quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Se a Copa 2014 tivesse sido realizada no Iraque ou na Síria, para o povo brasileiro teria sido muito melhor.

Passadas algumas semanas do encerramento da Copa do Mundo 2014, realizada no Brasil, procuramos fazer uma reflexão sobre o evento esportivo, no que concerne aos benefícios e aos malefícios trazidos ao nosso povo. Deixamos a poeira baixar, por conta das vergonhosas derrotas da seleção brasileira, no campo, para as seleções alemã e holandesa, respectivamente, por 7 x 1 e 3 x 0, e procuramos fazer um retrospecto do que foi prometido pelas autoridades políticas do Brasil para o nosso desenvolvimento.

Notem que tivemos o cuidado de escrever seleção brasileira, seleção alemã e seleção holandesa, em lugar de Brasil,  Alemanha e Holanda, para não misturar futebol com Nação; competição esportiva com Pátrias; fanatismo esportivo com Patriotismo. São coisas diferentes e, por via de consequência, devem ser cuidadas de modos diferentes. Quando a seleção brasileira de futebol perde para a seleção alemã, não significa que o povo brasileiro foi derrotado pelo povo alemão. Parece que estou chovendo no molhado, mas não!

A Mídia, de propósito, e orientada por patrocinadores dos eventos, insufla a população, fazendo com que ela se sinta em uma verdadeira guerra. Parece que a dignidade do povo brasileiro depende da performance dos jogadores de futebol. Se não há um resultado positivo no campo de jogo, a frustração se abate sobre todos como se a Nação tivesse sido humilhada e perdesse sua identidade. A massa humana é manobrada pela habilidade dos comunicadores de rádio e TV e reage quase bestialmente. Perde a noção dos valores!

Enquanto a população estava entorpecida pela manipulação, não se dava conta de que a Copa do Mundo estava se constituindo em um dos maiores absurdos de nossa história. A corrupção ultrapassava todos os limites toleráveis, em razão dos gastos na construção de estádios e na reforma de outros. A FIFA sugerira 8, 10 ou 12 estádios para a realização do evento, mas os insanos governantes brasileiros optaram por 12. E por que o número maior?  Porque dá para roubar mais em 12 obras de grande porte que em 8.

Segundo informam, a FIFA recebeu isenção de todos os tributos; o governo gastos 36 bilhões de reais e financiou obras em estádios particulares, à custa, é óbvio, do nosso dinheiro.

Onde está o tão falado legado para o povo brasileiro? Ninguém sabe; ninguém viu. Prometeram resolver a questão da mobilidade urbana. Não cumpriram. Prometeram investir em Saúde Pública. Neca! O sistema de saúde só vem piorando, inclusive a saúde privada por falta de fiscalização do governo. Prometeram investir e melhorar os portos e os aeroportos. Mais uma vez, nada! Prometeram tratar de nossas lagoas e de nossos rios já pensando nas Olimpíadas em 2016. Nada ! A poluição ambiental só cresce. O que ficou de benefício para os cidadãos brasileiros, depois de tanto gasto e de tantas promessas de melhores condições de vida?

Durante a Copa, não se via moradores de rua e mendigos nas zonas nobres do Rio de Janeiro, onde estavam os turistas. A Segurança Pública foi excelente. Terminada a Copa, tudo voltou à rotina e os traficantes voltaram a infernizar a vida dos cidadãos, até com maior ousadia que antes do evento esportivo mundial. Os trens da Supervia voltaram a " aprontar" para os usuários; o Metrô e as barcas a dar problemas e o trânsito a colocar os motoristas loucos. Os engarrafamentos diminuíram na Copa, apenas porque foram decretados feriados nos dias de jogos. O problema não foi enfrentado. Lançaram mão de uma solução temporária. Cuidaram de um tumor maligno com analgésico apenas.

Por outro lado, os megaempresários que patrocinaram a Copa ganharam muito; a FIFA deu gargalhadas de tanto lucro e pela isenção de tributos; alguns governantes se locupletaram com isso; os cambistas fizeram a festa. Mas, para decepção dos que contavam com o enriquecimento ilícito e o ganho eleitoral só se deram bem quanto ao primeiro quesito, já que a derrota vergonhosa do time de futebol tirou a possibilidade de os maus políticos se beneficiarem com o " carnaval " de um mês que ocorreria, iludindo os fanáticos para amealhar votos.

Para se promover a euforia dos torcedores brasileiros, as festas, os churrascos, os enfeites nas ruas e as queimas de fogos  nos dias de jogos, não seria necessário trazer a Copa para nosso País e gastar tanto dinheiro que poderia ser investido em reais e permanentes benefícios para o povo. Hoje, com a tecnologia de que dispomos, mesmo que a Copa tivesse sido no Iraque ou na Síria, teríamos como ver os jogos e fazer a nossa festa. E as escolas, os hospitais, os meios de transporte, a segurança pública e o meio ambiente teriam recebido investimentos mais interessantes.