O povo brasileiro está desorientado, triste, desalentado ou é conivente com toda essa roubalheira que toma conta do País? Os brasileiros gostam e amam os políticos e dirigentes corruptos ou há uma ignorância absoluta e uma inércia total? Qual é a nossa cara? Qual é a nossa identidade? De bandidos hipócritas?
No Brasil, hoje, temos duas maneiras de fazer política: uma, voltada para temas gerais e indispensáveis aos interesses coletivos; outra, de resultados eleitoreiros imediatos e centrada no pragmatismo do voto. A primeira cuida de discutir e procurar as soluções para as questões da saúde, da educação, do transporte, do trânsito, do saneamento básico, do meio ambiente, do trabalho, da renda, da habitação, da aplicação dos recursos públicos, da política tributária, das questões penais, da redução da corrupção, de redução das desigualdades e de tudo que aflige a nossa população. Essa não frutifica em termos eleitorais; não tem o apoio popular, pois a Mídia não lhe dá a visibilidade esperada e justa. E, talvez por isso, pela desinformação, o nosso povo aprecia a safadeza. Quem é mais esperto merece o voto. E se elege.
Os candidatos que tratarem desses temas públicos estarão condenados a não ser eleitos. É o caso exemplar do Senador Cristóvam Buarque que se candidatou, recentemente, à presidência da República, defendendo a bandeira da Educação e teve 1% dos votos, ao passo que os corruptos que prometiam bolsa-isso, bolsa-aquilo e outras mentiras imediatas obtiveram 30 ou 40 % dos votos do povo brasileiro.
A outra versão é a do oportunismo barato, que tem por objeto unicamente o voto, o sucesso eleitoral, o êxito nas urnas, custe o que custar, com base na mentira, na compra de votos, e em tudo de condenável. Nessa versão, os cabos eleitorais são indispensáveis. São pagos para iludir grupos de pessoas. E costumam mudar de candidato a cada eleição conforme a oferta pecuniária. Não têm nenhum ideal coletivo.
Ai, entram as promessas de emprego, a colocação de quebra-molas, as podas de árvores, as pinturas de prédios, os asfaltamentos de vilas e ruas, as colocações de pontos de iluminação, os fechamentos de ruas, os patrocínios de festas juninas, de grupos de idosos, de escolinhas de futebol, assim como os malditos centros sociais que vivem à custa de dinheiro público e de desvios de pessoal e de material de hospitais públicos que são, por isso, sucateados para beneficiar tais empreendimentos de maus políticos.
Para eles, pouco importa se não há médicos, algodão, éter, esparadrapo, macas, leitos, enfermeiros e ambulâncias, nas unidades de saúde pública. Para eles, pouco importa se há professores, inspetores, material didático e ensino de qualidade nas escolas públicas. Para eles, pouco importa se o pessoal da saúde e da educação está ganhando salário aviltante e se evade do serviço público. Pouco importa para eles, se há habitação, se o meio ambiente está sendo agredido, se o aposentado está sendo massacrado, se não há distribuição de medicamentos, se o trânsito é caótico, se há corrupção em todos os níveis e poderes.
Não! O que lhes importa é o voto que obtêm em troca de podas de árvores, quebra-molas, asfaltamento de ruas e outros serviços que são obrigação do executivo para atender ao mínimo exigido pela nossa Constituição Federal. Usam esses serviços obrigatórios como se fossem favores em troca de votos.
Não importa se a Supervia, se o Metrô, se o BRT, se os ônibus e se as barcas humilham os seus usuários. Eles não fiscalizam esses serviços, porque se beneficiam de armações financeiras com essas concessionárias. Os mensalinhos estão aí para quem quiser constatar. Não lhes importa o alto nível de corrupção porque dela se locupletam em suas campanhas e durante o seu mandato. Tudo isso é deplorável e o nosso povo aceita.
Por que nosso povo gosta, elege e reelege esses delinquentes? Porque convive com a corrupção. Está nas suas veias. A corrupção passou a ser uma endemia no Brasil. O povo cultua bandidos, venera malfeitores, idolatra marginais. Os honestos( os poucos que restam) são repudiados e renegados. Essa é a dura realidade. Por isso, a cada dia, os corretos diminuem em número, ao passo que os bandidos proliferam.
Os maus políticos não se importam em mudar de partido à toda hora; não valorizam esses partidos; não têm ideologia; fazem alianças incompatíveis com seus discursos passados; praticam, a iniquidade; não têm vergonha na cara. É claro: se o povo gosta da safadeza, por que eles são honestos? Têm que ser coerentes com a desfaçatez do próprio eleitor. Sinto-me desconfortado com tudo isso. Por isso, desabafo. É só!