terça-feira, 2 de outubro de 2012

MP quer ouvir coordenador de campanha de Eduardo Paes.


Pedro Paulo deve ser chamado para dar explicações sobre negociação de 1 milhão de reais pelo apoio do PTN no Rio. Presidentes municipal e estadual do partido terão versões confrontadas


Reunião em que o PTN homologa apoio à candidatura do prefeito: Paes, Esch, Pedro Paulo Teixeira e Rodrigo Bethlem (Reunião em que o PTN homologa apoio à candidatura do prefeito: Paes, Esch, Pedro Paulo Teixeira e Rodrigo Bethlem)

O Ministério Público do Rio de Janeiro quer chamar o ex-secretário municipal da Casa Civil e atual coordenador de campanha do prefeito Eduardo Paes, Pedro Paulo, para explicar as declarações do presidente do PTN-RJ, Jorge Sanfins Esch, ao site de VEJA. Esch afirmou que Pedro Paulo seria o responsável por repassar os recursos para os partidos da coligação “Somos um Rio”, encabeçada por Paes. Pedro Paulo deu o aviso no dia 30, na convenção do PTN, quando ele, acompanhado por Rodrigo Betlem (secretário de Assistência Social) e Paes, posou para foto ao lado de Esch.

Esch afirmou que o dinheiro ainda não foi repassado. “Só que até agora não recebemos um real, só recebemos oficialmente material de campanha. Alguns candidatos, 100 plaquinhas e 50.000 prospectos, e outros melhores um pouquinho mais, umas 300 plaquinhas e 150.000 prospectos”. De acordo com o procurador regional eleitoral, Maurício da Rocha Ribeiro, mesmo sem a comprovação de pagamento é possível configurar o abuso de poder político e econômico. A ilegalidade se dá quando um candidato tenta desequilibrar a disputa através de mecanismos como a compra de um partido - forma de impedir o lançamento de mais um candidato no pleito e, ao mesmo tempo, de aumentar o tempo de TV.

Apesar de ter participado da convenção ao lado de Esch, Paes tem dito que não o reconhece como interlocutor do partido no Rio. O intermediador, segundo o prefeito, é Paulo Memória, que já foi presidente da sigla na cidade e agora está afastado por uma decisão judicial. No PTN, os grupos de Esch e de Memória são rivais e apresentam versões diferentes para a compra do partido por um milhão de reais. Com a troca de acusações, o MP vai pedir a oitiva dos dois.

Denúncias encaminhadas por dois candidatos a prefeito - Otávio Leite, do PSDB, e Marcelo Freixo, do PSOL - foram encaminhadas pelo procurador para os promotores de Justiça encarregados da eleição. O objetivo é tornar a investigação mais ágil para se chegar a alguma conclusão antes da diplomação dos eleitos, em dezembro. O procurador não acredita, no entanto, que os desdobramentos da investigação gerem algum tipo de punição para o prefeito. "Dificilmente ele seria incriminado, pois o trato se dá entre representantes dos partidos, não da prefeitura", disse Ribeiro.

A coluna Radar on-line mostrou que o PMDB prometeu 200.000 reais para as campanhas dos vereadores da legenda e outros 800.000 diretamente para o presidente estadual do PTN - valor referente a uma cobrança do período em que Esch integrava o Conselho de Administração da RioLuz, na gestão de Cesar Maia. A gravação revelada mostra Esch dizendo que Jorge Picciani, presidente do PMDB no Rio, agilizaria esse processo. O procedimento administrativo havia sido indeferido.