sábado, 23 de junho de 2012

Prefeitura do Rio erra ao implantar modelo confessional de ensino religioso nas escolas municipais.

Religião (do latim religare, significando religação com o divino ) é um conjunto de sistemas culturais e de
crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais.  Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana.

Em nossa visão , RELIGIÃO é uma expressão que se transmite no seio familiar . Conforme a cultura de um povo , as iniciações religiosas ocorrem desde o nascimento , ficando a cargo dos pais a tarefa de fomentar a transmissão dos valores religiosos para as crianças desde a mais tenra idade. Por essa razão , achamos muito temeroso que o Estado interfira nesse processo. Nos países teocráticos , isso já é rotina , mas , no Brasil , a nossa pluralidade étnica e religiosa impede ou não recomenda esse procedimento.

A prefeitura do Rio decidiu interferir na questão religiosa , ao nosso ver , de maneira equivocada. Alunos de 80 escolas municipais terão disciplinas de 4 religiões , a partir do segundo semestre. Foi realizado um concurso para contratação de 100 professores de religião , que vão lecionar a partir de julho nessas unidades. O modelo é CONFESSIONAL , ou seja ,voltado para cada credo. Serão 45 docentes católicos , 35 evangélicos , 10 espíritas e 10 de religiões afro-brasileiras. Apenas os estudantes cujos pais deram autorização , durante a pré-matrícula , terão um tempo de aula por semana da disciplina.

Algumas questões que devem ser levantadas para análise cuidadosa :
1- O caráter CONFESSIONAL do ensino religioso fere o princípio da LAICIDADE do Estado Brasileiro.
2-Não há universalização desse ensino , visto que somente 80 escolas serão atendidas , o que fere o princípio da ISONOMIA.
3- Sabemos que o elemento religioso é essencial para a estrutura da pessoa humana  , mas deve ter como iniciador e catalisador a FAMÍLIA , e não , o ESTADO . A IGREJA , seja de que credo for , estimula o que a Família escolhe.
4-A nossa Constituição deixa bem claro que não deve haver interferência do Estado nas questões religiosas.
5-Se um chefe do Executivo Carioca for de uma religião , corremos o risco de que seja priorizada a contratação de professores para aquele credo , em detrimento de outros. Há inúmeras denúncias de que uma prefeita atual em grande cidade fluminense " persegue" adeptos de outras religiões diferentes da sua.
6- Como ficam os credos judaico , mórmon , umbandista , messiâncio , budista e islâmico ?

Ainda há tempo para se tratar da questão de ensino religioso nas escolas municipais do Rio com mais cuidado , para não termos distorções irreversíveis futuramente. Por ser apaixonante e subjetiva em alguns aspectos , RELIGIÃO não pode ser tratada de foma leviana nem eleitoreira..