Um depósito de pacientes. Foi isso que se tornou o Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, gerido pela Secretaria Estadual de Saúde.  Há um cenário de horror: pelo menos 30 doentes se aglomeravam em macas nos corredores do hospital, à espera de socorro — ou de um milagre.

Alguns com doenças contagiosas, como tuberculose, e outros encostados em porta que leva ao quadro de energia. Uma situação de perigo para quem depende da rede pública de saúde para sobreviver.

 Alguns pacientes já estão “internados” há mais de uma semana nos corredores da Emergência e até do Centro de Imagens — por onde só deveriam circular para serem submetidos a exames. Sem tomar banho, eles dividem espaço com lixeiras e extintores de incêndio. E muitas vezes não são medicados.

É o caso de Artur Garcia, 47 anos. Ele deu entrada no Rocha Faria sexta-feira, após cair de um telhado. Fraturou o cotovelo e precisou ser operado às pressas. O tratamento parou por aí: desde que saiu da sala de cirurgia, Artur está no corredor do Centro de Imagens. Ontem, nem remédios recebeu. “Fui esquecido. Me largaram aqui e já não sei a quem recorrer. Estou com muitas dores e não me deram os remédios”, lamentou.

Artur não está enganado. “É muito paciente para pouco funcionário. Os médicos têm que gritar, como se fosse uma lista de chamada, de tão cheio que está o hospital. E se o paciente não estiver atento para responder, é esquecido. Não há como atender a todos”, relatou um funcionário.

Procura foi duplicada

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde admitiu a superlotação do Hospital Rocha Faria. No entanto, não ofereceu nenhuma solução para os problemas e afirmou que todos os pacientes são medicados.

Segundo o órgão, o setor de emergência está operando 125% acima de sua capacidade e “os hospitais estaduais utilizam todos os espaços físicos possíveis para atender as demandas da população” — como os corredores. “O Rocha Faria opera acima de sua capacidade todos os dias”.

Além disso, a secretaria culpou o fechamento “ao menos parcial de atendimento de emergência de unidades de saúde de outros entes federativos”, mas não explicou quais seriam esses hospitais.

O órgão também justificou a superlotação pelo aumento na capacidade de atendimento do Samu — serviço de ambulância administrado pelo governo do estado. A nota informa que esse aumento “de 2006 para cá também impactou no aumento da demanda nos hospitais da rede”. ( Fonte : O Dia )