domingo, 29 de janeiro de 2012

GREVE DOS POLICIAIS DO RIO .

Com cerca de 20 mil nas ruas, policiais pedem melhores salários em Copacabana

Decisão de Cabral de antecipar parcelas de reajuste até 2013 não freou a mobilização

Com viaturas de brinquedos, faixas na cabeça e muita disposição para reivindicar um reajuste salarial para os profissionais da segurança pública, cerca de 20 mil agentes - entre policiais militares, civis e bombeiros - transformaram o cenário nas imediações dos postos 2 e 3, na orla de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Dois dias antes da aguardada manifestação, o governador do Estado, Sérgio Cabral, decidiu antecipar as parcelas de um reajuste previsto até 2013. A medida, no entanto, foi insuficiente para frear a briga da categoria por melhorias.

"Chega de ser a polícia militar com o pior salário do país inteiro. Chega de termos que trabalhar em até três serviços para termos que sustentar nossa família. Hoje o governo estadual não vê o policial militar como um trabalhador.

Não recebemos adicional por insalubridade e trabalhamos até 72 horas por semana, quando o correto seriam 40 horas semanais. Trata-se de um total desrespeito ao trabalhador", acusou o cabo João Carlos Gurgel, que participou na manifestação na orla de Copacabana. Os praças reivindicam piso salarial de R$ 3 mil.

Engana-se quem pensa que entre os manifestantes estavam apenas homens do Corpo de Bombeiros e PM. O que mais chamava a atenção por quem transitava pela orla foi o grande número de crianças levadas para homenagear as duas corporações.

Hoje o salário de um soldado da Polícia Militar é de R$ 1.277,13, o de um cabo R$ 1.471,01, terceiro a primeiro sargento: de R$1.723,42 a 2.086,92. Já o de um oficial pode chegar a R$ 6.122,42. É o caso do posto de coronel.

Com a medida anunciada pelo governo do estado na última sexta-feira (27), policiais civis, militares, bombeiros e inspetores de administração penitenciária do estado do Rio terão um reajuste salarial de 38,81% entre 2012 e 2013. A mudança, no entanto, não é suficiente para os agentes.

"Com esta modificação no repasse do reajuste, é como se recebêssemos 10% de reajuste este ano, mais 10% em 2013 e o mesmo percentual em 2014. Descontando-se a inflação de 6% ao ano, é o mesmo que receber um reajuste de apenas 4% por ano", reclamou o cabo Gurgel, segundo quem a população está solidária à reivindicação.

"A população nos aplaudiu. Teve até quem pendurasse bandeiras nos prédios. Estão todos muito solidários à nossa causa. O apoio do povo é fundamental. É o reconhecimento do nosso trabalho", comemorou Gurgel. ( JB )