domingo, 20 de maio de 2012

Asfalto nem tão liso assim.


Um buraco surgido a partir da degradação do asfalto na Avenida Marechal Rondon, no Engenho Novo.


Buracos nas ruas trazem dor de cabeça aos motoristas e prejuízo aos cofres públicos. Dois anos depois de ter sido iniciado, o programa Asfalto Liso está prestes a encerrar seu cronograma. De acordo com a prefeitura, a durabilidade do novo pavimento poderia ser de até dez anos. Entretanto, algumas vias recuperadas recentemente já apresentam obstáculos para quem circula de carro pelo Rio. Desde 2010, 640 quilômetros de ruas foram recapeados e outros 700 estão sendo recuperados. Ao todo, foram aplicados R$ 476 milhões.

Entre os casos identificados pelo EXTRA — na Tijuca, em Vila Valqueire, no Engenho Novo e no Méier —, é possível perceber que há situações em que a obra foi mal finalizada, enquanto há outras em que concessionárias de serviços públicos realizaram intervenções, danificando a pavimentação. Prevendo inicialmente encerrar o programa em julho, a Secretaria municipal de Obras já pensa na possibilidade de estendê-lo por mais tempo.

Motoristas e pedestres concordam que houve avanços, mas também reclamam de situações em que fica evidente a falta de planejamento. Um desses casos ocorre na Rua São Francisco Xavier 190, na Tijuca. Uma cratera foi aberta por uma das concessionárias, que a deixou sinalizada.

— O problema já tem um mês. Vieram consertar um vazamento. Eles (os técnicos) abriram, mas não fecharam. Um carro até já caiu no buraco, que se torna bastante perigoso porque é muito grande — diz o faxineiro Luiz Aprígio, de 48 anos.

Na Rua Hermengarda 428, há dois trechos em que no lugar do asfalto há uma cobertura de concreto mais baixa do que as pistas.

— Tiraram os buracos, mas eles aparecem de novo. O asfalto não deve ter seis meses. Vai ser a terceira vez que fazem consertos. Esta é uma da ruas principais do Méier, é um descaso total, não é asfalto liso como falam — diz Josias Santos, de 49 anos.

Especialista aponta para falta de manutenção.

Professora do departamento de engenharia civil da PUC, Michele Casagrande aponta que, em geral, os episódios de baixa durabilidade do pavimento ocorrem pela utilização de material inadequado e por causa de falta da manutenção frequente.

— Em pavimentação, tudo gira em torno de custos, porque as obras têm um custo alto, e as prefeituras não têm tanto dinheiro para fazer investimentos. Às vezes, usa-se um material de qualidade inferior. Aqui, no Rio, o material está sendo adequado. Mas, todo tipo de pavimento requer uma manutenção a curto prazo. O que acontece, muitas vezes, é que não há conservação — explica a engenheira da PUC.

A Avenida Marechal Rondon também já passou pelo programa Asfalto Liso. Mesmo assim, nas proximidades do prédio de númer 2.651, no Engenho Novo, verificam-se buracos na pista da direita, perto de um ponto de ônibus.

— A rua estava pior do que se encontra agora. Taparam um pouco os buracos, mas o serviço foi feito de qualquer jeito — afirma a estudante Ariane Cardoso, de 18 anos.

Já na Estrada Japoré, nas proximidades do número 241, em Vila Valqueire, há um buraco profundo que surpreende alguns motoristas.

— Quem conhece desvia, quem não conhece... Outro dia um carro tentou se afastar e quase pegou um outro — conta o pedreiro Luiz Geraldo Pereira, de 40 anos.

Enquanto isso, na Rua Conde de Bonfim 984, na Usina, há um buraco na pista e um bueiro abaixo do nível do asfalto no canto direito, em direção à Praça Saens Peña. A tampa de bueiro desnivelada é um risco para motoristas desavisados, dizem moradores.

— Quando passa um caminhão ou um ônibus e a roda bate no bueiro faz muito barulho. Outro dia, um veículo bateu no buraco e chegou a tirar um pedaço do poste — relembra o comerciante José Azevedo, de 66 anos.( Extra )