeto é um projeto eleitoreiro. Ou seja, deputados que vão a favor desse projeto estão pensando na sua eleição com ajuda direta ou indireta da CBF”. Na ocasião, ele atacava colegas que teriam votado de acordo com os interesses da confederação brasileira pensando no apoio da entidade e dos parceiros dela em suas campanhas na eleição de outubro.
Cerca de dois meses depois do inflamado depoimento dado em maio, no qual disse ter vergonha de ser colega de parlamentares alinhados com a CBF, Romário viu sua campanha ao Senado pelo Rio ser turbinada com R$ 250 mil da Londrina Bebidas, subsidiária integral da Ambev, patrocinadora da confederação, entidade dirigida por safados, nas palavras do ex-atacante. Em 28 de agosto, entraram nos cofres da campanha de Romário mais R$ 250 mil da subsidiária da Ambev.
As duas doações estão registradas na prestação parcial de contas do candidato entregues ao STE (Superior Tribunal Eleitoral) e foram feitas primeiro à direção do PSB, que efetuou o repasse para Romário. Ao todo, o ex-jogador declarou ter recebido até agora R$ 758.440 em doações.
Uma das bandeiras de Romário na Câmara foi a instalação de uma CPI para investigar a CBF. Investigação desse porte provavelmente esmiuçaria os contratos de patrocínio da entidade. Indagado por meio de sua assessoria de imprensa se não havia um conflito de interesses no fato de receber doação de uma empresa de um dos patrocinadores da CBF, Romário respondeu com uma pergunta: “Conflito de interesse de quem, de mim, da Ambev ou da CBF?”.
Por sua vez, a Ambev respondeu aos questionamentos do blog com a seguinte nota:
“As doações eleitorais que Ambev faz a partidos e candidatos respeitam o modelo de contribuição privada adotado no Brasil. A companhia informa que essas contribuições, como não poderia deixar de ser, obedecem ao rigor da lei, são absolutamente transparentes, realizadas de maneira formal, com prestação de contas às autoridades e à sociedade, e somam valores muito inferiores aos permitidos por lei. A Ambev reitera que não privilegia nenhum partido, candidato ou corrente política e que a distribuição das doações obedece ao critério da proporcionalidade de representação das bancadas em nível federal, estadual e municipal.”
No site do TSE não foi possível obter a relação completa das doações feitas pela Londrina Bebidas, que no dia 27 de agosto teve a sua incorporação aprovada pelo Conselho de Administração da Ambev com o objetivo de facilitar a estrutura societária e reduzir custos. Assim, a Londrina Bebidas deixará de existir, porém, seu capital e seu patrimônio líquidos já refletiam no balanço da Ambev por se tratar de uma subsidiária integral.
Abaixo, veja reprodução da prestação de contas de Romário.
Reprodução