sábado, 19 de fevereiro de 2011

Será uma boa a Copa 2014 no Brasil ?

Será uma boa a Copa 2014 no Brasil?

Nas décadas de 30,40,50 e 60, os jogos da Copa do Mundo eram tansmitidos, apenas pelo rádio.A partir dos anos 70, entraram as transmissões por televisão, inicialmente em preto e branco e , depois, a cores.Com o avanço da tecnologia , hoje, os estádios de futebol perderam torcedores e as redes de TV (fechadas ou abertas) formaram seu público, pois se associaram aos patrocinadores e fizeram os clubes, as federações e as confederações e até a FIFA de reféns dos seus interesses e dos empresários do setor. Além disso, os horários dos jogos, a falta de estacionamento, as péssimas condições de transporte, as brigas entre facções de torcida e a falta de segurança pública se tornaram barreiras para as famílias frequentarem os estádios de futebol. Em decorrencia desse conjunto de obtáculos, o torcedor prefere ficar em casa com a sua família, fazendo seu churrasco e vendo os jogos pela TV, sem aborrecimentos.Isso vai acontecer em 2014 inevitavelmente.

Desde que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa em 2014, passamos a ter preocupações diversas. O País não tem infraestrutura de aeroportos e de transporte nas cidades que serão sedes de grupos de jogos e não temos estádios preparados para tal evento ,entre outros problemas. A CBF é presidida por ser uma figura autoritária e dona de empresas que , provavelmente, estarão envolvidas nas obras necessárias . Isso nos cria algumas dúvidas na gestão, porque a tal figura costuma praticar revanches contra seus opositores.Não me agradam os chefes que não praticam diálogo e alimentam o ódio e a perseguição.O fato é que a coisa não está indo bem.

Há poucos dias, o Tribunal de Contas da União (TCU) condenou o Projeto de reforma do Maracanã.O relatório detectou sinais de graves irregularidades na licitação e o BNDES suspendeu parte do financiamento até o esclarecimento das pendências.Os auditores do TCU chegaram a dizer que a planilha orçamentária da nova Arena Carioca "beira a mera peça de ficção".O projeto de reforma foi orçado em R$ 705 milhões, sendo R$ 400 milhões vindos do BNDES e R$ 305 milhões dos recursos do Tesouro Estadual. Esses valores são , apenas, iniciais, podendo ser elevados com o andamento das obras, o que é possível, mesmo sem que ocorram ilicitudes.

O TCU aponta ,entre outras falhas, a falta de detalhamento das intervenções.As reformas do Mineirão (Belo Horizonte) e do Verdão (Cuiabá) apresentaram, respectivamente ,702 e 1309 plantas. A do Maracanã exibiu apenas 37. Essa concentração de projetos dificulta o controle e passa a ser "um prato feito para o ganho ilícito". O projeto básico e o orçamento apresentados são uma porta aberta para o aumento do custo. Há itens que não podem ser identificados nem valorados. O TCU afirma , ainda, que há grandes possibilidades de desperdício de dinheiro público. Para se ter uma ideia, no Rio Grande do Norte, vai ser construido um estádio que custará R$ 450 milhões, mas os dirigentes do ABC e do América de Natal já disseram que não o usarão em seus jogos. Será, portanto, depois da COPA, um "elefante branco". Vale a pena ?

Ontem, Pelé, em entrevista, falou que corremos o risco de o Brasil passar vergonha na organização do Mundial de 2014. Não há nenhum absurdo em suas declarações, já que o Comitê Organizador do evento e a própria FIFA já manifestaram a mesma preocupação.

A experiência nos tem mostrado que, quando há centralização excessiva de decisões (como estamos vendo com o Presidente da CBF e o Ministro dos Esportes) , não detalhamento de projetos para uma efetiva fiscalização e um atraso deliberado de obras de grande vulto, a chance de ocorrer a ação dos oportunistas , dos corruptos e a consequente prática do enriquecimento ilícito é muito grande e quase inevitável.

Como a maioria da população não poderá ir aos estádios, seja pela capacidade de público que eles comportam , seja pelo preço do ingresso ou pela opção cômoda de ficar vendo os jogos com a família em casa ou através de telões em bares, praças ou shoppings, não vemos como prioridade a realização da Copa no Brasil. O argumento do legado a ser deixado para o Povo parece sucumbir diante dos prováveis desvios dos recursos públicos para mãos de pessoas que se aproveitarão da paixão do brasileiro pelo futebol e da nossa ingenuidade para aumentar sua contas bancárias e seus investimentos nos paraísos fiscais. As TVs e os telões, nesse caso, reduziriam,em muito,a farra dos corruptos. Esse raciocínio não poderia ser plenamente desenvolvido na época da escolha pela FIFA, pois não tínhamos como prever esses atuais desmandos.

Célio Lupparelli
http://www.celiolupparelli.com/

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